sexta-feira, 14 de março de 2014

«PEDI, E SER-VOS-Á DADO»




Achei muito… muito importante… por isso partilho:


“Escuta o que diz [o Salmista]: «Diante de Vós, Senhor, estão os meus desejos» (Sl 37,10). Não estão diante dos homens, que não podem ver o coração, mas «diante de Vós, Senhor». […] Esteja o teu desejo sempre na sua presença; e o Pai, «que vê o [que está] oculto, há-de retribuir-te» (Mt 6,4). Porque o teu desejo é a tua oração. Se o teu desejo for contínuo, contínua será também a tua oração. Não foi em vão que disse o Apóstolo: «Orai sem cessar» (1Tess 5,17). Será preciso, então, estar continuamente de joelhos, prostrados, de mãos erguidas, para obedecer a este preceito: «orai sem cessar»? Se é isso que entendemos por orar, julgo que não podemos orar sem cessar.
Existe, porém, outra oração interior e contínua, que é o desejo. Nem que estejas ocupado a fazer outra coisa, se desejas o descanso eterno em Deus, não interrompes a oração. Se não queres interromper a oração, não interrompas o desejo. Se o teu desejo é contínuo, é contínua a tua voz. Calar-te-ás se deixares de amar. Quem é que se cala? Aqueles de quem foi dito: «Pela abundância da iniquidade resfriará o amor de muitos» (Mt 24,12). A frieza do amor é a mudez do coração, mas o fervor do amor é o clamor do coração. Se o amor permanece sempre (cf 1Cor 13,8), clamas sempre; se clamas sempre, desejas sempre; se desejas, recordas-te daquele descanso.
«Diante de Vós, Senhor, estão os meus desejos […] e não Vos são ocultos os meus gemidos» (Sl 37,10). […] A verdade é que, se permanece o desejo, permanece também o gemido. Nem sempre ele chega aos ouvidos dos homens, mas nunca deixa de chegar aos ouvidos de Deus.”
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja

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