terça-feira, 30 de junho de 2015

PORQUE... DEUS SE FEZ HOMEM?



Na realidade, Deus quis encontrar-se com o homem, porque nos quis tocar e ser tocado por nós!
Os milagres relatados no Evangelho do passado domingo falam-nos claramente destas realidades. A menina morta que reviveu foi tocada por Jesus; a mulher doente tocou Jesus! E ambas foram curadas!
No nosso tempo Jesus continua a realizar inúmeros milagres, não tanto de curas de corpos, mas de almas, ou seja, do interior das pessoas, de onde parte tudo quanto as pessoas são.
Mas... tal como no tempo de Jesus muitos O seguiam interesseiramente... hoje acontece o mesmo! E para esses seguidores nunca os milagres de cura interior poderão ser realizados!
Os encontros com Jesus têm que ser verdadeiros encontros de amor, de desejo de bondade, de perdão, de carinho, de ternura, de descoberta do Amor misericordioso de Deus Pai, de Jesus irmão, e do Espírito Santo de amor entre os dois e entre todos nós, que nos acompanha sempre para que consigamos ser cada vez mais humanos e cristãos na comunhão fraterna e solidariedade.
Achei óptimo o que o Padre António Riviero escreveu acerca do Evangelho de Domingo. É muito longo, mas vale a pena reflectir sobre ele:
“Sabemos através do Evangelho que não todos souberam tocar Jesus nem se deixaram tocar por Jesus. Alguns sumos sacerdotes, fariseus e escribas quiseram tocar Jesus desde a sua inveja e inquina, e não permitiram que a força salvadora e curadora de Cristo entrasse nas suas almas e as curasse da sua soberba e orgulho. Também teve reis-Herodes-e procuradores-Pilatos-que tentaram tocar Jesus só desde a razão de Estado; e nada conseguiram. Muitos dos que iam até Ele quiseram tocá-lo exteriormente só por pura curiosidade ou conveniência; e a estes também não chegou a radiação do poder salvador de Cristo. Mas sabemos que teve também bastantes que se aproximaram de Cristo com a fé e com a confiança, como Jairo e aquela mulher que sofria um fluxo de sangue, mulher considerada impura pelos seus semelhantes hebreus, pois sofria já fazia muitos anos. E o que aconteceu? Obtiveram a saúde do corpo e da alma.
Finalmente, perguntemo-nos: como e onde podemos tocar Cristo hoje e ser tocados por Ele, e assim ser curados? Hoje podemos tocar Cristo nos sacramentos, no irmão pobre que está nas periferias existenciais e no irmão que vive do seu lado, na sua família. Primeiro, nos sacramentos: na Eucaristia tocamos esse Pão da vida que nos tonifica, nos alimenta, nos santifica. Na confissão tocamos esse Cristo Médico que nos perdoa, nos anima, cura as nossas chagas que deixou em nós o pecado. Nos outros sacramentos tocamos Cristo que com a sua graça abençoa e eleva o matrimônio ao nível sobrenatural, fazendo esses esposos reflexo fiel e fecundo de Cristo e a Igreja; faz desse homem “outro Cristo”, um ministro ungido e consagrado; na unção dos enfermos, esse toque é ainda mais visível e trepidante quando o sacerdote derrama o óleo consagrado na testa e nas mãos do doente. Segundo, podemos tocar Cristo no nosso irmão pobre que está nas periferias, como nos diz o Papa Francisco; tocá-lo com a nossa caridade misericordiosa, atenta e generosa, sem nojo e sem preconceito. E finalmente, podemos tocar Cristo nesse próximo que está do meu lado: meu esposo, minha esposa, meus filhos, meus parentes, amigos e vizinhos... Com um sorriso, o perdão, um gesto prestativo, uma palavra amável, uma palmadinha nas costas...
Se nós também quisermos então ser curados, toquemos com a fé a orla de Cristo. A mulher com fluxo de sangue do evangelho de hoje sou eu, que tantas vezes vou perdendo a minha vida em grandes fluxos, perdendo sangue pelas ruas e pelas praças, buscando-me só a mim, em vez de amar os que estão saindo ao meu encontro; falto de misericórdia, emitindo juízos, condenando... Vivendo de aparências, de dinheiro, vivendo do ego. Eu sou essa mulher impura, essa mulher necessitada do perdão de Deus.
Senhor, tende misericórdia de mim, porque sou um pecador. Tocai-me com a vossa graça divina e curai-me. Aumentai a minha fé para me aproximar dos vossos sacramentos onde posso vos tocar no profundo da minha alma. Que com a minha caridade leve o vosso toque divino aos meus irmãos.”
Que dizer mais... acerca desta passagem do Evangelho!
Que Deus nos ajude!

segunda-feira, 29 de junho de 2015

VIDA NOVA...



