São surpreendentes por
demais as palavras de Jesus que, se não forem bem interpretadas, parecem mesmo
dizer-nos o contrário do que realmente dizem.
O Evangelho de hoje é
curtinho, Lucas 12, 49-53!
Aqui vai:
“Naquele tempo, disse
Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão
que ele se acenda?
Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize.
Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer
a divisão.
A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois
contra três.
Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a
filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».”
E agora vamos ver a
interpretação que lhe dá o monge Dionísio, o Cartucho, (1402/1471) que evoca,
para isso, a frase de São João 14, 27 - “
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”:
“«Pensais que vim trazer a paz ao mundo?» É como se Cristo
dissesse: «Não penseis que vim dar aos homens a paz segundo a carne e segundo
este mundo, uma paz sem regras, que lhes permitisse viver em harmonia no mal, e
lhes garantisse a prosperidade neste mundo. Não, digo-vos, não vim trazer uma
paz deste género, mas a divisão, uma boa e salutar separação entre os espíritos
e mesmo entre os corpos. Assim, porque amam a Deus e procuram a paz interior,
aqueles que acreditam em Mim estarão naturalmente em desacordo com os maus;
separar-se-ão daqueles que tentam desviá-los do progresso espiritual e da
pureza do amor divino, ou que se esforçam por lhes criar dificuldades.»
Assim, pois, a paz espiritual, a paz interior, a paz boa é a tranquilidade da
alma em Deus, e a boa harmonia segundo a justiça. Foi esta paz que Cristo veio
trazer. [...] A paz interior, que tem origem no amor, consiste numa alegria
inalterável da alma que se encontra em Deus. Chamamos-lhe paz do coração. É ela
o começo e um certo antegosto da paz dos santos que se encontram na pátria, da
paz da eternidade.”
E esta, hein?!... A paz
que Jesus nos dá é interior, é a alegria de viver do amor e pelo amor numa dádiva
permanente a Deus pelo serviço aos irmãos, é a satisfação de saber que a glória
e a justiça de Deus é o Amor, o Perdão e a Misericórdia infinitos, é o tudo
fazer por tentar colocar em todos os momentos da vida uma pequena amostrazinha
dessa que chamamos justiça de Deus, perdão, amor, misericórdia para com todos!
E esta, hein?!... É
surpreendente, não é?
Que o Espírito Santo nos
ajude!
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