terça-feira, 7 de junho de 2016
JUSTIÇA E MISERICÓRDIA
Desde que, em Fevereiro, li a primeira vez esta catequese do
Papa Francisco fiquei com ela no pensamento de modo a integrá-la na vida.
Afinal… é para uma mudança constante de atitudes diárias que precisamos estar
atentos à Palavra de Deus que nos vai chegando dos mais diversos modos.
E como nunca é demais ter presentes na vida a Justiça e
Misericórdia, aqui vai o que o Papa nos diz:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia,
A Sagrada Escritura nos apresenta Deus como misericórdia
infinita, mas também como justiça perfeita. Como conciliar as duas coisas? Como
se articula a realidade da misericórdia com as exigências da justiça? Poderia
parecer que são duas realidades que se contradizem; na realidade não é assim,
porque é justamente a misericórdia de Deus que leva a cumprimento a verdadeira
justiça. Mas de qual justiça se trata?
Se pensamos na administração legal da justiça, vemos que quem se
considera vítima de uma injustiça se dirige ao juiz no tribunal e pede que seja
feita justiça. Trata-se de uma justiça retributiva, que inflige uma pena ao
culpado, segundo o princípio de que a cada um deve ser dado aquilo que lhe é
devido. Como diz o livro dos Provérbios: “Quem pratica a justiça é destinado à
vida, mas quem persegue o mal é destinado à morte” (11, 19). Também Jesus fala
da parábola da viúva que ia repetidamente ao juiz e lhe pedia: “Faz-me justiça
contra o meu adversário” (Lc 18, 3).
Este caminho, porém, ainda não leva à verdadeira justiça,
porque, na realidade, não vence o mal, mas simplesmente contém seu avanço. É,
em vez disso, respondendo a ele com o bem que o mal pode ser realmente vencido.
Eis, então, outra maneira de fazer justiça que a Bíblia nos
apresenta como caminho-mestre a percorrer. Trata-se de um procedimento que
evita o recurso ao tribunal e prevê que a vítima se dirija diretamente ao
culpado para convidá-lo à conversão, ajudando-o a entender que está fazendo o
mal, apelando à sua consciência. Deste modo, finalmente reconhecido o próprio
erro, ele pode se abrir ao perdão que a parte lesada lhe está oferecendo. E
isso é belo: após a persuasão daquilo que é o mal, o coração se abre ao perdão,
que lhe é oferecido. Este é o modo de resolver os contrastes dentro das
famílias, nas relações entre esposos ou entre pais e filhos, onde o ofendido
ama o culpado e deseja salvar a relação que o liga ao outro. Não cortar aquele
relacionamento, aquela relação.
Certo, este é um caminho difícil. Requer que quem sofreu o erro
esteja pronto a perdoar e deseje a salvação e o bem de quem o ofendeu. Mas
somente assim a justiça pode triunfar, porque, se o culpado reconhece o mal
feito e deixa de fazê-lo, eis que não há mais o mal e aquele que era injusto se
torna justo, porque perdoado e ajudado a reencontrar o caminho do bem. E aqui
entra justamente o perdão, a misericórdia.
É assim que Deus age nos confrontos de nós pecadores. O Senhor,
continuamente, nos oferece o seu perdão e nos ajuda a acolhê-lo e a tomar
consciência do nosso mal para poder nos libertar. Porque Deus não quer a nossa
condenação, mas a nossa salvação. Deus não quer a condenação de ninguém! Algum
de vocês poderia me perguntar: ‘mas, padre, a condenação de Pilatos foi
merecida? Deus a queria?’ Não! Deus queria salvar Pilatos e também Judas,
todos! Ele, o Senhor da misericórdia, quer salvar todos! O problema é deixar
que Ele entre nos corações. Todas as palavras dos profetas são um apelo
apaixonado e cheio de amor que procura a nossa conversão. Eis o que o Senhor
diz através do profeta Ezequiel: “Terei eu prazer com a morte do malvado? (…)
mas antes com a sua conversão, de modo que tenha vida” (18,23; cfr 33,11),
aquilo que agrada a Deus!
E este é o coração de Deus, um coração de Pai que ama e quer que
os seus filhos vivam no bem e na justiça, e portanto, vivam em plenitude e
sejam felizes. Um coração de Pai que vai além do nosso pequeno conceito de
justiça para nos abrir aos horizontes ilimitados da sua misericórdia. Um
coração de Pai que não nos trata segundo os nossos pecados e não nos retribui
segundo as nossas culpas, como diz o Salmo (103, 9-10). E precisamente é um
coração de pai que nós queremos encontrar quando vamos ao confessionário.
Talvez nos dirá algo para nos fazer entender melhor o mal, mas no
confessionário todos vamos encontrar um pai que nos ajude a mudar de vida; um
pai que nos dê a força de seguir adiante; um pai que nos perdoe em nome de
Deus. E por isso ser confessor é uma responsabilidade tão grande, porque aquele
filho, aquela filha que vem a você procura somente encontrar um pai. E você,
padre, que está ali no confessionário, você está ali no lugar do Pai que faz
justiça com a sua misericórdia.”
Fazer
Justiça com a Misericórdia!
Este
é o ensinamento de Jesus que o Papa tão bem explica nestas suas palavras... bem
de acordo com os seus incomparáveis gestos!
Senhor
Jesus, que o Teu Santo Espírito nos ajude à prática da Justiça através da Misericórdia
como Tu exemplificastes!
Que
sempre sejas louvado!
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