Recordar o Evangelho deste domingo é pensar seriamente em como nos encontramos na vivência da fé em Jesus Cristo!
Ambas as personagens curadas estavam mortas para o mundo: a menina, realmente, tinha morrido; e a senhora, dado o teor de doença de que era portadora, fluxo de sangue, pelo que na época era considerada impura e repelida por todos, o que a fazia estar também morta para o mundo, pois não se podia chegar a ninguém, a lei não lho permitia.
Mas... a fé em Jesus Cristo restituiu a vida terrena a uma e a reintegração na vida social à outra.
Antes da Oração do Angelus, o Papa Francisco, em referência a esta passagem do Evangelho, disse coisas muito importantes das quais vamos ver algumas:
…“Quem crê "toca" em Jesus e obtém dele a graça que salva. A fé é isso: tocar Jesus e tirar-lhe a graça que salva. Nos salva, salva a nossa vida espiritual, nos salva de muitos problemas.
Jesus, em meio à multidão, procura o rosto da mulher. Ela aproxima-se trêmula e Ele diz: "Minha filha, a tua fé te salvou" (v. 34). É a voz do Pai Celeste que fala em Jesus: "Filha, você não é amaldiçoada, você não é excluída, você é minha filha". E cada vez que Jesus vem a nós, quando vamos a Ele com fé, nós ouvimos do Pai: "Filho, você é meu filho, você é minha filha! Você está curado, você está curada. Eu perdoo tudo e todos. Eu curo tudo e todos".
“Estes dois episódios - a cura e a ressurreição - têm um único centro: a fé. A mensagem é clara, e pode ser resumida em uma pergunta: cremos que Jesus pode curar e pode nos despertar da morte?”
“A Ressurreição de Cristo age na história como princípio de renovação e de esperança. Quem estiver desesperado e extenuado, se confiar em Jesus e no seu amor pode recomeçar a viver. Começar uma nova vida, mudar de vida é uma forma de ressurgir, de ressuscitar. A fé é uma força de vida, dá plenitude à nossa humanidade; e quem crê em Cristo, deve ser reconhecido por promover a vida em qualquer situação, por possibilitar a todos, especialmente aos mais vulneráveis, o amor de Deus que liberta e salva.
Peçamos ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos impulsiona a ser difusores de esperança e de vida entre nossos irmãos.”

Quem... dentre nós... não quereria ter uma vida nova, renovada? Todos, certamente!
Ainda que muito ligados a Jesus Cristo seguindo- Lhe bem de perto as pegadas, as nossas quedas indesejadas, inesperadas e descabidas, vão-nos contrariando a vontade de sermos cada vez melhores e tornando-nos insatisfeitos connosco mesmos e com quem nos rodeia
Todos, sem excepção, temos momentos de fraqueza que só com uma ajuda muito grande de Deus conseguimos superar.
Que o Pai, Filho e Espírito Santo estejam sempre connosco, pois sós, nada conseguimos fazer!
E que São Pedro e São Paulo, que hoje se celebram, peçam ao Senhor por nós, por todas as pessoas do mundo!

domingo, 28 de junho de 2015

PROXIMIDADE... AMOR... LIBERDADE!



Numa das homilias desta semana o Santo Padre disse que é preciso aproximar-nos das pessoas principalmente das excluídas da sociedade, ao jeito de Jesus, e convidou a questionarmo-nos: “Eu sei aproximar-me?”. Tenho “ânimo, força, coragem de tocar os marginalizados?”. Uma pergunta que diz respeito também “à Igreja, às paróquias, às comunidades, aos consagrados, aos bispos, aos padres, a todos”.”
Muito bom ouvir ou ler isto!
A proximidade faz-nos mais compreensivos e atentos, mais solidários e fraternos, mais amigos, mais irmãos, o que fará de nós pessoas livres e responsáveis!...
A Palavra de Deus tem de ser muito bem meditada e interiorizada para ser bem colocada na vida.
E como devemos proceder com o próximo, tem aqui umas frases de Santo Ireneu de Lyon que acho deveras importantes:
“A quem te tirar a túnica, diz Cristo, dá também o teu manto; a quem ficar com o que te pertence, não o reclames; e aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei-o vós a eles (Mt 5,40; Lc 6,30-31). Deste modo, não nos entristeceremos como pessoas a quem arrebatam os bens contra a sua vontade, mas, pelo contrário, alegrar-nos-emos como pessoas que dão de bom grado, uma vez que faremos ao próximo um dom gratuito em vez de cedermos a uma pressão. E diz ainda: se alguém te obrigar a caminhar uma milha, caminha duas com ele; desse modo, não o seguimos como um escravo mas precedemo-lo como homens livres. Em todas as coisas, portanto, Cristo convida-te a tornares-te útil ao teu próximo, não considerando a sua maldade mas acrescentando a tua bondade. Convida-nos assim a tornar-nos semelhantes ao nosso Pai «que faz nascer o sol sobre os maus e sobre os bons e cair a chuva sobre os justos e sobre os injustos» (Mt 5,45).”  
Pois! O que Deus quer para os cristãos e para toda a humanidade é amar sem medida, porque a lei do amor do Deus/Amor!
Mas ninguém consegue treinar viver no amor se não se fizer próximo das pessoas! E só quem é capaz de amar gratuitamente as pessoas mais próximas consegue alargar esse amor a toda a gente como Jesus amou e Deus/Jesus quer que amemos.
A liturgia da palavra de hoje é riquíssima de ensinamentos, com o Evangelho a falar-nos da cura da mulher doente e da ressurreição da filha de Jairo e Hemorroisa, que Jesus atribui à muita fé daquelas pessoas.
Como andará a nossa fé!...
Com Jesus, vida da nossa vida, nem a morte devemos recear, até porque nascemos neste mundo para seguir daqui uma outra dimensão que só Deus conhece.
Tentemos ser cada vez mais próximos uns dos outros para crescermos no Amor e sermos mais livres, realizados e
Felizes, tal como Deus quer.
Um bom Domingo!

sábado, 27 de junho de 2015

RIQUEZA E POBREZA

Normalmente, quando falamos em ricos e pobres, estamos a referir-nos aos bens materiais ou empregos com ordenados chorudos, mas realmente a verdadeira riqueza não tem nada a ver com isso, não é palpável nem visível com aos nossos olhares dos olhos mas aos sentimentos do coração.
Gostei muito desta meditação de um sermão de Santo Agostinho!   
“O que és tu? Rico ou pobre? Muitos me dizem: eu sou pobre, e dizem a verdade. Conheço pobres que possuem alguma coisa e conheço outros que são completamente indigentes. Mas eis um homem em cuja casa abunda o ouro e a prata – oh! se ele soubesse como é pobre! E reconhecê-lo-ia se olhasse para o pobre que tem a seu lado. Aliás, seja qual for a tua opulência, tu que és rico, não passas de um mendigo à porta de Deus.
Chega a hora da oração.[…] Fazes os teus pedidos a Deus; e não será o pedido uma confissão da tua pobreza? Com efeito, tu dizes: «O pão-nosso de cada dia nos dai hoje.» Diz-me pois, tu que pedes o teu pão de cada dia, és rico ou pobre? E contudo, Cristo não hesita em te dizer: «Dá-Me o que Eu te dei. De facto, que trazias tu ao vires a este mundo? Tudo o que encontraste na criação, fui Eu que o criei. Tu nada trouxeste e nada levarás contigo. Porque não Me dás o que é meu? Tu vives na abundância e o pobre passa necessidades; mas remonta ao início da vossa existência: tanto tu como ele nascestes completamente nus. Pois também tu nasceste nu. Em seguida, encontraste aqui em baixo grandes bens; mas trouxeste por acaso alguma coisa contigo? O que te peço é pois o que te dei; dá-Mo e Eu restituir-to-ei.»
«Tiveste-Me por teu benfeitor; torna-Me teu devedor, e a uma taxa elevada. […] Tu dás-Me pouco e Eu restituir-te-ei muito. Tu dás-Me os bens deste mundo e Eu dar-te-ei os tesouros do céu. Tu dás-Me riquezas temporais e Eu instalar-te-ei sobre as posses eternas. Dar-to-ei quando tiver tomado posse de ti.»”
Muito actual... neste mundo onde há tanta gente à procura de riquezas materiais desprezando quem não tem o necessário para uma vida condigna! Que Deus nos ajude!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

«NÃO JULGUEIS E NÃO SEREIS JULGADOS.»



