sábado, 30 de agosto de 2014

EU… NÃO SEI!...




Não sei  porque preciso

que o meu braço dorido

pegue num objecto para escrever.

Não sei porque quero não sei o quê

e não quero não sei o quê.

Não sei porque não sei nada

e não encontro forma de saber.

Não sei porque faço, sou, sinto, existo…

Não sei!



Não sei como encontrar-me comigo

nem por onde ando ou onde estou.

Meu corpo está aqui, mas todo o meu ser,

aquilo que eu pensava que era,

desapareceu,

fugiu não sei por onde,

voou para o desconhecido

que eu não sei onde é

nem com quem mora.

Não sei o que fazer nem como estar,

não sei o que dizer nem se calar…

Não sei!



Não sei onde estás! Não sei o que queres!

Não sei onde Te hei-de encontrar!

Minha cabeça dói, meu coração bate apressado.

Porque Te escondes de mim?

Eu sei que existes, sei que estás,

sei que és, sei que me amas

e tenho a certeza

que o abandono que sinto é uma mensagem Tua

que eu ainda não consegui descodificar

nem vou encontrar ninguém

que me ajude a descobri-la.



Num último esforço

e na ânsia de Te encontrar

no encontro comigo mesma,

aceita as amarguras do meu nada…

deixa que as lágrimas escorram

dos meus olhos molhados

ou enxuga-as,

faz como Te aprouver,

mas ampara os que amo

que são mais Teus que meus.



Não sei a gravidade do mal-estar que sinto

nem estou preocupada com saber.

Confio em Ti com todas as minhas parcas forças.

Não sei quanto tempo me restará ainda

ser apenas uma pequena e quase invisível gota

para desaparecer de vez no Teu Oceano

que eu não mereço,

mas que me ganhaste

com os sofrimentos atrozes da Tua curta vida.

Meus sonhos desfizeram-se como fumo.

Nada mais me resta

do que entregar-me na Tua misericórdia.

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