segunda-feira, 13 de julho de 2009

AMOR, ENTREGA, DESPRENDIMENTO, DOAÇÃO

Hoje quedei-me no Evangelho do dia, Mateus 10,34-42.11,1.

“Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho do seu pai, a filha da sua mãe e a nora da sua sogra; de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem amar o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não tomar a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. Aquele que conservar a vida para si, há-de perdê-la; aquele que perder a sua vida por causa de mim, há-de salvá-la.» «Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá recompensa de profeta; e quem recebe um justo, por ele ser justo, receberá recompensa de justo. E quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.» Quando Jesus acabou de dar estas instruções aos doze discípulos, partiu dali, a fim de ir ensinar e pregar nas suas cidades.”



Esta passagem do Evangelho é muito significativa na vida de qualquer pessoa e quando me aparece como meditação penso logo em tantas afirmações paradoxais que se resumem apenas a uma: “não vim trazer a paz mas a espada”... esta “espada” que sou eu contra mim... o resto é pura conversa.
Eu, dentro do meu Bilhete de Identidade que é o meu corpo que me guarda e apresenta, sou corpo e espírito, e como tal, dentro de mim, aguento uma luta diária permanente e persistente. Corpo e espírito têm quereres diferentes. Seja qual for o local exacto da minha caminhada de ascensão para Deus sempre terei de usar “o fio da espada” para cortar de mim o que me afaste de mim, de Deus e dos irmãos.
É o amor que comanda a acção da minha espada... e o meu corpo lado a lado com o meu ego solicita a presença carinhosa e os elogios e toques constantes e aconchegantes dos meus familiares e amigos para poder manter-se em equilíbrio... contudo, isto são pertences que, embora levem ao céu, são especificamente terrenos... pelo que quando me prendo demasiado nessas minhas solicitações corporais e limitação ao mais efémero, o efémero toma conta de mim. Então, não descurando essa parte de mim, urge espiritualizá-la, ou seja, aproveitá-la, usufruir dela, não somente para proveito próprio, mas para um amor e doação alargados a Deus e a todas as suas criaturas.
E não posso ter ilusões... diz-me a experiência que quanto maior for o abandono de mim à causa dos outros, de todos, dos mais distantes, dos desprotegidos ou necessitados... quando parece até que a família e amigos ficam para trás por esses meus comportamentos que podem parecer até esquisitos... é que amo verdadeiramente a família e amigos, sem egoísmo, sem amor exagerado à minha pessoa, aos meus quereres, às minhas pretensões... é que amo verdadeiramente com um AMOR VERDADEIRO e universal... que quanto mais desprendido for, mais se assemelhará ao Amor de Deus por mim e por todos os seres humanos.




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