terça-feira, 5 de julho de 2016

ABRIR… OU FECHAR?!...

Não sei! Não sei se abrir ou fechar! Há sempre dois pontos de vista, dois modos de ver as coisas, modos que variam conforme o ângulo de onde são vistos.
Se eu que uma vida que ajude à felicidade de toda a gente, tenho de fechar as portas do meu coração ao orgulho e abri-las à disponibilidade do amor!
Se eu quero aprender a ouvir, tenho que abrir o meu coração à autocrítica e fechá-lo a todo o julgamento, mau humor, impaciência!
Se eu quero ser verdadeira, tenho que me fechar à maldade e hipocrisia para me abrir à minha própria realidade, linda ou feia, mas tal qual como ela é!
Engraçado!... nunca me tinha passado pela cabeça que a vida se vai desenrolando num constante fechar e abrir, fechar e abrir!
Foi para nos abrir a porta da verdadeira vida de graça e verdade que Jesus entregou as chaves a São Pedro.
Temos de ter muito cuidado com os nossos fechamentos que na maior parte dos casos não nos levam a nada.
Quando nos virmos entalados sem saber muito bem o que fazer, rezemos! Nada nos impedira nunca de rezar, de unir-nos ao Senhor para que nos ajude a encontrar a melhor saída para os nossos problemas, para nos ajudar a encontrar o melhor caminho para nós que acaba por ser o melhor para toda a gente, pois como comunidade que somos, todo o bem que cada um fizer será sempre a bem de todos.
Já nos disse algures o Para Francisco:
“A oração, como humilde entrega a Deus e à sua santa vontade, é sempre a via de saída dos nossos fechamentos pessoais e comunitários. É a grande via de saída dos fechamentos.”
E continua, referindo-se a Paulo:
“Paulo fala duma «abertura» muito maior, para um horizonte infinitamente mais amplo: o da vida eterna, que o espera depois de ter concluído a «corrida» terrena. Assim é belo ver a vida do Apóstolo toda «em saída» por causa do Evangelho: toda projetada para a frente, primeiro, para levar Cristo àqueles que não O conhecem e, depois, para se lançar, por assim dizer, nos seus braços e ser levado por Ele «a salvo para o seu Reino celeste» (v. 18).
Mas voltemos a Pedro… A narração evangélica (Mt 16, 13-19) da sua confissão de fé e consequente missão a ele confiada por Jesus mostra-nos que a vida do pescador galileu Simão – como a vida de cada um de nós – se abre, desabrocha plenamente quando acolhe, de Deus Pai, a graça da fé. E Simão põe-se a caminhar – um caminho longo e duro – que o levará a sair de si mesmo, das suas seguranças humanas, sobretudo do seu orgulho misturado com uma certa coragem e altruísmo generoso. Decisiva neste seu percurso de libertação é a oração de Jesus: «Eu roguei por ti [Simão], para que a tua fé não desapareça» (Lc22, 32). E igualmente decisivo é o olhar cheio de compaixão do Senhor depois que Pedro O negou três vezes: um olhar que toca o coração e liberta as lágrimas do arrependimento (cf. Lc 22, 61-62). Então Simão Pedro foi liberto da prisão do seu eu orgulhoso, do seu eu medroso, e superou a tentação de se fechar à chamada de Jesus para O seguir no caminho da cruz.
E diz ainda mais:
“ Quando Pedro, miraculosamente liberto, se vê fora da prisão de Herodes, vai ter à casa da mãe de João chamado Marcos. Bate à porta e, de dentro, vem atender uma empregada chamada Rode, que, tendo reconhecido a voz de Pedro, em vez de abrir a porta, incrédula e conjuntamente cheia de alegria corre a informar a patroa. A narração, que pode parecer cómica – e pode ter dado início ao chamado «complexo de Rode» –, deixa intuir o clima de medo em que estava a comunidade cristã, fechada em casa e fechada também às surpresas de Deus. Pedro bate à porta. – «Vai ver quem é!» Há alegria, há medo… «Abrimos ou não?» Entretanto ele corre perigo, porque a polícia pode prendê-lo. Mas o medo paralisa-nos, sempre nos paralisa; fecha-nos, fecha-nos às surpresas de Deus. Este detalhe fala-nos duma tentação que sempre existe na Igreja: a tentação de fechar-se em si mesma, à vista dos perigos. Mas mesmo aqui há uma brecha por onde pode passar a ação de Deus: Lucas diz que, naquela casa, «numerosos fiéis estavam reunidos a orar» (v. 12). A oração permite que a graça abra uma via de saída: do fechamento à abertura, do medo à coragem, da tristeza à alegria. E podemos acrescentar: da divisão à unidade.”
E dizer mais… o quê?
Que Deus nos ajude a fechar-nos a todo o mal e a abrir-nos à Sua Graça como a todos convém!

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