RETIRA-TE DE MIM, SATANÁS!

Esta expressão, retirada do Evangelho de hoje, dá que pensar! Jesus gostava, amava Pedro, e ainda assim chamou-o Satanás. Pedro também amava Jesus, do seu jeito, do jeito dos homens, e o resultado desse amor era não permitir que nada de mal acontecesse a Jesus.

Nós somos mesmo assim! Nunca aceitamos nada de mal que aconteça aos amigos! Precisamos de muito tempo para aceitar… ou então, só aceitamos quando somos forçados a isso.

São Pedro não aceitou o sofrimento atroz e a morte de Jesus. Vê-se nitidamente pela forma como o negou três vezes durante a paixão, ele não queria ver Jesus sofrer, não queria, pois Jesus para ele era o maior, nada de mal podia acontecer-lhe. Pedro imaginava que Jesus tinha força para fugir do mal… ou seja, da morte infame que sofreu.

Quantas vezes, por sermos amigos de uma pessoa e de não querermos que nada de ruim lhe aconteça, acabamos por a desviar do verdadeiro caminho que deveria percorrer. E pedimos a Deus o que entendemos melhor para essas pessoas, quando deveríamos pedir, sim, o que Deus achasse melhor para elas.

Recordo-me dizer frases que considerava reconfortantes como pedido de cura frente a uma pessoa muito querida mas que se sabia condenada pelo safado do cancro, e que me respondeu muito convictamente: “Nós… não sabemos rezar!”

E não sabemos rezar! Bom, eu só posso falar por mim… mas confesso que, depois de muito querer aprender e de inúmeros treinos… ainda não sei rezar, muitas vezes sou como Pedro junto de Jesus naquele momento, “satanás”, pois vejo só o que os meus olhos físicos alcançam e só quero o que meu coração deseja, sem olhar ao querer de Deus. E estou consciente de que muitas pessoas também são “satanás” junto de mim, pelas mesmas razões.

 Comportamentos destes acontecem entre amigos, mas mais entre os pais e os filhos que tantas vezes são desviados do verdadeiro caminho pelo receio que os pais têm de que algo de mal lhes aconteça se forem por ali.

Preciso, precisamos de muita luz, força e protecção!

Senhor, mostra-me(nos) os teus caminhos, mostra-me(nos) a Tua vontade para cada um de nós, faz-me(nos) aprender a ver mais com os Teus olhos do que com os nossos e a sentir mais ao jeito do Teu coração, sê a nossa força na tribulação e a luz no nosso caminho! Ajuda-me(nos) a desviar-nos de quem nos pode desviar dos Teus caminhos! Que tenhamos a Sabedoria de escolher sempre o que mais Te agrada que é sempre o melhor para nós, ainda que não o pareça!

Senhor, confio em Ti, pois só Tu me podes socorrer!

EU… NÃO SEI!...

Não sei  porque preciso

que o meu braço dorido

pegue num objecto para escrever.

Não sei porque quero não sei o quê

e não quero não sei o quê.

Não sei porque não sei nada

e não encontro forma de saber.

Não sei porque faço, sou, sinto, existo…

Não sei!

Não sei como encontrar-me comigo

nem por onde ando ou onde estou.

Meu corpo está aqui, mas todo o meu ser,

aquilo que eu pensava que era,

desapareceu,

fugiu não sei por onde,

voou para o desconhecido

que eu não sei onde é

nem com quem mora.

Não sei o que fazer nem como estar,

não sei o que dizer nem se calar…

Não sei!

Não sei onde estás! Não sei o que queres!

Não sei onde Te hei-de encontrar!

Minha cabeça dói, meu coração bate apressado.

Porque Te escondes de mim?

Eu sei que existes, sei que estás,

sei que és, sei que me amas

e tenho a certeza

que o abandono que sinto é uma mensagem Tua

que eu ainda não consegui descodificar

nem vou encontrar ninguém

que me ajude a descobri-la.

Num último esforço

e na ânsia de Te encontrar

no encontro comigo mesma,

aceita as amarguras do meu nada…

deixa que as lágrimas escorram

dos meus olhos molhados

ou enxuga-as,

faz como Te aprouver,

mas ampara os que amo

que são mais Teus que meus.

Não sei a gravidade do mal-estar que sinto

nem estou preocupada com saber.

Confio em Ti com todas as minhas parcas forças.

Não sei quanto tempo me restará ainda

ser apenas uma pequena e quase invisível gota

para desaparecer de vez no Teu Oceano

que eu não mereço,

mas que me ganhaste

com os sofrimentos atrozes da Tua curta vida.

Meus sonhos desfizeram-se como fumo.

Nada mais me resta

do que entregar-me na Tua misericórdia.

PRECISO…

  Preciso de mim para compreender

o que fazer

Preciso de mim para aceitar

os possíveis e impossíveis de suportar

Preciso de mim para discernir como proceder

com tanta gente com quem tenho de viver

Preciso de  mim para conseguir encontrar

de todas as razões de quem me rodeia

a que melhor convém a todos e a cada um

para que a felicidade de todos

seja uma realidade visível.

Ser o encontro de razões

torna-se por vezes

inaceitável e incompreensível

porque tentar estar e moderar

o centro das razões 

é de todo incomportável e impossível.

Quando se compreendem todas as razões

é impossível passar indiferente às situações

que afligem a todos e a cada um em especial

porque a “razão tem razões que a razão desconhece”

e nenhum, de nós consegue saber ao certo

qual a razão porque a razão do outro lhe acontece.

Régua, 2012/03/17 – 14.17

DEZ FORMAS DE SER FELIZ!

Viver não custa, dizia a minha mãe! O que custa é saber viver! Também o ser feliz não custa e é bom, mas temos que aprender regras de felicidade!

- Viver e deixar que os outros vivam, sem lhes causar qualquer embargo e ajudando-os, se necessário!

- Fazer alguma coisa pelos outros, doar-se a eles para não cair no egoísmo!

- Olhar-se face aos próprios movimentos, deixar para trás as birras rápidas de criança e os desejos incontrolados de adolescente, e mover-se calmamente, com benevolência e humildade, tal como os idosos que aprenderam a acalmar-se vida. com a vida!

-Saber brincar com as crianças, filhos, sobrinhos e outros familiares e amigos, gastar tempo com elas, e sem a ansiedade de ter muito, aprender a ler, a pintar, a cantar, a praticar qualquer arte que nos fará sentir sempre úteis e rejuvenescidos.

- Compartilhar os domingos com a família! O encontro da família é um enorme suporte de felicidade!

- Ter criatividade e engenho para inventar algo que ajude os jovens a conseguir emprego e outras actividades de tempo livre, para que não caiam no suicídio, na droga, no álcool, na prostituição. Não basta que os jovens tenham dinheiro, é preciso que se sintam úteis e realizados, que se bastem a si mesmos com dignidade

- Cuidar da natureza, plantas, jardins, quintais, familiarizar-se com passarinhos, peixes, animais, pois tudo isso, muito embora necessite de cuidados e dê trabalho, dá imenso prazer!

- Treinar a auto-estima e crescer humana e espiritualmente, aprendendo a não falar dos outros, a não ser que seja a dizer bem! Fazer tudo para esquecer rápido o que é negativo!

- Dar um lugar primordial ao respeito por quem pensa diferente de nós, arrastando os outros mais pelo testemunho do que com palavras, aprendendo a dialogar, não para convencer o outro da nossa razão, mas para que todos  possam crescer no seu meio ambiente natural e a partir das suas realidades concretas.

- No meio das inúmeras guerras em que vivemos e nos destroem, guerras de armas, guerras de ideias e antes de mais guerras contra os nossos próprios defeitos, procurar avidamente a paz, paz connosco mesmos, pois se não conseguirmos a nossa paz interior nunca poderemos viver em paz verdadeira com quem connosco convive!

Que o Espírito Santo nos fortaleça, Jesus seja a nossa companhia, Nossa Senhora peça por nós que tanto necessitamos!