O Pedagogo, I, 12, 17; SC 70
domingo, 31 de março de 2019
CONDUZIR-NOS A NÓS MESMOS COMO CRIANÇAS!
Todos nós, adultos conscientes
e responsáveis, sabemos a dificuldade que existe em conduzir as crianças a um
bom crescimento total. Além de uma grande preparação psicopedagógica é preciso
um esforço muito aturado para levar a cabo essa enorme missão. Que o digam os
pais e mães, os avós, hoje muito presentes na ajuda aos filhos na educação dos
netos, os responsáveis e trabalhadores nas creches e infantários, os professores
em geral, padres, catequistas, dirigentes dos Escuteiros e de outros grupos destinados
ao desenvolvimento infantojuvenil. A esperança de um mundo melhor, mais humano
e fraterno, começa aqui!
Mas... quantos conhecimentos,
quanta dedicação quanta ternura e carinho, quanta certeza e segurança, quanto
amor necessitam as crianças e jovens para poderem alcançar o seu pleno desenvolvimento.
E todos estes requisitos educacionais
não são de agora, são de sempre. Muitas vezes ouvimos críticas aos jovens... quando
os criticados deveriam ser os seus educadores... o os educadores dos seus
educadores! Digo isto porque tenho a certeza de que ninguém poderá dar o que não
tem, e a total valorização da criança em si mesma, a aprender durante várias
gerações antes do seu nascimento, é tarefa que ainda está muito longe do fim!
O velho ditado: ‘Filho és, pai
serás, como fizeres assim acharás’ não tem só a ver com castigos de comportamentos
errados dos filhos, mas antes e acima de tudo do mau exemplo dos pais, da má
forma que os pais têm de conduzir os filhos na sua infância e adolescência, muitas
vezes inconscientemente.
Mas... não culpemos as
crianças! Não as critiquemos pelos seus erros! Antes... analisemos os seus
comportamentos, os seus desejos de aprender, de crescer, os esforços por
conseguirem alcançar êxitos nas suas conquistas, nos seus empreendimentos, na
vontade e por vezes teimosia que demonstram em querer a todo o custo aprender
tantas coisas que necessitam!
Esta... deve ser a nossa
postura diante das crianças, pois é-nos
sugerido que nos façamos com
elas!
«»
São Clemente de Alexandria (150-c. 215) teólogo
O Pedagogo, I, 12, 17; SC 70
O Pedagogo, I, 12, 17; SC 70
O papel de Cristo, nosso
Pedagogo, é, como o nome indica, o de conduzir as crianças. Resta avaliar a que
crianças quer a Escritura referir-se, e depois dar-lhes o Pedagogo. As crianças
somos nós. A Escritura celebra-nos de diferentes formas, serve-se de imagens
diversas para nos designar, colorindo com muitos tons a simplicidade da fé. Diz
o Evangelho que o Senhor Se apresentou na margem e Se dirigiu aos seus
discípulos que tinham estado a pescar, dizendo: «Rapazes, tendes algum peixe
que se coma?» (Jo 21,4-5) Era aos discípulos que Ele chamava «rapazes».
«Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os
discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes:
"Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas
é o reino de Deus".» O próprio Senhor esclarece o sentido destas palavras
dizendo: «Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no
reino dos Céus» (Mt 18,3). E não está a falar da regeneração, mas a propor-nos
que imitemos a simplicidade das crianças. [...]
Pode-se realmente considerar que
aqueles que só conhecem Deus como Pai – que são como recém-nascidos, simples e
puros – são como crianças. [...] São seres que progrediram no Verbo, que Ele
convida a desligarem-se das preocupações deste mundo, para escutarem apenas o
Pai, imitando as crianças. É por isso que lhes diz: «Não vos preocupeis com o
dia de amanhã. Basta a cada dia o seu trabalho» (Mt 6,34), exortando-nos a
distanciarmo-nos dos problemas deste mundo, para nos dedicarmos apenas ao nosso
Pai. Aquele que pratica este mandamento é um verdadeiro recém-nascido, uma
criança para Deus e para o mundo, pois este considera-o um ignorante e Aquele
um alvo da sua ternura.
«»
Nós... eternas crianças de
Deus! E somo-lo, de verdade!
Quanto mais nos esforçamos por
conhecer Deus, mais predicados encontramos em Deus, e mais reconhecemos que, de facto, não nos é
possível reconhecer Deus tal qual é... assim como as crianças se vão
descobrindo e crescendo ao longo da vida, as criança de Deus, criaturas
humanas, passarão a vida inteira procurando Deus que só conhecerão em pleno na
eternidade para o que foram criadas.
Boa noite e boa semana... humildes
com crianças!
HN
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