sábado, 28 de fevereiro de 2015

«VAI PRIMEIRO RECONCILIAR-TE COM O TEU IRMÃO»


A loucura de procurar Jesus na Sagrada Comunhão é grande, muito grande, para quem ama Jesus e quer segui-Lo cada vez mais e melhor. E à medida que o tempo passa e o entendimento da vida de amor que Jesus preconiza se vai apoderando da pessoa que conscientemente a procura com toda a sua força de vontade, saem conselhos e admoestações como estas que São João Crisóstomo nos dá:
“Eis o que te proclamo, o que te asseguro, o que te digo com voz tonitruante: Que quem tem inimigos não se aproxime da mesa sagrada nem receba o Corpo do Senhor! Que os que se aproximam não tenham inimigos! Tens algum inimigo? Não te aproximes! Se quiseres fazê-lo, vai primeiro reconciliar-te e depois receberás o sacramento.
Não sou eu que falo assim, é o Senhor quem o diz, Ele que foi crucificado por nós; Ele, para te reconciliar com seu Pai, não recusou ser imolado nem derramar o seu sangue; e tu, para te reconciliares com o teu irmão, nem queres dizer uma palavra e tomar a iniciativa de ir procurá-lo? Escuta o que diz o Senhor a propósito dos que fazem como tu: «Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti…» Ele não diz: «Espera que ele venha procurar-te ou que ele receba a visita de um dos teus amigos na qualidade de reconciliador», nem diz: «Envia-lhe alguém», mas: «Corre tu pessoalmente, vai ter com ele!» «Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão.»
Incrível! Então se Deus não Se dá por desonrado de ver deixado de parte um dom que Lhe era destinado, havias tu de te considerar desonrado por dares o primeiro passo para te reconciliar com o teu irmão? Que desculpa tem semelhante conduta? Quando vês um dos teus membros cortado, não tentas por todos os meios juntá-lo ao resto do teu corpo? Faz também assim com os teus irmãos: logo que vejas que eles estão separados da tua amizade, vai depressa buscá-los, não esperes que eles sejam os primeiros a apresentar-se: apressa-te tu a tentar a reconciliação.”
Se todas as pessoas tivessem oportunidade de ouvir estes conselhos os poriam em prática, e o mundo ficaria bem diferente!
Para uma caminhada de Quaresma, desfazer mal entendidos e promover a reconciliação, o perdão e a paz é uma maravilhosa opção!
Que Deus nos ajude!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

NÃO MATAR... NEM ROUBAR!



 
Quaresma é tempo de conversão, de olharmos mais profundamente para aquilo que temos de mudar.
Na Quaresma, mais do que em outro tempo, fala-se em evitar o pecado. E há muita gente que diz, eu não mato nem roubo, não tenho pecados! Será? Será que não mata nem rouba? Claro que nem mata nem rouba, daquelas mortes ou roubos que levam aos tribunais e à prisão. Mas essas mortes e esses roubos, bem visíveis e sensíveis, poderão não ser considerados os piores pecados, pois há muitas formas de matar e roubar. São as calúnias, as mentiras, as críticas, as zombarias, os mexericos, as intrigas... atitudes que roubam a boa fama, o bom nome, e matam a vontade e alegria de viver e de crescer, a satisfação, a fé, a confiança...
E quando se perde a confiança em alguém, há sempre uma enorme dificuldade em a recuperar, e há situações tão graves que a confiança nunca mais se recupera.
Estas atitudes arruínam o corpo e matam a alma, os bens mais preciosos do ser humano.
O tempo é de olhar para o nosso íntimo e ver o que andamos a fazer da nossa vida interior que acaba por transparecer através das acções que praticamos.
Mas ainda que tenhamos feito as maiores asneiras, nunca percamos a confiança em Deus.
Deus perdoa sempre, vem sempre ao nosso encontro para nos acolher e converter. Além de nos falar directamente ao mais íntimo do coração, aproveita-Se das pessoas que se cruzam connosco no caminho da vida que são portadoras das mais diversas mensagens, oxalá as compreendamos sempre! Porque, temos também de ganhar confiança em nós mesmos e coragem para mudar o que for preciso mudar para sermos felizes!
Não podemos andar sempre a adiar a construção da nossa felicidade. Os dias da nossa vida são breves. Há que comprometer-nos já a mudar, na nossa vida, as atitudes que tiverem de ser mudadas!
Força! Vamos em frente! O amanhã não nos pertence! Não deixemos nada para amanhã, porque o amanhã poderá ser tarde!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

ESTE TEXTO... É UMA MARAVILHA!




