sábado, 23 de fevereiro de 2019

‘BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO’


         É difícil a pureza do coração perante tantas incertezas da vida!
São tantas... tantas... são tantas as incertezas da vida que, por mais que se fale delas... nunca as esgotaremos!
O desenrolar dos dias assim nos vai dizendo, em todos os seus segundos!
Somos pequenos, ansiamos crescer... e quando crescemos valorizamos o nosso ser pequeninos!...
Mas o crescimento não é só o que se vê com os olhos, há crescimentos muito mais importantes que só se vislumbram com os olhos do coração!
De qualquer forma e em qualquer circunstância, nada é capaz de nos afastar das incertezas!
Muito natural, pois o único tempo que podemos dominar é o ‘agora’, uma vez que o passado não volta e o futuro não nos pertence!
E há tantas coisas... inúmeras coisas com que vivemos e acabamos por nunca compreender cabalmente.
A vida, toda ela, é um sonho! Um sonho de Deus... ou melhor dito... uma realidade de Deus e um sonho do Homem.
Digo uma realidade de Deus porque Ele supera tudo quanto somos e queremos, porque nos conhece melhor do que nós mesmos, e por isso, só Ele sabe do que, nas nossas fraquezas e misérias, seremos capazes! Só Ele é o verdadeiro Senhor dos nossos sonhos... que só com Ele se tornarão realidades!
A vida é assim como um mar... ora revolto... ora calmo... mas muito difícil de lhe prever as suas mudanças inesperadas!
Os estudos ajudam, são conhecimento da Natureza das coisas, mas ainda assim há surpresas... muitas surpresas... e algumas bem desagradáveis.
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São Gregório de Nissa (c. 335-395)
monge, bispo
A impressão que se tem quando se olha a imensidão do mar é a mesma que o meu espírito sente quando, do alto das palavras escarpadas do Senhor, como do cimo de uma falésia, contemplo o seu abismo infinito. […] A minha alma sente vertigens diante destas palavras do Senhor: «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5,8). Deus oferece-Se ao olhar daqueles que têm o coração puro. Ora, «ninguém jamais viu a Deus» (Jo 1,18), diz São João. E São Paulo confirma esta ideia, ao falar daquele «a quem nenhum homem viu, nem pode ver» (1Tim 6,16). Deus é o rochedo abrupto e afilado, que não oferece o menor amparo à imaginação. Também Moisés Lhe chamava inacessível […], pondo na boca de Deus as seguintes palavras: «O homem não pode contemplar-Me e continuar a viver» (Ex 33,20). Quer dizer que a vida eterna é a visão de Deus, e que estes pilares da fé nos afirmam que tal é impossível? […]
Mas o Senhor estimula a nossa esperança, e deu-nos uma prova na pessoa de Pedro, tornando firmes as águas sob os pés deste discípulo que estava prestes a afogar-se (Mt 14,30). A mão do Verbo estender-se-á igualmente para nós, que estamos submersos nestes abismos, para nos devolver as forças. Ficaremos então mais seguros, porque seremos firmemente dirigidos pela mão do Verbo.
«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus»: semelhante promessa ultrapassa as nossas maiores alegrias; após tal felicidade, que mais podemos desejar? […] Aquele que vê a Deus possui, por via dessa visão, todos os bens imagináveis: uma vida sem fim, uma incorruptibilidade perpétua, uma alegria inesgotável, um poder invencível, delícias eternas, a luz verdadeira, as doces palavras do Espírito, uma glória incomparável, uma satisfação ininterrupta, enfim, todos os bens. Que tal beatitude seja para nós uma fonte de esperança!
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Fonte de esperança... nas incertezas da vida... como forma discreta de purificar o coração!
Purificar o coração nos sofrimentos, físicos, morais, espirituais... qual deles o melhor ou pior!...
Que o Deus da vida nos ajude em todas as nossas (in)certezas!
Boa noite... Bom Domingo... Boa semana... com o coração puro!
HN

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