O Evangelho de hoje, a oração
de uma mãe aflita com o mal-estar da filha, toca até ao mais profundo do
coração!
Esta passagem de Mateus
sempre me tocou muito, e apesar de me ir debruçando sobre ela, levei tempo
demais a compreendê-la minimamente.
A súplica desesperada da
mulher… a preocupação dos apóstolos… o primitivo silêncio e as palavras de Jesus…
é impressionante como Ele diz claramente que é enviado a todos os povos do
mundo, e como evidência a fé daquela mulher totalmente desligada das vivências
de Jesus e Seus discípulos!
Urge pensar friamente
como agimos perante as pessoas com quem nos cruzamos na vida, tantas vezes
incompreendidas por nós!... O facto de frequentar as igrejas só por si não
santifica ninguém, mas o saber-se Igreja e agir como tal, de acordo com o
Evangelho de Jesus Cristo!
Gostava de ter
capacidade de me poder sentir bem dentro do tempo de Jesus na Galileia para
compreender melhor os cachorrinhos… a alimentarem-se das migalhas… o que ainda
hoje se pode verificar em muitas
situações!
Sentir-se um “cachorrinho
de Jesus” é não conseguir viver sem Jesus, é saber que Ele cuida de nós!
Gostei muito da Homilia
na Eucaristia, simples e convincente! E no
Evangelho Quotidiano Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge
beneditino, depois cisterciense, apresenta a seguinte meditação:
‘«Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim»
Às vezes, Senhor,
sinto-Te passar; Tu não páras, ultrapassas-me, mas eu grito por Ti como a
mulher cananeia. Ousarei aproximar-me de Ti? Claro que sim, porque os cachorros
expulsos da casa do dono regressam sempre e, guardando a casa, recebem o seu
pão de cada dia. Expulso, aqui estou de novo; afastado, clamo; maltratado,
imploro. Como os cachorros não podem viver longe dos homens, assim também a
minha alma não pode viver longe do meu Deus!
Abre-me, Senhor. Que eu chegue a Ti para ser inundado pela tua luz. Tu habitas
nos céus, estás escondido nas trevas, na nuvem obscura. Como diz o profeta:
«Envolveste-Te numa nuvem para que as nossas orações não Te alcancem» (Lam
3,44). Estanco na terra, o coração como num atoleiro. […] As tuas estrelas já
não brilham para mim, o sol obscureceu-se, a lua já não dá a sua luz. Pretendo
cantar os teus feitos nos salmos, nos hinos e nos cânticos espirituais; no
Evangelho, as tuas palavras e as tuas acções resplandecem de luz; os exemplos
dos teus servos […], as ameaças e as promessas das tuas Escrituras de verdade
impõem-se a meus olhos e batem na surdez dos meus ouvidos. Mas a minha mente
endureceu; aprendi a dormir virado para o esplendor do sol; acostumei-me a já
não ver o que assim se me oferece. […]
Até quando, Senhor, até quando tardarás a rasgar os teus céus, a descer para
vires sacudir o meu torpor? (Sl 12,2; 63,19) Que eu deixe de ser o que sou […],
que me converta e que volte, pelo menos à noite, como um cachorrinho faminto.
Percorro a tua cidade, que peregrina ainda em parte neste mundo, embora a
maioria dos seus habitantes tenha encontrado a sua alegria nos céus. Também eu
encontrarei aí a minha casa?’
Esta meditação caiu-me
do céu!
O pensamento foge-me
frequentemente para tantos problemas de pessoas que conheço, para os nossos
governantes, para o Iraque, para o Santo Padre na sua peregrinação, e não sei
mais que poderei descobrir acerca desta passagem do Evangelho!... Talvez o que
me falta vá saindo aos pouquinhos do fundo do coração!
Que o Espírito Santo me(nos)
ajude!
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