Como o meu tempo hoje está muito curto, vou limitar-me a partilhar o comentário ao Evangelho de ontem, extraído de São Gregório Magno e que diz assim:
“Amados meus, «a terra está cheia da sua bondade» (Sl 33,5) em todo o tempo. […] Contudo, o regresso aos dias mais particularmente marcados pelo mistério da redenção humana, os dias que precedem a festa da Páscoa, exorta-nos a prepararmo-nos para ela através duma purificação religiosa. […] A festa da Páscoa caracteriza-se por toda a Igreja se regozijar com o perdão dos pecados. Esse perdão não ocorre apenas para quem renasce pelo baptismo, mas também para quem já faz parte da comunidade dos filhos adoptivos de Deus.
É verdade que é sobretudo o banho do novo nascimento que gera homens novos (Tit 3,5); apesar disso, compete-nos a todos renovarmo-nos diariamente para combatermos a corrupção da nossa condição mortal e, nas etapas do progresso interior, não há ninguém que não deva tornar-se cada vez melhor; todos devem fazer um esforço para que, no dia da redenção, ninguém permaneça nos seus vícios passados.
O que cada cristão deve fazer sempre, meus amados, deve agora ser procurado com mais urgência e generosidade. Assim, cumpriremos o jejum de quarenta dias instituído pelos apóstolos, não só pela redução de alimentos, mas sobretudo abstendo-nos de pecar. […] Nada nos aproveita mais do que juntar aos jejuns, razoáveis e santos, a prática da esmola; sob a designação de obras de misericórdia, ela abarca muitas ações bondosas, dignas de elogio, e é assim que as almas de todos os fiéis se podem unir num mesmo mérito, independentemente da desigualdade dos seus recursos.”
Que melhor poderíamos encontrar, em ocasião tão oportuna?
Força, Cristãos! O mundo necessita de perdão, de misericórdia, de paz, de amor!
Sejamos o reflexo do amor de Deus entre os homens!
Que Deus nos ajude!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

INSTRUMENTOS... que instrumentos?!...




Qualquer instrumento!
Quando falamos em instrumentos temos a consciência de que um instrumento sem mãos para o movimentar não serve para nada... para nada de nada!
Uma faca sem mão que a movimente não corta; um carro sem motorista que o conduza não anda; uma viola sem mão para premir as cordas não toca!
Que na época em que vivemos tudo poderá ser programado à distância, é um facto. Mas se não houver uma cabeça que pense como e uma mão que programe nada poderá ser feito.
Estamos a avaliar o que os nossos olhos vêem e os nossos ouvidos ouvem, coisas palpáveis aos nossos sentidos corporais. Mas com o que não é visível nem palpável a olho nu acontece a mesma coisa, tem que haver quem movimente para algo poder tomar forma, ser modificado!
Os pais orientam os filhos, os avós os netos, os professores os alunos, os patrões os empregados... o que quer dizer que todos temos de ter alguma orientação para nos podermos encaminhar na vida! E essa orientação vai-se revelando, aos poucos, nas nossas mudanças de atitudes.
Quando Jesus Cristo, Deus como o Pai e o Espírito Santo, decidiu fazer-se como nós, e que acreditamos que tenha sido como nos vão dizendo mas no final não interessa como, ao dizer-nos que fazer a vontade do Pai era a Sua missão na terra, disse-nos claramente que também nós temos uma missão nesta terra. E ao dizer-se nosso irmão alertou-nos para o caminho ou missão que temos de seguir.
Somos seres sociais, que precisamos uns dos outros, que aprendemos uns com os outros, que somos graças de Deus uns para os outros. Isto quer dizer que não conseguimos viver sozinhos, isolados do resto do mundo, mas ser pessoas disponíveis e interessadas em fazer crescer física, moral e espiritualmente todas as pessoas que nos circundam.
E aos cristãos, julgados conhecedores de Jesus Cristo e da Sua doutrina, terá de ser pedido muito mais!
Durante a nossa vida ouvimos dizer muitas vezes que somos instrumentos na mão de Deus! Instrumentos iguais a todos os outros homens e mulheres, com mãos e pés, coração e cabeça, inteligência, vontade, sensibilidade, mas que por uma graça especial de Deus lhes foi dito que Deus é amor e misericórdia que quer para os homens todo o bem e toda a felicidade!
Ser instrumentos de Deus é proclamar estas verdades a toda a gente, não por palavras, pois palavras sem acções são brisa que o vento leva, mas por acções que mostrem claramente todas as palavras que queremos dizer.
Poder-me-ão questionar: Mas isso é difícil?!...
Claro que é! Viver do amor, pelo amor e no amor é muito, muito difícil! Precisa de muito, muito e aturado treino! Precisa de muita oração, leitura e meditação, de muitos encontros com pessoas que pensam como nós para nos sentirmos apoiados e apoiarmos mutuamente, precisa passar por muitos avanços e recuos, por muitas quedas e fracassos, por muitos sonhos desfeitos... mas por entre todos estes trabalhos, aflições e canseiras, a pouco e pouco, vão aparecendo pequenas vitórias. E é assim, pensando nas pequenas vitórias que antes nos pareciam impossíveis, que vamos sentindo a mão de Deus por detrás dos nossos comportamentos. E ainda aos poucos, ao longo da caminhada, vencendo devagarinho os nossos medos e sentindo-nos cada vez mais conscientemente imersos no verdadeiro amor de Deus, que sentimos necessidade de mostrar Esse Deus a quem connosco convive, para que, tal como sentimos acontecer connosco, também eles possam sentir a mão de Deus a torná-los, de imensos ramos de silvas, rosas sem espinhos belas e verdadeiras!
Que bem, sentirmo-nos instrumentos de Deus!
Quem dera que toda a gente se sentisse Instrumento de Deus, pois o mundo humano seria, sem sombra de dúvida, muito melhor!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

OLHAR PARA O IRMÃO!



Este é um pedido constante de Jesus aos Seus seguidores. Ele pede isto a toda a gente, mas certamente exigirá mais dos que melhor O conhecem e voluntariamente com Ele convivem todos os momentos da vida.
Eu digo voluntariamente, porque com Jesus andam todas as pessoas, Ele não despreza ninguém, muito pelo contrário, passa o tempo a servir de GPS, a arranjar formas de toda a gente O seguir, a aplanar os caminhos de toda a gente, ainda que essa gente não tenha disso a menor ideia.
E então nesta quarentena a que chamamos Quaresma, ainda mais com toda a certeza, pois é o que os representantes directos da Sua Igreja que somos todos nós nos vão sugerindo todos os dias.
Não podemos seguir Jesus separados dos nossos irmãos, até porque Ele aceita como feito a Si mesmo tudo o que fizermos pelas pessoas necessitadas, e não pensemos que são só os necessitados de bens materiais, mas também dos que, tendo bens materiais em demasia, não são capazes de fazer nada pelos irmãos necessitados que os circundam.
Nada poderemos fazer de bom sem a Sua ajuda, por isso, onde haja a prática do bem, Jesus está lá!
Vejamos o que nos diz São Gregório Nazianzo acerca da Caridade:
“Pensas que a caridade é facultativa? Que não se trata de uma lei, mas de um simples conselho? Bem gostaria que fosse assim. Mas assusta-me o lado esquerdo de Deus, esse lado para onde Ele mandou os cabritos, aos quais não censurou o facto de terem roubado, pilhado, cometido adultérios ou perpetrado outros delitos deste tipo, mas o facto de não terem honrado a Cristo na pessoa dos seus pobres.
Por isso, se me julgais dignos de alguma atenção, servos de Cristo, seus irmãos e co-herdeiros, visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, honremos a Cristo, não só sentando-O à nossa mesa como Simão, não só ungindo-O com perfumes como Maria, não só dando-Lhe sepulcro como José de Arimateia, não só provendo o necessário para a sua sepultura como Nicodemos, não só, finalmente, oferecendo-Lhe ouro, incenso e mirra como os magos.
Mas, uma vez que o Senhor do universo prefere a misericórdia ao sacrifício (cf Mt 9,13), uma vez que a compaixão tem muitos mais valor que a gordura de milhares de cordeiros, ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao sairmos deste mundo, sejamos recebidos nas moradas eternas (cf Lc 16,9) pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor, a quem seja dada glória pelos séculos dos séculos.”
Claro que a Caridade não é facultativa, é um descer de todas as pessoas, muito mais das que se dizem cristãs!
Não podemos descurar esta nossa obrigação de ir ao encontro de quem necessita de vencer alguma dificuldade, seja de que espécie for!
Que Deus nos ajude!