Esta frase encerra toda uma forma de vida, toda uma maneira de viver!
Mas... quanto é difícil não julgar!
Parece impossível como, criados por Deus, bondade, sabedoria e misericórdia infinitas, que tudo perdoa, tudo compreende, tudo ama... sairmos assim, tão propensos a incompreensões, a críticas, a dar opiniões sobre os comportamentos dos outros!...
Talvez... por os nossos olhos, a que chamam espelhos da alma, só verem para fora! Mas que espelhos meu Deus! Quanto necessitam de ser limpos!...
Os olhos não, a alma, o coração, pois é do coração que sai tudo e mais alguma coisa, como as nossas boas disposições e os nossos maus humores!
Em qualquer situação que nos surja, podemos ver sempre dois lados opostos, o bom ou o mau. E veremos sempre o que se acertar melhor com o nosso estado de espírito, ou seja, com o que tivermos entranhado no mais íntimo de nós!
A esta parte, gostei de pensar num pouquinho de uma carta de Doroteu de Gaza:

“Certas pessoas convertem em maus humores todos os alimentos que absorvem, mesmo que sejam alimentos de boa qualidade. A responsabilidade não é dos alimentos, mas do temperamento dessas pessoas, que altera os alimentos. Da mesma maneira, se a nossa alma tiver uma disposição má, tudo lhe fará mal; até as coisas vantajosas serão por ela transformadas em coisas prejudiciais. Não é verdade que, se deitarmos umas ervas amargas num pote de mel, as ervas alteram todo o conteúdo do pote, tornando amargo o mel? É isso que nós fazemos: espalhamos um pouco do nosso azedume e destruímos o bem do próximo, olhando para ele a partir da nossa má disposição.
Há outras pessoas que têm um temperamento que transforma tudo em bons humores, incluindo os alimentos nocivos. […] Os porcos têm uma excelente constituição. Comem cascas, caroços de tâmaras e lixo. Contudo, transformam estes alimentos em viandas suculentas. Também nós, se tivermos bons hábitos e um bom estado de alma, tudo poderemos aproveitar, incluindo aquilo que não é aproveitável. Muito bem diz o Livro dos Provérbios: «Quem olha com doçura obterá misericórdia» (12,13). Mas também: «Todas as coisas são contrárias ao homem insensato» (14,7).
Ouvi dizer de um irmão que, quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela descuidada e desordenada, pensava: «Que feliz que é este irmão, que está completamente desprendido das coisas terrenas, elevando totalmente o seu espírito para o alto, de tal maneira que nem tem tempo para arrumar a cela!» Quando ia visitar outro irmão e encontrava a cela arrumada e em boa ordem, pensava: «A cela deste irmão está tão arrumada como a sua alma. Tal como a sua alma, assim é a sua cela.» E nunca dizia de nenhum deles: «Este é desordenado», ou: «Este é frívolo.» Graças ao seu excelente estado de alma, de tudo tirava proveito. Que Deus, na sua bondade, nos dê também um estado bom para que possamos tudo aproveitar, sem nunca pensarmos mal do próximo. Se a nossa malícia nos inspirar juízos e suspeitas, transformemo-os rapidamente. Pois não ver o mal do próximo engendra, com a ajuda de Deus, a bondade.”
Pois! Se quisermos ser bons mesmo, ou lutar por ser bons, temos que aprender a ver sempre o lado bom de tudo! A princípio pode até custar, mas que anima muito, anima!
Tive, ou melhor, tenho um AMIGO na eternidade que me sugeriu no final de cada dia contrariar o normal exame de consciência não procurando o mal feito mas três ou quatro boas acções. Não me fiz esperar, e logo inverti os meus hábitos.
Foi algo de maravilhoso para deitar fora o negativismo e passar a ser uma pessoa positiva.
Para quê procurar o que fizemos de errado... se quando erramos a consciência não nos deixa sossegar mesmo!
Incentivar o bem, isso sim, é uma boa norma para crescer ao jeito de Jesus como Deus quer!
Então... o Não julgueis e não sereis julgados já não nos causará tanto receio!

Nota: Vou inserir de novo os dois links para ser mais fácil a quem os quiser ouvir