quarta-feira, 4 de março de 2020

MORTE 'CARÍSSIMA'!


Quando falamos neste tipo de morte ‘caríssima’, estamos a referir-nos à morte dolorosíssima de Jesus naquela tremenda e pesada Cruz que carregou com todas as nossas iniquidades e aqueles procedimentos errados a que chamamos pecados.
Mas… há outro tipo de morte… que também é caríssima… para quem a pratica! E não há ninguém que a não pratique, ainda que seja um pequeno pouco, um pequeno nada!
A palavra ‘morte’ aplica-se a tudo aquilo que acaba, deixa de existir visivelmente entre nós! Mas esquecemos que essa mesma palavra pode ser aplicada a nós mesmos, vivos, a fim de nos tornarmos cada vez mais vivos, capazes, humanos ao jeito de Jesus Cristo!
Estamos em plena Quaresma 2020, até porque o ano é especial, a Quaresma também tem de ser especial. E para isso, vamos chamar para nós essa ‘morte caríssima’! Claro que não estamos a falar de morte física como foi aquela horrenda de Jesus e de tantos mártires que deram a vida por Ele, e da morte dos nossos entes queridos que tanto nos magoa e enche de saudade, estamos a falar daquela morte de defeitos que temos, de erros que praticamos, de coisinhas pequeninas de que nem sequer damos conta mas não são bem o que Jesus quer de nós! Este tipo de morte tem de ser ’CARÍSSIMA’ para todos nós, é a única forma de nos tornarmos cada vez mais pessoas concretas, certinhas, humanas e cristãs, como Jesus sonhou para nós! E tenho a certeza que só dando todo o valor a este tipo de morte ou conversão, como quisermos chamar, poderemos dizer como…
«»
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301)
monja beneditina
Exercícios VII, SC 127
Ó morte caríssima, tu és a minha feliz herança. Que em ti a minha alma encontre um ninho, que as tuas correntes me envolvam por completo. Ó morte, vida eterna, que eu espere sempre as tuas asas. Ó morte salutar, que a minha alma encontre a sua morada salutar nos teus bens excelentes. Ó morte preciosa, tu és a minha maior riqueza. Absorve em ti toda a minha vida, engole em ti a minha própria morte.
Ó morte que trazes a vida, pudesse eu fundir-me sob as tuas asas. Ó morte de onde provém a vida, faz que uma doce chispa da tua ação vivificante arda em mim para sempre. Ó morte cordialmente amada, tu és de meu coração a confiança espiritual. Ó morte amante, em ti estão contidos todos os meus bens; toma-me, eu te peço, sob a tua proteção benévola, a fim de que, à minha morte, eu repouse docemente à tua sombra.
Ó morte misericordiosa, tu és a minha vida feliz. Tu és a minha melhor herança. Tu és a minha redenção sobreabundante. Tu és o meu dom mais precioso. Envolve-me por completo em ti, oculta em ti toda a minha vida, em ti sujeita a minha morte. Ó morte cordialmente amada, guarda-me em ti para sempre, na tua caridade paterna, como aquisição e possessão eternas.
«»
Não tenhamos ilusões! Para termos uma vida bem feliz, temos que ter presente este tipo de morte ou conversão, é trabalho que nos vai acompanhar até à nossa morte física, onde, aí, sim, Jesus fará de nós almas com felicidade completa!
O texto atrás descrito é de uma pessoa que vivia assim, numa permanente morte de defeitos e renascimento de qualidades, digo renascimento porque as qualidades existem em nós, nós é que muitas vezes nem sequer temos sabedoria para as descobrir nem força para as praticar.
Viva a Santa Quaresma! Que nos traga força capaz para sermos como necessitamos para que no mundo haja mais paz, fraternidade, solidariedade, felicidade, AMOR!
Boa tarde!
Hermínia Nadais

Sem comentários: