sexta-feira, 29 de abril de 2016

DOAR TEMPO… É PRATICAR A MISERICÓRDIA!

A nossa vida é uma constante procura de algo, bom ou menos bom, mas que nos ajude e viver de forma minimamente realizada e feliz.
E nesta luta de todos os dias encontramos as mais diversas dificuldades.
Os afazeres são sempre mais que muitos. E o tempo, ainda que bem aproveitado, acaba por ser escasso para tudo o que pretendemos fazer.
O tempo… o nosso tempo… é um dom gratuito de Deus! E como tal tem que ser bem utilizado, ou seja, repartido equitativamente pelas actividades que considerarmos prioritárias.
Neste Ano da Misericórdia… mais do que nunca nos é pedido amor ao próximo com a prática permanente das Obras de Misericórdia corporais e espirituais, que bem vistas e meditadas, se completam mutuamente.
Hoje chamou-me à atenção, sobremaneira, esta pequena meditação:  

"DOEMOS O NOSSO TEMPO A CADA PRÓXIMO"

Nós temos muitas coisas para doar ao próximo, mas a mais difícil de nos desapegarmos é o tempo. Inventamos mil desculpas para nos justificar, até dizemos pequenas mentiras.
Ter tempo é uma questão de prioridade. Se decidimos amar o próximo como a nós mesmos devemos começar por doar o nosso tempo. Hoje em dia esse parece ser o bem mais precioso e o usamos para nós mesmos em demasia.
Na maioria das vezes o próximo nos pede apenas um pouco de atenção,  e para isso necessitamos apenas do tempo.
Não corramos contra o tempo, mas saibamos usá-lo para construir a eternidade, quando não mais precisaremos dele. E para a eternidade só permanece o tempo usado com amor.

Abraços, Apolonio”
Claro que doamos tempo aos irmãos… mas será que doamos o bastante?
Tenho tido imensas dificuldades a esta parte! Tento disponibilidade para as pessoas mais próximas… mas aquelas a quem não consigo chegar de forma alguma… e a quem tanto quero?!...
Não me canso de falar delas a Deus nas mais diversas situações… é o mais que posso fazer!!!
Mas… será que é o bastante?
Talvez não… talvez sim… Deus o sabe!

Que Ele nos ajude!

sábado, 23 de abril de 2016

JESUS… VIVE! VIVE MESMO!

Jesus está vivo! Vivo! Os Apóstolos viram-no reSuscitado! Vivo entre os ‘vivos’ que ainda haviam de morrer! E morreram! E deixaram-nos os seus testemunhos! A nós que ainda estamos vivos, por esta terra, até ao nosso último dia! A nós, para quem continua a dizer o mesmo que aos Apóstolos na Sua Última Ceia. Vamos ver o que, a respeito, nos diz o Papa Francisco:
Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar um lugar para vós:
Que isso quer dizer? Como Jesus prepara o lugar? Com a sua oração por cada um de nós. Jesus reza por nós e esta é a intercessão. Jesus trabalha neste momento com a sua oração por nós. Assim como disse a Pedro uma vez, “Pedro rezei por ti’, antes da Paixão, também agora Jesus é o intercessor entre o Pai e nós”.
E como Jesus reza? “Eu acredito que Jesus faça ver as chagas ao Pai, porque ele as levou consigo depois da Ressurreição: mostra as chagas ao Pai e nomeia cada um de nós”. Esta é a oração de Cristo. “Neste momento, Jesus intercede por nós: é a intercessão”.
“O cristão é uma mulher e um homem de esperança, que espera a volta do Senhor. Toda a Igreja aguarda a vinda de Jesus: Ele voltará. E esta é a esperança cristã”:
“Podemos nos perguntar, a cada um de nós: como é o anúncio na minha vida? Como é a minha relação com Jesus que intercede por mim? E como é a minha esperança? Acredito realmente que o Senhor ressuscitou? Acredito que o Pai reza por mim? Toda vez que o chamo, Ele está rezando por mim, intercede. Acredito realmente que o Senhor voltará, virá? Nos fará bem perguntar isso sobre a nossa fé: acredito no anúncio? Acredito na intercessão? Sou um homem ou uma mulher de esperança?”
Jesus está vivo! Vivo entre nós! Vivo na Eucaristia sob as espécies de Pão e Vinho que nos alimentam corpo e espírito! Vivo em nós e nos irmãos que nos rodeiam e nos ajudam das mais diversas formas a crescer na fé! Vivo na Natureza, obra das Suas mãos, que nos encanta, aquece, sustenta! Vivo nas dificuldades que nos ajuda a superar pois esta sempre connosco!
E tudo isto… porque nos ama desmedidamente, porque é todo amor e misericórdia, e a única coisa que nos pede é que sejamos, a Seu exemplo, amor e misericórdia connosco mesmos e com todos os nossos irmãos!

