segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MEMÓRIA, ESPERANÇA E TESTEMUNHO!



Na Audiência Geral da passada quarta-feira na catequese com os fiéis, o Papa Francisco apresentou o resumo da sua viagem apostólica à Coreia, e acerca das suas vivências nesse país referiu coisas importantíssimas para todo o povo cristão.
Vou apresentar pequenos excertos de onde se podem retirar inúmeras aprendizagens para colocarmos na vida de todos os dias.
“Nos dias passados, realizei uma viagem apostólica à Coreia e hoje, junto com vocês, agradeço ao Senhor por este grande presente. Pude visitar uma Igreja jovem e dinâmica, fundada no testemunho dos mártires e animada pelo espírito missionário, em um país onde se encontram antigas culturas asiáticas e a perene novidade do Evangelho: encontram-se ambas.”
Nestas linhas, está o que a Igreja deve ser: sempre jovem porque para Jesus não há tempo nem idade; dinâmica porque é um povo ao encontro de outros povos e a  caminho da eternidade; encontro de culturas porque integrada na vida natural de inúmeros povos sem deixar de ser a novidade da Alegria de viver segundo o Evangelho de Jesus Cristo.
Agora, como o Santo Padre vê e sente o povo coreano quando diz:
“O significado desta viagem apostólica pode ser condensado em três palavras: memória, esperança, testemunho.
A República da Coreia é um país que teve um notável e rápido desenvolvimento económico. Os seus habitantes são grandes trabalhadores, disciplinados, organizados e devem manter a força herdada dos seus antepassados.
Nesta situação, a Igreja é guardiã da memória e da esperança: é uma família espiritual na qual os adultos transmitem aos jovens a chama da fé recebida pelos idosos; a memória dos testemunhos do passado se torna novo testemunho no presente e esperança de futuro.”
Memória, esperança, testemunho, três palavras que estamos a esquecer nas nossas vivências de todos os dias, em que os idosos são cada vez mais vistos como pessoas repetitivas e antiquadas que, em vez de serem escutados nas suas largas experiências, são aturados com grande sacrifício ou despejados nos lares, longe das crianças e jovens que, assim, perdem grande parte das suas raízes por não terem oportunidade de fazerem memória dos saberes de antigamente e não poderão ter esperança no futuro que se enraíza nos testemunhos passado, nem sempre bons, mas cujo desenvolvimento cultural nos poderá encaminhar para novos rumos diferentes dos que aos nossos antepassados não surtiram bom efeito.  Sabemos que a mensagem evangélica, conforme o desenvolvimento espiritual e humano de cada pessoa, cada vez nos aparece mais perfeita e actualizada às circunstâncias, mas se não tivermos tido iniciação cristã ainda que pequena isso nunca nos poderá acontecer.
Acerca dos jovens o Papa diz:
“O jovem é sempre uma pessoa em busca de algo pelo qual valha a pena viver, e o mártir dá testemunho de algo, antes, de Alguém por quem vale a pena dar a vida. Esta realidade é o Amor de Deus, que se fez carne em Jesus, a Testemunha do Pai. Nos dois momentos da viagem dedicados aos jovens, o Espírito do Senhor Ressuscitado nos encheu de alegria e de esperança, que os jovens levarão a seus diversos países e que farão tão bem!”
São belíssimas e verdadeiras estas palavras! Temos necessidade de dar, de mostrar razões da nossa alegria e esperança cristã. Cada vez mais o mundo precisa de testemunho. O testemunho vale mais do que todas as palavras.
“A Igreja na Coreia guarda também a memória do papel primário que tiveram os leigos, seja nos primórdios da fé, seja na obra de evangelização. Naquela terra, de fato, a comunidade cristã não foi fundada por missionários, mas por um grupo de jovens coreanos da segunda metade de 1700, os quais ficaram fascinados com alguns textos cristãos, os estudaram a fundo e os escolheram como regra de vida. Um deles foi enviado a Pequim para receber o Batismo e depois este leigo batizou na sua volta os companheiros. Daquele primeiro núcleo, desenvolveu-se uma grande comunidade que, desde o início e por cerca de um século, sofreu violentas perseguições, com milhares de mártires. Deste modo, a Igreja na Coreia se baseia na fé, no engajamento missionário e no martírio dos fiéis leigos.”
Gritamos todos os dias que temos cada vez menos sacerdotes! Vejamos como nasceu e cresceu a Igreja coreana! Nós, leigos, que fazemos do nosso sacerdócio baptismal, que na nossa vida de todos os dias faz de nós mestres, profetas e reis?
“Os primeiros cristãos coreanos foram propostos como modelo à comunidade apostólica de Jerusalém, praticando o amor fraterno que supera toda diferença social. Por isso, encorajei os cristãos de hoje a serem generosos na partilha com os mais pobres e os excluídos, segundo o Evangelho de Mateus no capítulo 25: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (v. 40).”
A prática do amor fraterno é para toda a gente e acima de tudo para os cristãos! Que fazemos pelos nossos irmãos doentes, aleijados, pobres e necessitados?
“Queridos irmãos, na história da fé na Coreia, vê-se como Cristo não anula as culturas, não suprime o caminho dos povos que através dos séculos e dos milénios procuram a verdade e praticam o amor por Deus e pelo próximo. Cristo não extingue aquilo que é bom, mas o leva adiante, leva-o a seu cumprimento.
Em vez disso, aquilo que Cristo combate e vence é o maligno, que semeia a discórdia entre os homens, entre os povos; que gera exclusão por causa da idolatria do dinheiro; que semeia o veneno do nada nos corações dos jovens. Isto sim, Jesus Cristo o combateu e o venceu com o seu sacrifício de amor. E se permanecermos n’Ele, em Seu amor, nós também, como os mártires, poderemos viver e testemunhar Sua vitória. Com essa fé, rezamos e também agora rezemos por todos os filhos e filhas da terra coreana que sofrem as consequências de guerras e divisões, para que possam realizar um caminho de fraternidade e plena reconciliação.”
Ficamos preocupados com os cristãos da Coreia, do Iraque, de tantos sítios onde são perseguidos e mortos. Na nossa terra, na Europa, a perseguição é de outro tipo, é a luta exagerada pelo dinheiro e poder, pelo prazer sem barreiras nem limites, é a troca do ser pelo ter, é a indiferença cristã que mata mais do que todas as perseguições.
As perseguições atrozes que matam o corpo não podem matar a alma... mas as perseguições das nossas terras onde somos livres de viver como queremos, ou seja, de sermos cristãos ou não cristãos, honestos ou corruptos, de ajudar quem necessita ou de virar as costas aos necessitados... não matam corpos... mas destroem a felicidade dos espíritos a que chamamos alma.
Que o Espírito Santo nos ajude a ouvir, ler, interpretar e adaptar convenientemente a cada situação as palavras do nosso Papa. Que Deus o proteja!

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