Ele respondeu: «Não lestes que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher,
e disse: Por isso, o homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois um só?
Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.»
Eles, porém, objectaram: «Então, porque é que Moisés preceituou dar-lhe carta de divórcio, ao repudiá-la?»
Respondeu Jesus: «Por causa da dureza do vosso coração, Moisés permitiu que repudiásseis as vossas mulheres; mas, ao princípio, não foi assim.
Ora Eu digo-vos: Se alguém se divorciar da sua mulher excepto em caso de união ilegal e casar com outra, comete adultério.»
Os discípulos disseram-lhe: «Se é essa a situação do homem perante a mulher, não é conveniente casar-se!»
Respondeu-lhes Jesus: «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado.
Há eunucos que nasceram assim do seio materno, há os que se tornaram eunucos pela interferência dos homens e há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu. Quem puder compreender, compreenda.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 99; PL 52,477
Mas por que razão, nas imagens que nos dá do seu Reino, Deus faz que intervenham desta maneira a mulher e o homem? (cf Lc 13,18.21). Porque nos sugere tanta grandeza servindo-Se de exemplos que podem afigurar-se-nos fracos e desproporcionados? Irmãos, um precioso mistério se esconde sob esta pobreza. Nas palavras do apóstolo Paulo: «Grande é este mistério: […] mas eu interpreto-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5,32).
Tais parábolas evocam o maior projecto da humanidade: o homem e a mulher puseram fim ao processo do mundo, processo que durava há séculos. Adão, o primeiro homem, e Eva, a primeira mulher, são conduzidos, da árvore do conhecimento do bem e do mal, ao fogo […] do Evangelho […]. Suas bocas, doentes com o fruto da árvore envenenada, sararão com o sabor caloroso da árvore da salvação; árvore com sabor a fogo, que inflama a consciência gelada pela árvore de outrora. Agora, a nudez perde efeito, já não causa vergonha: o homem e a mulher estão completamente cobertos de perdão."
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