Que o Espírito Santo nos ajude! 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

OS CAMINHOS DO AMOR!

Os caminhos do amor são de todo insondáveis! Nunca poderemos saber onde o verdadeiro Amor/Deus nos poderá levar!
E quando pensamos ter dado já algumas passadas, algo nos alerta de que, de facto, estamos bem no início da viagem, de uma viagem onde tudo poderá acontecer!
E não precisaremos de sair do nosso cantinho, das nossas lides de todos os dias, pois a união com Cristo e por Ele com todos os irmãos e irmãs que n’Ele acreditam faz toda a diferença!
Com Cristo nunca estamos sós, somos grupo, comunidade que nos fortalece a vontade e dá sabor à vida!
Hoje tive a graça de encontrar no Evangelho Quotidiano algumas palavras maravilhosas de Santa Teresinha do Menino Jesus que dão muito que pensar:
“Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, pela minha união contigo, mãe das almas, deveria bastar-me. Mas não é assim. Sem dúvida que estes três privilégios - carmelita, esposa e mãe - são a minha vocação; contudo, sinto em mim outras vocações. [...] Sinto a necessidade, o desejo de realizar para Ti, Jesus, as obras mais heróicas. [...] Apesar da minha pequenez, queria iluminar as almas como os profetas e os doutores; tenho vocação para ser apóstola. Queria percorrer a Terra, pregar o teu nome e implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria suficiente; queria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nos cinco cantos do mundo e até nas ilhas mais remotas. Queria ser missionária, não só durante alguns anos, mas desde a criação do mundo até à consumação dos séculos. [...] Ó meu Jesus! A todas as minhas tolices, o que vais responder? Haverá alma mais pequena, mais impotente do que a minha? E contudo, precisamente por causa da minha fraqueza, Tu quiseste, Senhor, encher-me dos meus desejozinhos infantis, e queres agora encher-me de outros desejos, maiores que o universo. [...] Compreendi que o amor continha todas as vocações, que o amor era tudo, que abraçava todos os tempos e lugares; numa palavra, que ele era a vida eterna. [...] A minha vocação, descobri enfim, é o amor.”
O Amor é a vocação de toda a gente e o caminho dos cristãos!
O “ama e faz o que quiseres” de Santo Agostinho deve ser o nosso lema de vida pois é a única maneira de encontrar a tão desejada paz!
Quem ama não olha o outro ou outra como um rival a destruir, mas como um amigo a compreender e acolher.

Temos de interiorizar na nossa vida que o Amor tudo vence, pelo que, só quando se conseguirem olhar as pessoas como amigas… haverá harmonia e fraternidade e a paz florescerá!  

terça-feira, 19 de abril de 2016

APRENDIZAGENS INESGOTÁVEIS!

Pensar no Bom Pastor ou ouvir falar a Seu respeito traz sempre aprendizagens novas, é sempre uma luz para endireitar caminhos!
Cada vez que me debruço um pouco mais profundamente, a sério, com olhos de ver e coração de sentir sobre as homilias do Papa Francisco, encontro sempre algo que, não sendo novo, me toca como se fosse a primeira vez que o ouvisse, lesse, meditasse!
Estamos na quarta semana da Páscoa, com sabor e cheirinho ao Bom Pastor que nos vai deixando as mais deliciosas mensagens!
No dia de ontem, 18 de Abril, o Papa Francisco começou assim a sua homilia na Casa de Santa Marta:
“Se ouvirmos a voz de Jesus e o seguirmos, não erraremos o caminho”.
E depois explicou porquê, de forma muito directa e elucidativa:
“Jesus adverte que “quem não entra no redil das ovelhas pela porta é um ladrão e assaltante”. Cristo é a porta. Não existe outra.”
E continuou:
“Jesus sempre falava para as pessoas com imagens simples: toda aquela gente conhecia como era a vida de um pastor, porque a via todos os dias”. E entenderam que “se entra no redil das ovelhas somente pela porta”. Os que querem entrar por outra parte, ao invés, são delinquentes:
“O senhor fala tão claro. Não se pode entrar na vida eterna por outra porta que não seja A porta, isto é, Jesus. É a porta da nossa vida e não somente da vida eterna, mas também da nossa vida cotidiana. Esta decisão, por exemplo, eu a tomo em nome de Jesus ou a tomo – digamos numa linguagem simples – de contrabando? No redil se entra somente pela porta, que é Jesus!”
“Jesus, fala sobre o caminho”. O Pastor conhece as suas ovelhas e as conduz para fora: “Caminha diante delas e as ovelhas o seguem”. “O caminho é este”, seguir Jesus no “caminho da vida, da vida de todos os dias”. Não se pode errar, “Ele está diante e nos indica o caminho”:
“Quem segue Jesus não erra! Mas Padre, as coisas são difíceis. Muitas vezes eu não vejo claro o que fazer. Disseram-me que lá havia uma vidente e eu fui lá. Fui à cartomante que me mostrou as cartas. Se você faz isso, você não segue Jesus! Segue outro que lhe mostra outra estrada, diferente. Ele adiante indica o caminho. Não há outro que possa indicar a estrada. Jesus nos avisou: “Virão outros que dirão: o caminho do Messias é este. Não os escutem! Eu sou o caminho! Jesus é a porta e também a estrada. Se seguirmos Jesus não erraremos.”
E lembra o Bom Pastor dizendo:
“As ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz”, “Mas podemos conhecer a voz de Jesus”, e também nos defender “da voz daqueles que não são Jesus, que entram pela janela, que são bandidos, que destroem, que enganam”?
“Eu lhe direi a receita, simples. Você encontrará a voz de Jesus nas Bem-aventuranças. Alguém que lhe ensine um caminho contrário às Bem-aventuranças é uma pessoa que entrou pela janela: não é Jesus! Segundo ponto: Você conhece a voz de Jesus? Você pode conhecê-la quando nos fala das obras de misericórdia. Por exemplo, no capítulo 25 de São Mateus: “Se uma pessoa lhe diz aquilo que Jesus diz ali é a voz de Jesus. E terceiro: Você pode conhecer a voz de Jesus quando ele lhe ensina a dizer Pai, ou seja, quando lhe ensina a rezar o Pai Nosso.”
“É tão fácil a vida cristã”. Jesus é a porta. Ele nos guia no caminho e nós conhecemos a sua voz nas Bem-aventuranças, nas obras de misericórdia e quando nos ensina a dizer Pai. Lembrem-se! Ele é a porta, o caminho e a voz. Que o Senhor nos ajude a entender esta imagem de Jesus, este ícone: o Pastor, que é a porta, indica o caminho e nos ensina a ouvir a sua voz.
E mais… o quê... com tanta coisa dita?

Que o Bom Pastor seja, realmente, escolhido por nós como o nosso guia! Que o Espírito Santo nos oriente e fortaleça para não errarmos o caminho!

domingo, 17 de abril de 2016

O TEMPO É SEMPRE DE MUDANÇA!

O dia de hoje foi mesmo do Bom Pastor!
 Bom Pastor que nos oferta pastores com quem muito aprendi!
Sim, porque um Bom Pastor, tão cuidadoso com as Suas ovelhas, quando a Sua passagem visível e sensível pela Humanidade atingiu o seu fim… através dos Seus Apóstolos amados continuou a estender bem, no tempo e no espaço, o Seu braço forte e vigoroso para que possamos continuar a ser sempre bem aconchegadas por Ele como Ele quer!
Claro que há pastores e pastores, bem o sabemos! Mas como são homens como nós, estão sujeitos a errar como nós erramos e a única posição a tomar é a compreensão e aceitação das pessoas como elas são com o crescimento que conseguem como qualquer um ou uma de nós!
No entretanto… com tudo quanto me vai chegando das mais diversas formas e por muitos e diferentes pastores… a confiança no futuro vai aumentando a cada momento!
E cada vez me apetece mais olhar bem para dentro! Para dentro de mim! E verificar a distância que cada vez me vai separando mais de mim! Á abismal a distância entre o que eu fui e o que eu sou!… E não consigo imaginar… o que um dia poderei vir a ser!
Sei que o sonho é o comando da vida! E eu gosto de sonhar! Mas não me quero atrever a sonhar desta maneira! Prefiro que o Outro, o verdadeiro Pastor, sonhe por mim! Aliás… se não fosse Esse Outro, o Pastor dos pastores… talvez… quem sabe… já não existisse mesmo nesta terra lida onde fomos colocados!
A alegria e paz interior provinda de uma vida, com altos e baixos, com quedas e ressurgimentos mas a ajustar-se à do Jesus misericordioso promove a boa disposição e a saúde da alma e do corpo!
E mais do que nunca me convenço de que, pela graça e misericórdia de Deus e tentando semear graça e misericórdia faz alma sã em corpo são!

Que Deus nos ajude a viver em Páscoa permanente!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

BOM PASTOR!

Passei boa parte desta semana às voltas com a expressão “Bom Pastor”, porque o próximo Domingo, 4º de Páscoa, foi proclamado pelo Papa Paulo VI como Domingo do Bom Pastor! E olhar Jesus como Bom Pastor é muito bonito, é muito gratificante, é muito carinhoso e acolhedor, enche por demais o coração e a vida!
Gosto imenso de me sentir assim, bem criança, pequenininha e aninhada no colo do Bom Pastor!
Mas… ao olhar mais atentamente para as características próprias de um rebanho… acho bem melhor mesmo sentir-me mais comodamente instalada pastando livremente no meio da imensidão das demais ovelhas… pois é um sinal evidente de que não necessitarei assim tanto de cuidados especiais!
Isto de andar ao colo de Jesus… todos nós andamos, todos, nas mais diversas ocasiões, pois o amor desvelado que nos tem leva-O a ser presente em todas as nossas inúmeras dificuldades que Ele vai socorrendo das mais diversas e imprevisíveis formas com a Sua infinita misericórdia… pois é o Rosto visível da infinita Misericórdia do Pai!
Rosto visível da Misericórdia do Pai… que para continuar a ser visível como Ele quer… tem que ser bem conhecido e seguido por todos os cristãos, chamados a ser, no mundo actual em que viverem, o rosto visível de Jesus misericordioso no mundo!
Se olharmos um pouco mais atenta e profundamente a nossa vida… encontraremos inúmeras presenças sensíveis da misericórdia de Deus para connosco! São tantas presenças da misericórdia e amor de Deus… tantas!...
Senhor, não Te digo que venhas até nós com a Tua infinita misericórdia, pois tenho a plena certeza de que é com a Tua infinita misericórdia e pela Tua infinita misericórdia que estás sempre connosco, em todos os momentos, principalmente quando mais necessitamos. Peco-Te, Senhor, que nos ajudes a abrir cada vez mais e melhor os olhos do coração para podermos perceber e sentir cada vez mais e melhor a presença da Tua infinita misericórdia! Se conseguíssemos interiorizar como convém a Tua presença misericordiosa na nossa vida, Senhor, como viveríamos mais felizes e tranquilos e espalharíamos mais felicidade, tranquilidade e paz à nossa volta!

Ajuda-nos, Senhor, com a suave e harmoniosa força do Teu Espírito Santo!

sábado, 9 de abril de 2016

O IMENSO VALOR DE UM SIM!

Na homilia da Anunciação do Senhor o Papa Francisco afirmou que a história da humanidade foi feita de uma “corrente” de “sim” a Deus.
E se nos voltarmos mais atentamente para as Escrituras teremos ocasião de confirmar esta realidade. Foi, de facto, uma corrente que parece ter culminado com o ‘sim’ imensamente valoroso de Maria, o ‘sim’ que trouxe ao mundo o verdadeiro sim à vontade de Deus, Jesus Cristo!
Um ‘sim’ que terá de ser continuado por todos nós que, a exemplo de Jesus e Maria, ou de Maria e Jesus, devemos dar o nosso sim a Deus dizendo a cada dia: faça-se, meu Deus, na minha vida, a Tua vontade!
Palavras do Santo Padre:
“O Evangelho é o livro da misericórdia de Deus, que havemos de ler e reler, porque tudo o que Jesus disse e fez é expressão da misericórdia do Pai. Nem tudo, porém, foi escrito; o Evangelho da misericórdia permanece um livro aberto, onde se há de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são o melhor testemunho da misericórdia. Todos somos chamados a tornar-nos escritores viventes do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje. Podemos fazê-lo praticando as obras corporais e espirituais de misericórdia, que são o estilo de vida do cristão. Através destes gestos simples e vigorosos, mesmo se por vezes invisíveis, podemos visitar aqueles que passam necessidade, levando a ternura e a consolação de Deus. Deste modo damos continuidade ao que fez Jesus no dia de Páscoa, quando derramou, nos corações assustados dos discípulos, a misericórdia do Pai, efundindo sobre eles o Espírito Santo que perdoa os pecados e dá a alegria.
Mas, na narração que ouvimos, aparece um contraste evidente: por um lado, temos o medo dos discípulos, que fecham as portas da casa; por outro, temos a missão, por parte de Jesus, que os envia ao mundo para levarem o anúncio do perdão. O mesmo contraste pode verificar-se também em nós: uma luta interior entre o fechamento do coração e a chamada do amor para abrir as portas fechadas e sair de nós mesmos. Cristo, que por amor entrou nas portas fechadas do pecado, da morte e da mansão dos mortos, deseja entrar também em cada um para abrir de par em par as portas fechadas do coração. Ele que venceu, com a ressurreição, o medo e o temor que nos algemam, quer escancarar as nossas portas fechadas e enviar-nos. A estrada que o Mestre ressuscitado nos aponta é estrada de sentido único, segue-se apenas numa direção: sair de nós mesmos, sair para testemunhar a força sanadora do amor que nos conquistou. Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza. Hoje, face ao seu doloroso clamor de misericórdia e paz, ouçamos como que dirigido a cada um de nós o convite feito confiadamente por Jesus: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21).
Cada doença pode encontrar na misericórdia de Deus um auxílio eficaz. Com efeito, a sua misericórdia não se detém à distância: quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas de cada um, para medicá-las. Ser apóstolos de misericórdia significa tocar e acariciar as suas chagas, presentes hoje também no corpo e na alma de muitos dos seus irmãos e irmãs. Ao cuidar destas chagas, professamos Jesus, tornamo-Lo presente e vivo; permitimos a outros que palpem a sua misericórdia, e O reconheçam «Senhor e Deus» (cf. Jo 20, 28), como fez o apóstolo Tomé. Eis a missão que nos é confiada. Inúmeras pessoas pedem para ser escutadas e compreendidas. O Evangelho da misericórdia, que se deve anunciar e escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente e aberto, «bons samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam gratuitamente sem nada pretender em troca.
«A paz esteja convosco!» (Jo 20, 21): é a saudação que Cristo leva aos seus discípulos; é a mesma paz que esperam os homens do nosso tempo. Não é uma paz negociada, nem a suspensão de algo errado: é a sua paz, a paz que brota do coração do Ressuscitado, a paz que venceu o pecado, a morte e o medo. É a paz que não divide, mas une; é a paz que não deixa sozinhos, mas faz-nos sentir acolhidos e amados; é a paz que sobrevive no sofrimento e faz florescer a esperança. Esta paz, como no dia de Páscoa, nasce e renasce sempre do perdão de Deus, que tira a ansiedade do coração. Ser portadora da sua paz: esta é a missão confiada à Igreja no dia de Páscoa. Nascemos em Cristo como instrumentos de reconciliação, para levar a todos o perdão do Pai, para revelar o seu rosto de amor nos sinais da misericórdia.
No Salmo Responsorial, foi proclamado: «O seu amor é para sempre» (118/117, 2). É verdade, a misericórdia de Deus é eterna; não acaba, não se esgota, não se dá por vencida diante das portas fechadas e nunca se cansa. Neste «para sempre», encontramos apoio nos momentos de provação e fraqueza, porque temos a certeza de que Deus não nos abandona: permanece connosco para sempre. Demos-Lhe graças por este amor tão grande que nos é impossível compreender. É tão grande! Peçamos a graça de nunca nos cansarmos de tomar a misericórdia de Deus e levá-la pelo mundo: peçamos para ser misericordiosos, a fim de irradiar por todo o lado a força do Evangelho, para escrever aquelas páginas do Evangelho que o apóstolo João não escreveu.”
Longo… mas maravilhoso! Não tive coragem de retirar nada, tal o valor desta Homilia!

Que Deus seja louvado!

terça-feira, 5 de abril de 2016

UMA MANHÃ DE PÁSCOA!

Hoje… face a tantas asneiras referentes ao “Panama Papers” essas notícias pavorosas que nos chegaram pela Comunicação Social onde estão implicadas tantas pessoas que deveriam, em vez de ser olhadas como corruptas, serem, isso sim, testemunhos vivos de comportamentos exemplares, com muita pena desses infelizes tão desgraçados (sem graça) e tão pobres que só têm dinheiro e bens materiais, apetece-me partilhar um pouco de uma das minhas manhãs de Páscoa!
Cheguei à igreja para a Eucaristia e quedei-me numa maravilhosa jarra de flores brancas! Flores muito, muito lindas, e colocadas ali com muito gosto e esmero! Mas com toda aquela beleza a inundar-me a vista imaginem que fui prender toda a minha atenção numa gerbera que estava virada ao contrário, só se lhe via a parte de trás da flor.
O arranjo estava lindíssimo, mas eu só tinha olhos para aquela flor torcida. E por mais esforço que fizesse, os meus olhos não se desviavam daquela flor. Parece que as outras flores tinham perdido todo o seu encanto e esplendor.
O mundo em que vivemos é um pouco assim, como aquele arranjo pascal!
O mundo é como uma linda jarra de flores… onde algumas estão voltadas do avesso.
Há muitos comportamentos a imitar, de tão bons que se nos apresentam, mas temos a tendência natural de nos prendermos só com o que está errado, tal como eu fiz com a flor daquele arranjo belíssimo.
Neste contexto… quando a Comunicação Social nos surpreender com aquelas notícias de arrepiar… lembremo-nos que as pessoas que cometem tais atrocidades são flores viradas do avesso no maravilhoso jardim do mundo!
E não odiemos essas pessoas, o ódio não corrige ninguém nem ajuda, só atrapalha, e antes de tudo e acima de tudo… a quem odeia e não a quem é odiado!
Rezemos muito por todas essas pessoas infelizes que praticam o mal, porque é do que mais precisam, da ajuda da oração! O que, na enorme maioria dos casos, é a única coisa que lhes podemos fazer!
E… confiemos cada vez mais nas pessoas, na enorme beleza dos homens e mulheres que Deus colocou neste mundo belo onde vivemos, e que Deus olha, permanentemente, com todo o Seu infinito Amor e Misericórdia.

Que Ele seja sempre louvado! 

domingo, 3 de abril de 2016

MISERICÓRDIA, SENHOR! MISERICÓRDIA!

Neste ano que lhe é dedicado, nunca imaginei ser possível aprender tanto sobre misericórdia… e nunca pensei saber tão pouco sobre a Misericórdia de Deus!
Cada vez me convenço mais de que Deus não se cansa de nos proteger e ensinar, que cada aprendizagem tem seu tempo, e que os tempos de Deus não são os nossos!
Até há bem pouco tempo… quando me apareciam leituras bíblicas a falar sobre a Justiça de Deus… Deus vem julgar com a Sua Justiça… Deus está sentado no Seu trono de glória… Jesus está sentado à direita do Pai até que faça de Seus inimigos escabelo de Seus pés… eu não sabia o que queria dizer, interpretava tudo com realmente se lê e humanamente se pensa… e o medo da justiça de Deus e dos castigos de Deus e de Jesus eram apavorantes para mim!
Como estava enganada! E tenho muita pena de quantas pessoas viverão ainda terrivelmente assustadas… porque a viver enganadas como eu tanto tempo vivi!
Eu rezava muito, ia à Missa pelo menos ao Domingo, lia alguns textos bíblicos… mas sem nada entender e quase sem nada sentir além do medo dos castigos de Deus!
Ia confessar-me… mas poucas vezes comungava! Não tinha coragem de me abeirar da Sagrada Comunhão porque me sentia indigna de o fazer.
 Foi preciso cair bem ao fundo do poço para ter coragem de me agarrar aos “anjos” de carne e osso que me foram colocados no caminho e me fizeram acreditar no perdão e misericórdia do Deus Amor e me mostraram um Deus Perdão, Amor e Misericórdia!
Como a minha vida mudou... ou melhor dito… como mudei a minha vida!... A água e o vinho, ou a noite e o dia… têm menor diferença!
A confiança em Deus foi imediata! E com ela, também de imediato, pude sentir uma arrebatadora e encantadora paz de espírito!
Mas era preciso enveredar por um caminho de mudança… corrigir comportamentos… aprender a interpretar as Escrituras Sagradas… a ser humilde, a aceitar-me a mim mesma com defeitos e qualidades… a olhar mais para os meus desvarios do que para os desvarios das outras pessoas!...
Era preciso aprender a escutar, a compreender, a aceitar, a ouvir a voz do silêncio onde Deus fala realmente ao coração!
A voz do silêncio! Se é silêncio, não deveria ter voz! Mas de facto é no silêncio que melhor nos escutamos e conseguimos sentir as carícias de Deus e ouvir os Seus sussurros dirigidos ao mais fundo do nosso coração!
Misericórdia, Senhor, Misericórdia!
Misericórdia para toda a humanidade, principalmente para quantos ainda não conseguiram encontrar-Te como realmente és!
Mostra-Te a toda a gente, Senhor, como Te mostraste a mim!

Que sempre sejas louvado!

sábado, 2 de abril de 2016

VEM ATÉ NÓS, SENHOR…

‘Vem até nós, Senhor, com a Tua Misericórdia’… são palavras encantadoras do Papa Francisco!
A Misericórdia de Deus não deixa de vir até nós, ainda que a não peçamos! Mas não podemos cansar-nos de Lhe pedir a Sua Misericórdia, porque pedir a Misericórdia de Deus é estar disposto a agradar-Lhe, a fazer o que Ele quer que façamos, a estar atentos ao que Ele nos vai dizendo das mais diversas formas e pelas mais diversas pessoas!
Neste fim-de-semana em que celebramos a Festa da Misericórdia, Te pedimos: Vem até nós, Senhor, com a Tua Misericórdia!
Mas… porque não perguntarmo-nos! O que é a Tua Misericórdia, Senhor?
A Misericórdia de Deus é o perdão, a benevolência, a ternura, o amor que nos dedica e que Jesus veio mostrar com tanta clareza e eficiência! Jesus, o rosto da Misericórdia de Deus, Pai Santo, Senhor do Céu e da Terra, pois tudo Lhe pertence!
Jesus… que não se cansa de nos procurar, de nos acolher, de nos mimar!
Tanta gente, tão boa, a praticar tão boas acções e a pronunciar palavras tão dignificantes, a viver Jesus Cristo sem O conhecer verdadeiramente, enquanto tantos outros que frequentam as igrejas e suas catequeses dão exemplos tão chocantes!...
Jesus… mostra-Te a nós como fizeste a Tomé, para que consigamos descobrir as nossas debilidades e fraquezas a corrigir e o caminho a percorrer na felicidade que tens para cada um de nós!
Hoje não tenho mais palavras… nem vontade de as procurar ditas por mais alguém!

Senhor Jesus! Que o Amor seja amado! Vem com a Tua Misericórdia! 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

AS BELEZAS DA CRUZ!

Claro que ninguém gosta do sofrimento, não somos masoquistas, não podemos ser, não faz parte de nós, razão porque quando o falar de cruz arrepia qualquer um ou uma!
É certo que cada um ou uma de nós tem de levar a sua cruz, ou seja, tem de tocar a vida para a frente com todos os acontecimentos bons ou menos bons que forem surgindo, mas a fugir das dificuldades, da cruz.
Mas… quando se olhamos para a Cruz de Jesus… e para a forma como Ele aceitou e abraçou as dificuldades, incompreensões e amarguras até àquela morte tão trágica e cruel… não encontramos comparação possível com nada do que nos possa aparecer na vida, e acabámos por aceitar as dificuldades da vida com outra forma de ver, estar, reagir, ser mais pacientes, cooperadores, amáveis, compreensivos, fraternos.
A esta parte… será muito bom colocar cada vez mais o olhar nas palavras e atitudes do Papa Francisco!
Na última Sexta-Feira Santa, depois da Via-Sacra, rezou a seguinte oração, que incentiva a amar cada vez mais a cruz e nos mostra verdadeiramente o que é para nós a Cruz de Jesus:

