sábado, 9 de abril de 2016
O IMENSO VALOR DE UM SIM!
Na
homilia da Anunciação do Senhor o Papa Francisco afirmou que a história da
humanidade foi feita de uma “corrente” de “sim” a Deus.
E
se nos voltarmos mais atentamente para as Escrituras teremos ocasião de confirmar
esta realidade. Foi, de facto, uma corrente que parece ter culminado com o ‘sim’
imensamente valoroso de Maria, o ‘sim’ que trouxe ao mundo o verdadeiro sim à
vontade de Deus, Jesus Cristo!
Um
‘sim’ que terá de ser continuado por todos nós que, a exemplo de Jesus e Maria,
ou de Maria e Jesus, devemos dar o nosso sim a Deus dizendo a cada dia: faça-se,
meu Deus, na minha vida, a Tua vontade!
Palavras
do Santo Padre:
“O Evangelho é o livro da misericórdia
de Deus, que havemos de ler e reler, porque tudo o que Jesus disse e fez é
expressão da misericórdia do Pai. Nem tudo, porém, foi escrito; o Evangelho da
misericórdia permanece um livro aberto, onde se há de continuar a
escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são
o melhor testemunho da misericórdia. Todos somos chamados a tornar-nos
escritores viventes do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher
de hoje. Podemos fazê-lo praticando as obras corporais e espirituais de
misericórdia, que são o estilo de vida do cristão. Através destes gestos
simples e vigorosos, mesmo se por vezes invisíveis, podemos visitar aqueles que
passam necessidade, levando a ternura e a consolação de Deus. Deste modo damos
continuidade ao que fez Jesus no dia de Páscoa, quando derramou, nos corações
assustados dos discípulos, a misericórdia do Pai, efundindo sobre eles o
Espírito Santo que perdoa os pecados e dá a alegria.
Mas, na narração que ouvimos, aparece
um contraste evidente: por um lado, temos o medo dos discípulos, que
fecham as portas da casa; por outro, temos a missão, por parte de Jesus,
que os envia ao mundo para levarem o anúncio do perdão. O mesmo contraste pode
verificar-se também em nós: uma luta interior entre o fechamento do coração e a
chamada do amor para abrir as portas fechadas e sair de nós mesmos. Cristo, que
por amor entrou nas portas fechadas do pecado, da morte e da mansão dos mortos,
deseja entrar também em cada um para abrir de par em par as portas fechadas do
coração. Ele que venceu, com a ressurreição, o medo e o temor que nos algemam,
quer escancarar as nossas portas fechadas e enviar-nos. A estrada que o Mestre
ressuscitado nos aponta é estrada de sentido único, segue-se apenas numa
direção: sair de nós mesmos, sair para testemunhar a força sanadora do amor que
nos conquistou. Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e
assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza. Hoje, face ao
seu doloroso clamor de misericórdia e paz, ouçamos como que dirigido a cada um
de nós o convite feito confiadamente por Jesus: «Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21).
Cada doença pode encontrar na
misericórdia de Deus um auxílio eficaz. Com efeito, a sua misericórdia não se
detém à distância: quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de
tantas formas de escravidão que afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas
de cada um, para medicá-las. Ser apóstolos de misericórdia significa
tocar e acariciar as suas chagas, presentes hoje também no corpo e na alma de
muitos dos seus irmãos e irmãs. Ao cuidar destas chagas, professamos Jesus,
tornamo-Lo presente e vivo; permitimos a outros que palpem a sua misericórdia,
e O reconheçam «Senhor e Deus» (cf. Jo 20, 28), como fez o apóstolo
Tomé. Eis a missão que nos é confiada. Inúmeras pessoas pedem para ser escutadas
e compreendidas. O Evangelho da misericórdia, que se deve anunciar e
escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente e aberto, «bons
samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão
e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam gratuitamente sem nada
pretender em troca.
«A paz esteja convosco!» (Jo 20,
21): é a saudação que Cristo leva aos seus discípulos; é a mesma paz que
esperam os homens do nosso tempo. Não é uma paz negociada, nem a suspensão de
algo errado: é a sua paz, a paz que brota do coração do Ressuscitado, a
paz que venceu o pecado, a morte e o medo. É a paz que não divide, mas une; é a
paz que não deixa sozinhos, mas faz-nos sentir acolhidos e amados; é a paz que
sobrevive no sofrimento e faz florescer a esperança. Esta paz, como no dia de
Páscoa, nasce e renasce sempre do perdão de Deus, que tira a ansiedade do
coração. Ser portadora da sua paz: esta é a missão confiada à Igreja no
dia de Páscoa. Nascemos em Cristo como instrumentos de reconciliação, para
levar a todos o perdão do Pai, para revelar o seu rosto de amor nos sinais da
misericórdia.
No Salmo Responsorial, foi proclamado:
«O seu amor é para sempre» (118/117, 2). É verdade, a misericórdia de Deus é
eterna; não acaba, não se esgota, não se dá por vencida diante das portas
fechadas e nunca se cansa. Neste «para sempre», encontramos apoio nos
momentos de provação e fraqueza, porque temos a certeza de que Deus não nos
abandona: permanece connosco para sempre. Demos-Lhe graças por este amor
tão grande que nos é impossível compreender. É tão grande! Peçamos a graça de
nunca nos cansarmos de tomar a misericórdia de Deus e levá-la pelo mundo:
peçamos para ser misericordiosos, a fim de irradiar por todo o lado a força do
Evangelho, para escrever aquelas páginas do Evangelho que o apóstolo João não
escreveu.”
Longo… mas maravilhoso! Não tive coragem de retirar nada,
tal o valor desta Homilia!
Que Deus seja louvado!
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