Lembro os Sábados Santos da minha
infância a cortar flores das enormes camélias da minha avó Hermínia, para
repartir pelos amigos. E de andar a apanhar as pequeninas flores de sargacinha
para com elas escrever palavras na mesa de Páscoa do Senhor!
Havia lugares em que a saída do Compasso
era feita nesse sábado!
Noutros lugares da paróquia,
realizava-se na segunda-feira, era o caso do lugar minha avó Maria
Em qualquer sítio e lugar, o tocar
estridente das campainhas anunciava a chegada da tão ansiada Cruz, e aqui e
além os foguetes estoiravam com alegria.
As crianças corriam de casa em casa à
procura de algumas amêndoas que um dos ‘folareiros’ ia repartindo conforme as
situações encontradas.
Não havia doces variados como agora, mas
o simples pâo-de-ló cozido no forno a lenha satisfazia todos os estômagos!
Que alegria misteriosa... que agora é
substituída não sei muito bem porquê!
Naquele
tempo... não havia folares nem coelhinhos nem qualquer outra coisa. era tudo
natural como qualquer um ou uma de nós!
Mas
a Quaresma tinha sermões especiais nalgumas paróquias que eram aproveitados por
quem para lá se podia dirigir, não havia carros como agora.
E
em cada igreja era celebrada a Via-Sacra, de casa bem cheia.
Não
me recordo dos textos utilizados, mas de uma vez foram tão fortes para mim que
minha mãe viu-se aflita para me fazer calar e estancar a água que corria dos
olhos. Os tempos mudam... e muitas tradições se vão perdendo na busca de melhor
ou mais bem-estar, não sei muito bem.
Naquele
tempo, não havia formas de aprender como agora, que só não conhece Jesus Cristo
quem não se interessa por conhecê-Lo... ou pelo menos tentar saber e viver mais
alguma coisa de acordo com o que Ele dizia e fazia... porque isto de acreditar
plenamente em Jesus Cristo seguindo-O de perto ou integrando-se na Igreja que
nos deixou formada por Ele e por todos os Batizados a Ele unidos como um corpo
do quem Ele é a cabeça, só pode ser místico, ou seja, credível pela fé, porque
é impossível ser visto com os olhos e outras faculdades corporais.
Daí...
gente querida! Não critiquemos quem vai ou não à Igreja, porque é uma questão
de fé... que se a temos... devemos sim, agradece-la e trabalhá-la o melhor que
podermos e soubermos.
Que
há na Igreja pessoas que nos parece deverem ser postas de lá para fora... é um
facto... mas São Pedro negou Cristo três vezes e foi escolhido para chefe dos
Apóstolos... e São Paulo perseguiu fortemente a Igreja e foi um dos seus mais
fortes pilares!
Aceitemo-nos
mutuamente como frágeis e pecadores que somos, todos, acreditando séria e
firmemente na infinita misericórdia de Deus que nos ama e quer a todos,
principalmente aos mais fracos, que aproveita para serem, depois, exemplo de
conversão para muitos. É só reparar para Santo Agostinho... e por aí adiante...
tantos Santos e Santas que servem de exemplo e de conversão e mudança!
Muitas das histórias dos grandes Santos
da Igreja começaram com muitas asneiras!
Não
podemos olhar nunca para as asneiras que as pessoas fizeram, ou fazem, mas para
o que vieram a ser, ou virão a ser um dia.
Somos
seres em construção, e valeremos pelo que formos quando chegar o momento de
partirmos deste mundo para o Pai, que é o que estamos a celebrar nesta semana
em referência ao nosso querido e amado Jesus!
Boa
Vigília Pascal, e Boa Páscoa!
Carinhosamente!
Hermínia
Nadais
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