sábado, 16 de agosto de 2014

«TEM PACIÊNCIA COMIGO»




Há dias, na explicação do Evangelho Quotidiano, Mt 18, 01-35.19,01, li palavras de São João Crisóstomo que me prenderam toda a atenção.
“Cristo pede-nos duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros; e que façamos a primeira por causa da segunda, que nos será então mais fácil, pois aquele que pensa sobre os seus pecados será menos severo para com os seus companheiros de miséria. E que não perdoemos apenas com a boca, mas do fundo do coração, para não voltarmos contra nós próprios o ferro com que pensamos trespassar os outros. Que mal pode fazer-te o teu inimigo, em comparação com o que podes fazer a ti próprio com o teu azedume? […]
Considera pois quantas vantagens retiras duma ofensa acolhida com humildade e mansidão. Desse modo, em primeiro lugar — e é o mais importante —, mereces o perdão dos teus pecados. Seguidamente, exercitas a paciência e a coragem. Em terceiro lugar adquires a mansidão e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe fizeram mal será ainda mais caridoso com os que o amam. Em quarto lugar, arrancas totalmente a cólera do teu coração, o que é um bem incomparável; evidentemente, aquele que liberta a sua alma da cólera também se desembaraça da tristeza: não desperdiçará a sua vida em tristezas e vãs inquietações. É que nós punimo-nos a nós próprios quando odiamos os outros; só fazemos bem a nós próprios quando os amamos. Além disso, todos te respeitarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam os demónios. Melhor ainda, se assim te comportares, até deixarás de ter inimigos.”

O “não te perdoo” e os desejos de vingança só demonstram a nossa enorme fragilidade humana e a nossa pequenez e ignorância cristã… e não levam  a nada nem a lado nenhum!

Mas, condenar as nossas asneiras e desculpar as asneiras dos outros, não é tarefa rápida nem fácil, é morosa e difícil. É uma decisão que temos de tomar para ir praticando durante toda a vida.  

O “tem paciência comigo” está implícito no procedimento de todos aqueles e aquelas que procedem mal inconscientemente… e são tantos e tantas! Está implícito também nas briguinhas e desmantelamentos das crianças, dos idosos, dos doentes… de todos os que necessitam de compreensão e carinho constantes para continuarem a viver com alguma tranquilidade.

Mas acima de tudo, o tem paciência comigo” tem de estar presente na forma como nos olhamos a nós mesmos todos os dias, pois são inúmeras as coisas que fazemos sem o querer… e inúmeras as que não realizamos por mero descuido e falta de atenção cuidada.

Que Nossa Senhora nos acompanhe pelo caminho certo e o Espírito Santo nos fortaleça o querer e a vontade!

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