sábado, 31 de outubro de 2015

MISSIONÁRIOS… E MISSÃO!


Para os católicos, o mês de Outubro é dedicado às Missões!
Faz tempo que quando se falava em Missões nos lembrava de imediato os missionários, esses homens e mulheres que deixavam e ainda deixam tudo pela pregação do Evangelho de Jesus Cristo nas terras distantes ou onde Ele ainda não era ou ainda não é conhecido!
Com o desenrolar dos tempos em que a tecnologia nos aproximou mais uns dos outros mas nos tirou o tempo de olharmos para nós mesmos e descobrirmos mais intensa e profundamente em nós o rosto bondoso amoroso e misericordioso de Deus, aos poucos, fomos interiorizando que, de certa forma, missionários teremos de ser todos nós, no meio ambiente em que nos vamos movendo no decorrer dos dias!
O facto de sermos baptizados torna-nos missionários junto dos irmãos e irmãs com quem nos cruzamos na vida! Perante Deus, que ama a todos indefinidamente, essa é a única diferença entre os cristãos e não cristãos! Deus precisa dos cristãos para Se tornar conhecido de todos os outros homens e mulheres, pena que muitos cristãos ainda não o tenham compreendido e se julguem muitas vezes melhores do que as outras pessoas, pois face ao conhecimento que tiverem de Jesus Cristo é à encarnação da Sua palavra na vida diária, os cristãos podem mesmo ser muito mais culpados que quaisquer outros pelo mal-estar do mundo de hoje!
No tempo que passa, na actualidade, a maior tarefa dos cristãos é evangelizar, sim, mas antes e acima de tudo os cristãos apenas de Baptismo, festinhas e nada mais. Esses é que necessitam de todo o nosso esforço de cristianização! Não basta dizer que se é, é necessário ser na realidade!
Cristão… um outro Cristo! Tem de procurar imitar Jesus Cristo! Aliás, quando amamos muito uma pessoa temos tendência natural a imitar as suas atitudes, se amarmos realmente Jesus Cristo não tenhamos dúvidas, pois tudo faremos para O imitar na nossa vida de todos os dias!
È muito bom tentar imitar Jesus Cristo! É uma enorme felicidade!

Que Deus nos ajude, de facto, além de nos unirmos em oração pelos missionários que dedicam toda a sua vida à missão de Evangelizar, a sermos verdadeiros missionários na nossa vida diária, pois é essa a nossa missão de todos os dias!

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

APÓSTOLOS!... APÓSTOLOS!...

O Evangelho de hoje, Lc 06, 12-19, ou melhor, o comentário que lhe foi apresentado pelo Evangelho Quotidiano tocou-me bastante.
Todos sabemos que Jesus escolheu os Apóstolos para tornarem conhecida em todo o mundo a mensagem de misericórdia, amor, perdão e esperança que nos veio trazer!
Os sucessores directos dos Apóstolos são os Bispos rodeados de Padres e Diáconos para poderem dar toda a orientação e atenção às diversas Igrejas Particulares espalhadas por todo o mundo! E neste contexto… acabámos por nos sentir um pouquinho de fora desta dinâmica de evangelização, o que é uma grande mentira!
Os Bispos, Padres e Diáconos são evangelizadores como ministros ordenados que nos apresentam a Igreja como sinal ou sacramento de salvação para todos os homens e mulheres, indistintamente, mas como baptizados que somos, membros integrantes da mesma Igreja, temos o dever de Evangelizar. Não como os Ministros Ordenados, mas acima e antes de tudo com uma vida de acordo com a vontade de Jesus expressa na Sua Doutrina! É este dever que nos faz diferentes dos demais homens e mulheres que não vivem segundo Jesus Cristo nem conhecem a Sua Palavra ou a Sua Igreja!
Somos diferentes, sim, mas não por sermos mais do que ninguém ou termos mais benesses do que alguém, mas muito simplesmente porque temos o dever de evangelizar mostrando a quem nos rodeia o quanto é bom e salutar seguir Jesus no Amor Caridade que Ele amavelmente nos explicitou.
E tal como chamou os Apóstolos pelo nome, é pelo nosso nome que Jesus nos chama a cada um em particular, pois é assim que nos ama a cada um de nós, como único e irrepetível. E é daí que advém a imensa grandeza de cada pessoa perante Deus!
Vejamos o que nos diz São Cirilo de Alexandria, (380-444), num dos comentários sobre o Evangelho de São João, mas que vem mesmo a propósito:
Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu guias e mestres para o mundo inteiro, e «dispensadores dos mistérios divinos» (1Cor 4,1). E ordenou-lhes que brilhassem e iluminassem como archotes, não só os judeus […], mas os homens que habitam em toda a superfície da terra. É, portanto, verdadeira esta palavra de São Paulo: «Ninguém atribui esta honra a si mesmo; recebemo-la por vocação de Deus» (Heb 5,4). […]
Se Ele achava que devia enviar os seus discípulos como o Pai o tinha enviado a Ele (Jo 20,21), era necessário que estes, chamados a ser seus seguidores, descobrissem para que tarefa tinha o Pai enviado o Filho. Por isso nos explicou de diversas maneiras o carácter da sua própria missão. Disse um dia: «Não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que eles se convertam» (Lc 5,32). E também: «Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou» (Jo 6,38). E de outra vez: «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para o julgar, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3,17).
Resumia em algumas palavras a função dos apóstolos, dizendo que os tinha enviado como o Pai O tinha enviado a Ele; saberiam assim que lhes competia chamar os pecadores à conversão, cuidar dos doentes, corporal e espiritualmente e, nas suas funções de dispensadores, não procurar de modo algum fazer a sua própria vontade, mas a vontade daquele que os tinha enviado, a fim de salvarem o mundo na medida em que ele aceitasse os ensinamentos do Senhor.
Estas palavras, que parecem somente direccionadas para os Ministros Ordenados, também têm a ver connosco. Não na perspectiva de directos dispensadores de graças que é o que a eles compete, mas como receptadores vivenciais das graças que, em nome de Jesus/Deus eles nos vão repartido. 
A nós cabe-nos viver o Amor, ser exemplos de vida digna e dignificante de acordo com o Evangelho em que acreditamos, de modo a sermos sinais vivos do amor misericórdia e perdão para com todos mesmo para quem nos ofenda ou tiver ofendido!
É o que Deus quer e precisa que façamos em todos os segundos das nossas vidas!

Que o Espírito Santo nos ajude!

sábado, 24 de outubro de 2015

FAZER PENITÊNCIA!...

Mas… o que será isso de fazer penitência?
Quando era pequena e jovem, colocavam-me como exemplo os Pastorinhos de Fátima e outros que tais, o que admirava muito e, claro, conforme podia tentava imitar! E foi a minha atitude até há bem pouco tempo!
E não tenhamos dúvida que o abster-se de inúmeras coisas são, de facto, sacrifícios! Mas serão esses sacrifícios os que mais gradam a Deus?
Sinceramente, penso mesmo que não!
Esses sacrifícios todos têm de estar imbuídos de muito, muito amor e muita vontade de ser melhor pessoa, mais verdadeira, paciente, misericordiosa, amável, amiga de ajudar, de ser prestável seja a quem for, de perdoar, de compreender, de ser presente, de aceitar as pessoas como são não as forçando a serem diferentes mas deixando-as e ajudando-as a mudar lentamente pelos seus próprios meios… e sempre que possível, ainda que de forma camuflada, disponibilizando-lhes esses meios!
Tantas destas penitências que estão sempre ao nosso alcance… das mais diversas formas e nas mais variadas situações!
As outras penitências, sem estas… terão muito pouco valor ou podem mesmo não ter valor nenhum!... Mas quanto a isso… cada pessoa sabe de si e Deus sabe de todas as pessoas!
Abster-nos, sim, do que não for razoável para ninguém, da maldade, do orgulho, da prepotência, da avareza… de tantas coisas que não nos ajudam a sermos o que poderemos ser e o que Deus quer que sejamos!
Se conseguirmos estar bem atentos à Palavra de Deus, é isto que nos vai pedindo todos os dias, nós é que muitas vezes não enxergamos.
Engraçadas algumas frases de Santo Ambrósio que até vêm a propósito:
O Verbo sacode o preguiçoso e desperta o dorminhoco. Com efeito, Aquele que vem bater à porta quer entrar. Depende apenas de nós que entre ou não, que Se demore ou não. Que a tua porta esteja aberta Àquele que vem; abre a tua alma, alarga as capacidades do teu espírito, a fim de descobrires a riqueza da simplicidade, o tesouro da paz, a doçura da graça. Dilate-se o teu coração; corre ao encontro do sol da luz eterna que «ilumina todo o homem» (Jo 1,9). É certo que esta luz verdadeira brilha para todos; mas se alguém fecha as suas janelas, privar-se-á da luz eterna.
Por conseguinte, até Cristo permanece de fora, se fechares a porta da tua alma. Certamente que poderia entrar, mas não quer introduzir-Se à força, não quer forçar quem O recusa. Nascido da Virgem, saído do seu seio, irradia para todo o universo, a fim de resplandecer para todos. Os que desejam receber a luz que brilha com um esplendor perpétuo acolhem-No; nenhuma noite virá impedi-Lo. Com efeito, o sol que vemos cada dia cede o lugar às trevas da noite; mas o Sol da justiça (Mal 3,20) não conhece ocaso, porque a Sabedoria não é vencida pelo mal.
Pois! Acho que estas frases são elucidativas da penitência que devemos fazer, para não vivermos nas trevas do erro!

Um bom final de semana!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

É SURPREENDENTE!



São surpreendentes por demais as palavras de Jesus que, se não forem bem interpretadas, parecem mesmo dizer-nos o contrário do que realmente dizem.
O Evangelho de hoje é curtinho, Lucas 12, 49-53!
Aqui vai:
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda?
Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize.
Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão.
A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três.
Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».
E agora vamos ver a interpretação que lhe dá o monge Dionísio, o Cartucho, (1402/1471) que evoca, para isso, a frase de São João 14, 27  - “ Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”:
 «Pensais que vim trazer a paz ao mundo?» É como se Cristo dissesse: «Não penseis que vim dar aos homens a paz segundo a carne e segundo este mundo, uma paz sem regras, que lhes permitisse viver em harmonia no mal, e lhes garantisse a prosperidade neste mundo. Não, digo-vos, não vim trazer uma paz deste género, mas a divisão, uma boa e salutar separação entre os espíritos e mesmo entre os corpos. Assim, porque amam a Deus e procuram a paz interior, aqueles que acreditam em Mim estarão naturalmente em desacordo com os maus; separar-se-ão daqueles que tentam desviá-los do progresso espiritual e da pureza do amor divino, ou que se esforçam por lhes criar dificuldades.»
Assim, pois, a paz espiritual, a paz interior, a paz boa é a tranquilidade da alma em Deus, e a boa harmonia segundo a justiça. Foi esta paz que Cristo veio trazer. [...] A paz interior, que tem origem no amor, consiste numa alegria inalterável da alma que se encontra em Deus. Chamamos-lhe paz do coração. É ela o começo e um certo antegosto da paz dos santos que se encontram na pátria, da paz da eternidade.
E esta, hein?!... A paz que Jesus nos dá é interior, é a alegria de viver do amor e pelo amor numa dádiva permanente a Deus pelo serviço aos irmãos, é a satisfação de saber que a glória e a justiça de Deus é o Amor, o Perdão e a Misericórdia infinitos, é o tudo fazer por tentar colocar em todos os momentos da vida uma pequena amostrazinha dessa que chamamos justiça de Deus, perdão, amor, misericórdia para com todos!
E esta, hein?!... É surpreendente, não é?
Que o Espírito Santo nos ajude!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

SERVIÇO… E PARTILHA!



Quando falamos em serviço estamos a falar de partilha, se mais não for, do nosso tempo, do tempo que dedicamos ao interesse comum! Afinal, não foi para isso que fomos criados? Para servir?
Sim, fomos criados à imagem e semelhança de Deus misericordioso compassivo e bom para servir os nossos irmãos com todas essas características que Deus nos deu e que vamos descobrindo e fortalecendo a cada dia, colocando-as em prática em todas as nossas atitudes!
Quando digo em todas as nossas atitudes, estou a esquecer as nossas fraquezas que tantas vezes nos levam a fazer o que não queremos… mas temos de considerar essas fraquezas como acidentes de percurso e tentar a cada instante crescer no Amor que é doação, misericórdia, compreensão, aceitação, serviço!
 E neste rodar constante, não tenhamos a preocupação de guardarmos algo só para nós, pois quanto mais partilharmos mais teremos para partilhar e muito mais felizes seremos! Mesmo com o dinheiro e bens! Quando partilhamos com amor e por amor, parece que nada e esgota!
Partilhar também é servir! E que modo de servir!... Um modo de servir que já vem de muito longe, de sempre! Vejamos o que, numa das suas homilias sobre a riqueza, nos diz São Basílio que viveu entre os anos 330 e 379:
«Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?»
«Que hei-de fazer?» Há uma resposta imediata: «Satisfarei as almas dos esfomeados; abrirei os meus celeiros e convidarei todos os que passam necessidades. [...] Farei ouvir uma palavra generosa: vós, a quem falta o pão, vinde a mim; tomai a vossa parte, de acordo com as vossas necessidades, dos dons concedidos por Deus que jorram como que de uma fonte pública.» Mas tu, homem rico, insensato, estás bem longe disso! Por que razão? Ciumento de veres os outros gozarem de riquezas, entregas-te a cálculos miseráveis, não te preocupas em distribuir a cada um o indispensável, mas em tudo amealhar, privando os outros dos benefícios de que poderiam usufruir. [...]
E vós, meus irmãos, estai atentos para não conhecerdes o mesmo destino que este homem! Se a Escritura nos oferece este exemplo, é para que evitemos comportar-nos do mesmo modo. Imitai a terra: como ela, dai frutos, e não vos mostreis piores que ela, que no entanto é desprovida de alma. A terra dá as suas colheitas não para o seu próprio gozo, mas para te servir. Assim, todo o fruto da benevolência que revelares, recebê-lo-ás de volta, dado que as graças que fazem nascer as boas obras revertem para os que as dispensam. Alimentaste o que tinha fome: o que deste permanece contigo, e vem mesmo um suplemento. Como o grão de trigo caído na terra aproveita ao que o semeou, o pão dado ao que tem fome far-te-á receber mais tarde benefícios superabundantes. Que a finalidade da tua lavoura seja para ti o início da sementeira no céu.
O céu de que tanto falamos tem de começar neste mundo com a prática permanente do Amor, conforme Deus quer e o mundo tanto necessita!
Então... de que estamos à espera para amarmos como devemos, partilhando e servindo? É que o deixar para um outro dia poderá ser tarde demais, pois o amanhã não nos pertence!

domingo, 18 de outubro de 2015

GRANDEZA CRISTÃ... É SERVIÇO!



As Leituras Bíblicas deste Domingo dão-nos ensinamentos muito importantes que nos apresentam o serviço como característica principal do cristão!
Sabemos por experiência própria que temos a tentação de grandeza, de ser bem considerados e reconhecidos publicamente, de ocupar cargos de destaque, de fazer sobressair as nossas qualidades perante os demais...
Por muito humildes que sejamos ou queiramos ser, sentimos a cada passo esta tentação provinda das mais diversas formas e nas mais díspares ocasiões.
E por muitas conquistas que já tenhamos conseguido, nunca poderemos descurar os nossos esforços porque cair nesta tentação é muito, muito fácil! Tentação que vem de muito longe! Como nos conta o Evangelho acerca dos próprios Apóstolos!
A esta parte, vamos ver algumas frases do Papa Francisco na Homilia de hoje:
«Bebereis o cálice que Eu bebo (…), mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado» (10, 39-40). Com esta imagem do cálice, Ele (Jesus) assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem associados plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar nos outros.
À vista de tantos que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são chamados a fazer o contrário. Por isso adverte-os: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo» (10, 42-43). Com estas palavras, Jesus indica o serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã. Quem serve os outros e não goza efectivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade.
E, depois de apresentar um modelo a não imitar, oferece-Se a Si mesmo como ideal de referimento. No procedimento do Mestre, a comunidade encontrará o motivo da nova perspectiva de vida: «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (10, 45). Na tradição bíblica, o Filho do Homem é aquele que recebe de Deus «as soberanias, a glória e a realeza» (Dn 7, 14). Jesus enche de novo sentido esta imagem, especificando que Ele tem a soberania enquanto servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real enquanto disponível ao dom total da vida. Na verdade, é com a sua paixão e morte que conquista o último lugar, alcança o máximo de grandeza no serviço, e oferece-o à sua Igreja.
Há incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado. Ao contrário, há compatibilidade entre Jesus «que sabe o que é sofrer» e o nosso sofrimento. Assim no-lo recorda a Carta aos Hebreus, que apresenta Cristo como o Sumo Sacerdote que compartilha a nossa condição humana em tudo, excepto no pecado: «de facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado» (4, 15).
Jesus exerce, essencialmente, um sacerdócio de misericórdia e compaixão. Experimentou directamente as nossas dificuldades, conhece a partir de dentro a nossa condição humana; o facto de não ter experimentado o pecado não O impede de compreender os pecadores. A sua glória não é a da ambição ou da sede de domínio, mas a glória de amar os homens, assumir e compartilhar a sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que cura, acompanhá-los com ternura infinita, acompanhá-los no seu caminho atribulado.
Cada um de nós, enquanto baptizado, participa a seu modo no sacerdócio de Cristo: os fiéis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial. Assim, todos podemos receber a caridade que brota do seu Coração aberto, tanto para nós mesmos como para os outros, tornando-nos «canais» do seu amor, da sua compaixão, especialmente para aqueles que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão.
Aqueles que hoje proclamámos Santos, serviram constantemente, com humildade e caridade extraordinárias, os irmãos, imitando assim o Mestre divino. São Vicente Grossi foi pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo, especialmente à fragilidade dos jovens. Com ardor, repartiu o pão da Palavra para todos e tornou-se bom samaritano para os mais necessitados.
Santa Maria da Imaculada Conceição, bebendo nas fontes da oração e da contemplação, serviu pessoalmente e com grande humildade os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes.
Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.
O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na protecção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão.
O serviço que nos é pedido todos os dias é o cumprimento das nossas obrigações de patrões ou empregados, de pais e mães ou de filhos, de avós ou de netos, de vizinhos, de amigos, no sentido de podermos ser sempre bem próximos de quem, de qualquer forma ou por qualquer razão, tenha necessidade de nós!
Um simples sorriso pode muito bem ser um grande serviço!
Que o Senhor nos ajude a ser serviço, pois é o que nos dá mais alegria e felicidade!

sábado, 17 de outubro de 2015

FUGIR DO MAL!


Falamos muito em fugir do mal! Sem, muitas vezes, sabermos ao certo qual é o mal de onde deveremos fugir! Há muitas coisas que nos parecem muito más, e acabam mesmo por nos serem muito gratificantes, ou mesmo boas!
Talvez, quem sabe, ainda não tenhamos interiorizado muito bem que o caminho se faz caminhando, e que qualquer que seja a caminhada, impreterivelmente, tem acidentes de percurso! Queiramos ou não! Tenhamos consciência disso ou não!
E não poucas vezes é nas coisas mal feitas que descobrimos como proceder noutras ocasiões análogas para não voltarmos a praticar o mal.
Então... em vez de pensarmos no mal que fizemos a que chamamos pecado, não seria muito mais profícuo pensarmos sempre no bem que poderíamos ter feito e por qualquer razão ainda não conseguimos? Pelo menos, seria uma forma positiva de encarar as nossas fraquezas, para o que não fomos criados, mas que nos acontecem como meros acidentes de percurso.
 E é nesses acidentes de percurso que vamos aperfeiçoando a nossa maneira de andar para podermos levar a cabo a nossa missão e chegar ao fim da nossa caminhada com as nossas tarefas específicas cumpridas!
Cada ser humano é único e irrepetível, pelo que não podemos olhar o crescimento e as atitudes das outras pessoas para nos confrontarmos com elas, pois a única pessoa com quem temos de nos confrontar é connosco mesmos, para desenvolvermos ao máximo todas as nossas capacidades e dons que nos foram dados para pormos a render a nosso favor e a favor de quem nos rodeia!
Não nascemos para nós mesmos, mas para, com muita humildade e perseverança, estarmos ao serviço dos outros, amando-os incondicionalmente como Deus sempre nos amou e nos ama!
Como nos será possível fugirmos do mal... se estivermos sempre a pensar no mal?!...
Se queremos, de facto, muito a sério, fugir do mal, nada como pensar no bem antes e acima de tudo!
Se o sonho comanda a vida, sonhemos com praticar o bem e o nosso sonho, em mais ou menos tempo, se tornará realidade!
Claro que temos de assumir os nossos fracassos... não para nos fixarmos neles, mas sempre na busca dos sucessos para o que, à imagem e semelhança de Deus, fomos criados.
Há muitos exemplos a seguir! É para desenvolvermos as nossas qualidades na prática do bem que os Santos nos são apresentados para nos servirem de modelo.
Mas teremos de convir que o nosso maior e melhor modelo é Jesus Cristo.
Vejamos o que nos diz Didaké, dos anos 60 a 120, logo nos princípios da cristandade:
«Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29)
Meu filho, foge de todo o mal ou daquilo que se assemelha ao mal. Não sejas irascível: a cólera leva ao crime. Não sejas ciumento, conflituoso nem violento: essas paixões originam mortes. Meu filho, não sejas sensual: a sensualidade é o caminho para o adultério. Não uses de linguagem licenciosa, nem tenhas um olhar atrevido: também isso engendra adultério. [...] Resguarda-te dos encantamentos, da astrologia, das purificações mágicas; recusa-te a vê-las e a ouvi-las: isso seria [...] perderes-te na idolatria. Meu filho, não sejas mentiroso, porque a mentira conduz ao roubo. Não te deixes seduzir pelo dinheiro nem pela vaidade, que também incitam a roubar. Meu filho, não murmures contra os outros: tornar-te-ás blasfemo. Não sejas insolente nem malévolo, pois isso também conduz à blasfémia.
Usa de mansidão: «Felizes os mansos, porque possuirão a terra» (Mt 5,5). Sê paciente, misericordioso, sem malícia, cheio de paz e bondade. Respeita sempre as palavras que ouviste do Senhor (Is 66,2). Não te engrandeças a ti próprio, não abandones o teu coração ao orgulho. Não te alies aos soberbos, mas frequenta os justos e os humildes. Recebe os acontecimentos da vida como dons, sabendo que é Deus quem dispõe sobre todas as coisas.
Sábios, muito sábios estes conselhos! E muito actuais!
O não te engrandeças a ti próprio tocou-me sobremaneira, pois está muito claro que, como criaturas de Deus únicas e irrepetíveis, não nos devemos engrandecer ou envaidecer do que fazemos, porque por mais que nos pareça, somos uma pessoa no meio das outras pessoas que desconhecemos totalmente porque nunca poderemos saber de forma alguma o que vai no coração do outro ou da outra com quem vamos convivendo no nosso dia-a-dia!
Cada um será sempre fruto de si mesmo e das suas características particulares, da educação pessoal e social que tiver recebido, dos dons de Deus e do que com Deus vai fazendo em cada segundo!
Para fugir do mal... pensemos no bem, desejemos o bem, façamos o bem, pois será esse o nosso melhor caminho.
Um bom fim-de-semana, desejando, praticando, observando e falando no bem para poder mais facilmente fugir do mal!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

DEUS AMOR... ATÉ QUE PONTO?!...



Até os pontos todos! Deus é Amor, e mais nada! Amor! Somente Amor! Amor, Misericórdia, Perdão!
E assim sendo, não se compreende que ainda se fale tanto em castigos de Deus!
Deus não castiga, não pode castigar, não pode fazer nada de mal pois de contrário deixaria de ser Deus!
Então... porque será que, face às asneiras que fazemos e ao que acaba por nos acontecer depois, nos parece mesmo que Deus castiga?
Só pode ser obra da inquietude da nossa consciência!
Nascemos obra de Deus, à Sua imagem e semelhança! E  se Deus só pode fazer o bem... e nós somos semelhança de Deus... deduz-se que também foi para fazer o bem que fomos criados, pois de contrário não poderíamos ser semelhantes a Deus!
Então, porque o Deus que sempre nos habita e com Quem vivemos ininterruptamente, saibamos ou não, vai nos chamando à atenção para o mal feito lá no mais íntimo do nosso ser, e o mal-estar que sentimos por termos procedido mal acaba por ser, sim, o castigo que damos a nós mesmos e não o castigo que Deus nos dá!
Deus não castiga ninguém, mas sim as nossas inquietações, essas castigam-nos de verdade!
Psicologicamente falando, nós somos o fruto dos nossos desejos, das nossas ambições... mas criados pelo Amor e para Amar sem peso nem medida... quando essas ambições não vão de encontro ao Amor que devemos dar a tudo e a toda a gente estamos a viver contra nós mesmos.
Não sei descrever melhor este sentimento que me enche tão profundamente o coração. Mas tenho a certeza que Deus é Amor e Perdão, Misericórdia e Bondade, e Ternura, muita Ternura! Aliás... foi quando me foi dada pela primeira vez esta certeza e eu a senti no mais fundo do coração que a minha vida tomou outra direcção, mudou de rumo, e comecei a ser verdadeiramente feliz ainda que no meio de muitos problemas e aflições!
Foi nessa altura que consegui ouvir e compreender o vem e segue-Me, que não tem nada a ver com ir para onde for, mas para seguir na vida os passos de Jesus escutando e meditando a Sua palavra e imitando o melhor possível os Seus maravilhosos gestos e atitudes, amando, amando, amando!
Que Deus/Amor esteja sempre connosco e nos ajude a ser e viver como devemos!