 “Ó Cruz de Cristo, símbolo do amor divino e da injustiça humana, ícone do sacrifício supremo por amor e do egoísmo extremo por insensatez, instrumento de morte e caminho de ressurreição, sinal da obediência e emblema da traição, patíbulo da perseguição e estandarte da vitória.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos erguida nas nossas irmãs e nos nossos irmãos assassinados, queimados vivos, degolados e decapitados com as espadas barbáricas e com o silêncio velhaco.
O Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos rostos exaustos e assustados das crianças, das mulheres e das pessoas que fogem das guerras e das violências e, muitas vezes, não encontram senão a morte e muitos Pilatos com as mãos lavadas.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos doutores da letra e não do espírito, da morte e não da vida, que, em vez de ensinar a misericórdia e a vida, ameaçam com a punição e a morte e condenam o justo.
Ó Cruz de Cristo, ainda hoje te vemos nos ministros infiéis que, em vez de se despojarem das suas vãs ambições, despojam mesmo os inocentes da sua dignidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos corações empedernidos daqueles que julgam comodamente os outros, corações prontos a condená-los até mesmo à lapidação, sem nunca se darem conta dos seus pecados e culpas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos fundamentalismos e no terrorismo dos seguidores de alguma religião que profanam o nome de Deus e o utilizam para justificar as suas inauditas violências.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje naqueles que querem tirar-te dos lugares públicos e excluir-te da vida pública, em nome de certo paganismo laicista ou mesmo em nome da igualdade que tu própria nos ensinaste.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos poderosos e nos vendedores de armas que alimentam a fornalha das guerras com o sangue inocente dos irmãos e que dão de comer aos seus filhos o pão ensanguentado.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos traidores que, por trinta dinheiros, entregam à morte qualquer um.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ladrões e corruptos que, em vez de salvaguardar o bem comum e a ética, vendem-se no miserável mercado da imoralidade.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos insensatos que constroem depósitos para armazenar tesouros que perecem, deixando Lázaro morrer de fome às suas portas.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos destruidores da nossa «casa comum» que, egoisticamente, arruínam o futuro das próximas gerações.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos idosos abandonados pelos seus familiares, nas pessoas com deficiência e nas crianças desnutridas e descartadas pela nossa sociedade egoísta e hipócrita.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje no nosso Mediterrâneo e no Mar Egeu feitos um cemitério insaciável, imagem da nossa consciência insensível e narcotizada.
Ó Cruz de Cristo, imagem do amor sem fim e caminho da Ressurreição, vemos-te ainda hoje nas pessoas boas e justas que fazem o bem sem procurar aplausos nem a admiração dos outros.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos ministros fiéis e humildes que iluminam a escuridão da nossa vida como velas que se consumam gratuitamente para iluminar a vida dos últimos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos rostos das religiosas e dos consagrados – os bons samaritanos – que abandonam tudo para faixar, no silêncio evangélico, as feridas das pobrezas e da injustiça.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos misericordiosos que encontram na misericórdia a expressão mais alta da justiça e da fé.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas pessoas simples que vivem jubilosamente a sua fé no dia-a-dia e na filial observância dos mandamentos.
O Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos arrependidos que, a partir das profundezas da miséria dos seus pecados, sabem gritar: Senhor, lembra-Te de mim no teu reino!
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos Beatos e nos Santos que sabem atravessar a noite escura da fé sem perder a confiança em ti e sem a pretensão de compreender o teu silêncio misterioso.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nas famílias que vivem com fidelidade e fecundidade a sua vocação matrimonial.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos voluntários que generosamente socorrem os necessitados e os feridos.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos perseguidos pela sua fé que, no sofrimento, continuam a dar testemunho autêntico de Jesus e do Evangelho.
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje nos que sonham com um coração de criança e que trabalham cada dia para tornar o mundo um lugar melhor, mais humana e mais justo.
Em ti, Santa Cruz, vemos Deus que ama até ao fim, e vemos o ódio que domina e cega os corações e as mentes daqueles que preferem as trevas à luz.
Ó Cruz de Cristo, Arca de Noé que salvou a humanidade do dilúvio do pecado, salva-nos do mal e do maligno! Ó Trono de David e selo da Aliança divina e eterna, desperta-nos das seduções da vaidade! Ó grito de amor, suscita em nós o desejo de Deus, do bem e da luz.
Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o amanhecer do sol é mais forte do que a escuridão da noite. Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que a aparente vitória do mal se dissipa diante do túmulo vazio e perante a certeza da Ressurreição e do amor de Deus que nada pode derrotar, obscurecer ou enfraquecer. Amém!”
Neste Tempo Pascal que estamos a viver, não desviemos o olhar da Cruz de Jesus, aprendamos a valorizar cada vez mais o amor de Jesus por todos nós, e decidamo-nos a levar com muita paciência e coragem a nossa cruz e a ajudar os nossos irmãos com toda a beleza do acolhimento, compreensão, carinho, ternura, amor e misericórdia!