Jesus é o senhor não só do sábado, mas de tudo!
O sábado, antigamente, era o último dia, o dia do repouso, o
dia do descanso…
Acerca do Evangelho de hoje, Mt 12, 1-8, que nos fala do que
Jesus respondeu a quem o interpelou sobre a razão porque os Seus discípulos
tiravam espigas para comer em dia de sábado, em que, ‘naquele tempo’, não se
podia fazer nada, diz Santo Agostinho:
“«O Filho do Homem é
senhor do sábado.»
Senhor Deus, Tu que nos
cumulaste de tudo, dá-nos a paz (Is 26,12), a paz do repouso, a paz do sábado,
do sábado que não tem ocaso. Porque esta bela ordem das coisas que criaste, e
que são «muito boas» (Gn 1,31), passará quando tiver chegado ao termo do seu
destino. Sim, elas tiveram a sua manhã e terão a sua tarde. Mas o sétimo dia
não tem tarde, não tem ocaso, porque Tu o santificaste a fim de que ele dure
para sempre. No termo das tuas obras «muito boas», que contudo fizeste em
repouso, Tu repousaste ao sétimo dia, a fim de nos fazeres compreender que, no
termo das nossas obras, que são muito boas porque foste Tu que no-las deste (Is
26,12), também nós repousaremos em Ti, no sábado da vida eterna. Então repousarás
em nós como agora ages em nós; desse modo, o repouso que experimentaremos será
o teu, tal como as obras que fazemos são as tuas.
Tu, Senhor, trabalhas constantemente e estás constantemente em repouso. […]
Quanto a nós, chega um momento em que somos levados a fazer o bem, depois de o
nosso coração o ter concebido pelo teu Espírito, enquanto anteriormente éramos
levados a fazer o mal, quando Te abandonávamos. Tu, único Deus bom, nunca
deixaste de fazer o bem. Algumas das nossas obras são boas – pela tua graça, é
certo –, mas não são eternas; depois de as fazermos, esperamos repousar na tua
inefável santificação. Mas Tu, bem que não precisa de nenhum outro bem, Tu
estás constantemente em repouso, porque Tu próprio és o teu repouso.
Quem, de entre os homens, poderá dar a conhecer tudo isto ao homem? Que anjo o
dará a conhecer aos anjos? Que anjo ao homem? É a Ti que devemos pedir esse
conhecimento, em Ti que devemos procurá-lo, à tua porta que devemos bater. E
dessa maneira sim, dessa maneira recebê-lo-emos, dessa maneira
encontrá-lo-emos, dessa maneira abrir-se-á a tua porta (Mt 7,8).”
Penso em tudo quanto o texto nos diz e atento-me nas últimas
frases.
Nunca os homens nos poderão dar a conhecer as belezas e grandezas
do imenso Amor de Deus sem uma graça especial de Deus.
Os homens e mulheres com quem convivemos todos os dias…
todos únicos e irrepetíveis… são os olhos, as mãos, os dedos, o coração de Deus
junto de nós!
Senhor! Que consigamos experimentar esta verdade, sendo,
para todos os homens e mulheres que se cruzarem connosco nos caminhos da vida,
o rosto, embora muito diluído, da Tua infinita misericórdia!
Que sempre sejas louvado!
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