Diz-se inúmeras vezes que a
família está em crise, e se a família é constituída por pessoas, são as pessoas
que estão em crise, nas famílias!
Desde sempre existiram
problemas familiares, e a educação recebida tem muito a ver com esses problemas!
Se andarmos uns séculos para
trás e observarmos as relações familiares... a forma como o trabalho estava distribuído
na família, o papel do homem e da mulher nas relações familiares, a relação do
novo casal com seus pais e outros familiares, o alojamento do casal recém
formado, o cuidado com os filhos do mesmo... e sei lá quantas coisas mais...
encontraremos muitas das raízes dos gravíssimos problemas que vão afetando no
dia a dia as nossas famílias de hoje.
Ao falar-se na valorização da
mulher, urgente e necessária, temos que o dizer, passou-se um pouco do ‘oito ao
oitenta’!
Enquanto no passado as
mulheres, devido ao trabalho mais liberto do cumprimento de horários e serviços
rígidos tinham a seu cargo a organização e limpeza da casa, louças, roupas, e antes
e acima de tudo a educação e cuidado dos filhos... por razões de economia familiar
e melhor integração social as mulheres começaram a sair para o trabalho que
antes era apanágio dos homens... que na sua grande maioria continuaram desinteressados
dos afazeres domésticos, educação dos filhos e cuidado dos pais e outros idosos
da família, o que originou uma enorme sobrecarga para a mulher!
Os infantários e creches, são
maravilhosos para a socialização, mas continuam a exigir muita atividade dos
pais no sentido de passarem aos filhos os seus próprios valores para que a sociedade
possa, realmente, viver em paz e fraternidade. Mas o cansaço de um dia cheio de
atividade profissional muitas vezes estraga tudo, não deixa disposição para
quem dela necessita.
Há escritos a que devemos dar
toda a atenção... e adaptá-los cada um a si mesmo!
«»
São João Crisóstomo (c. 345-407)
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia 20 sobre a Carta aos Efésios, 4, 8, 9: PG 62,
140ss.
O que deves dizer à tua mulher?
Diz-lhe com muita ternura: «Escolhi-te, amo-te e prefiro-te à minha própria
vida. A existência presente nada é; por essa razão, as minhas orações, as
minhas recomendações e todas as minhas ações destinam-se a fazer com que nos
seja dado passar esta vida de tal maneira, que voltemos a reunir-nos na vida
futura sem qualquer receio de sermos separados. O tempo que vivemos é breve e
frágil. Se nos for dado agradar a Deus durante esta vida, estaremos para sempre
com Cristo e um com o outro, numa felicidade sem limites. O teu amor
arrebata-me mais que tudo, e não conhecerei infelicidade tão insuportável como
a de estar separado de ti. Mesmo que tivesse de perder tudo, de ser pobre que
nem um mendigo, de passar pelos maiores perigos e de sofrer fosse o que fosse,
tudo isso me seria suportável desde que o teu afeto por mim não diminuísse. Só
com base neste amor desejo ter filhos.»
E convém que adeques o teu
comportamento a essas palavras. [...] Mostra à tua mulher que aprecias viver
com ela e que, por causa dela, preferes estar em casa que na rua. Prefere-a a
todos os teus amigos, e mesmo aos filhos que ela te deu; que estes sejam amados
por ti por causa dela. [...]
Fazei as vossas orações em comum.
Ide à igreja e, ao regressar a casa, contai um ao outro o que foi dito e o que
foi lido. [...] Aprendei a temer a Deus, e tudo o resto decorrerá daqui, e a
vossa casa encher-se-á de inúmeros bens. Aspiremos aos bens incorruptíveis, que
os outros não nos faltarão. Procurai primeiro o Reino de Deus, e o resto
ser-vos-á dado por acréscimo, como nos diz o evangelho (Mt 6,33).
«»
Há escritos, como este, a que
devemos dar toda a atenção... e adaptá-los cada um a si mesmo, o homem, mas
também a mulher!
Fala-se por demais em violência
doméstica... e quando isso acontece há sempre a tentação de nos voltarmos para
os homens, de vermos sempre os homens como os principais violadores, o que nem
sempre é verdade!
Não posso dizer que conheço
muitas famílias com problemas, mas conheço algumas, e bem sofridas! E se tento,
pelo que de tudo posso perceber, ir ao fundo da questão... algumas mulheres,
que se julgam umas coitadinhas, não estão impunes.
A imagem que temos do
Sacramento do Matrimónio é a entrega de Cristo pela Sua Igreja, situação que tanto
o homem como a mulher devem ter em conta.
No Matrimónio, homem e mulher devem
entregar-se assim um ao outro, como Cristo se entregou pela Sua Igreja e por
todos nós, seres humanos!
Não passemos a vida a culpar uns
aos outros, porque isso não nos leva a nada. Antes... olhemo-nos profunda e
atentamente no sentido de podermos verificar se estamos a viver como convém
a ambos, marido e esposa, aos filhos
que sofrem imenso com os desentendimentos dos pais, e aos restantes familiares
e sociedade em geral que, se tiver um pouco de bom senso, só se sentirá
realizada e feliz se todos os seus membros o forem de verdade!
Sem sombra de dúvidas, devemos
rezar, e muito, pela união, paz e fraternidade no seio de todas as famílias!
Bom fim de semana, em família!
HN
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