segunda-feira, 4 de março de 2019

ASPIRAR À PERFEIÇÃO


Na Liturgia Diária estamos a meditar no Livro do Bem Sirá ou Sabedoria, que nos apresenta as mais maravilhosas formas de atuar na vida. Algo de extraordinário!
Ler de qualquer forma os livros Sagrados não adianta muito, pois são tão profundos que se não consegue retirar deles o verdadeiro sumo que contém. É preciso ler devagarinho, voltar a ler, procurar o que está escrito a respeito da leitura, observar o que na leitura nos diz respeito, interiorizar o que fazer e tentar a todo o custo melhorar o que estiver menos bem.
Menos bem, digo eu! Isso de descobrir o que está menos bem exige muita profundidade para conseguir olhar o mais íntimo de nós mesmos, muita humildade para o poder aceitar e muita coragem para o poder modificar ou ter outras atitudes na vida.
Os frutos das plantas são saborosos, uns mais que outros, e cada planta tem seus frutos específicos.
As atitudes de cada homem e de cada mulher também são específicas cada qual em si mesma ou em si mesmo, são como frutos agradáveis a Deus e a quem connosco convive.
«»
São Francisco de Sales (1567-1622)
bispo de Genebra, doutor da Igreja
Introdução à vida devota, I, cap. 3
Na criação, Deus mandou que as plantas dessem os seus frutos, cada uma «segundo as suas espécies» (Gn 1,11); da mesma maneira, ordenou aos cristãos, que são as plantas vivas da sua Igreja, que produzissem frutos de devoção, cada um segundo a sua qualidade e vocação. A devoção, a vida cristã, deve ser exercida de formas diferentes pelo fidalgo, pelo artesão, pelo criado, pelo príncipe, pela viúva, pela jovem e pela mulher casada; e também é preciso acomodar a prática da devoção às forças, às atividades e aos deveres específicos de cada um. [...] E se o bispo preferisse ser solitário como os monges? E se os casados não quisessem trabalhar como os capuchinhos, se o artesão estivesse todo o dia na igreja como o religioso, e o religioso constantemente exposto a todo o tipo de encontros para o serviço do próximo como o bispo? Tal não seria ridículo, desregrado e insuportável? Este erro, no entanto, é muito frequente. [...]
A devoção, quando é verdadeira, em nada prejudica; pelo contrário, tudo aperfeiçoa. [...] «A abelha», diz Aristóteles, «tira o mel das flores sem as estragar», deixando-as inteiras e frescas como as encontrou. A verdadeira devoção faz ainda melhor, pois, não só não prejudica nenhum tipo de vocação nem atividade, como, pelo contrário, as honra e embeleza. [...] Com ela, o cuidado da família torna-se mais pacífico, o amor do marido e da mulher mais sincero, o serviço do príncipe mais fiel, e todos os tipos de ocupação mais suaves e amáveis.
Não é só um erro, é também uma heresia querer banir a devoção das companhias de soldados, das lojas dos artesãos, da corte dos príncipes, dos lares dos casais. [...] Onde quer que estejamos, podemos e devemos aspirar à perfeição.
«»
Há quantos anos este texto foi escrito... e continua atual!...
Há pessoas admiráveis... capazes de arranjar forma de explicar o que para nós é inexplicável.
Este texto que me chegou através de ‘Evangelizo’ é de uma dessas pessoas que nos ensinam imenso!
Quando era jovem pensava que a perfeição estava num convento... hoje vejo o quanto estava errada!
O caminho da perfeição está onde um homem ou uma mulher estiverem! Está no Amor que cada um ou uma de nós coloca nos hábitos que contrai e no que faz e diz... que é sempre fruto do que, no mais profundo do seu ‘ser’, pensa e sente!
Aspirar à perfeição é querer ser cada vez melhor, pessoa mais humana e, consequentemente, mais cristã, certa de que Jesus Cristo foi o Homem mais Humano que existiu desde todos os tempos e nunca ninguém conseguirá ser mais Humano do que Ele foi e é, pois continua vivo numa outra dimensão para a qual também somos chamados, porque depois da partida a nossa vida continua na eternidade, não acaba aqui.
Momentos como este em que me dedico a registar aprendizagens tão gratificantes, são, para mim, momentos de maravilhosa sabedoria... são um pouquinho da Sabedoria do Senhor a trabalhar em mim e comigo!
Que sempre seja louvado!
HN

Sem comentários: