terça-feira, 21 de abril de 2020

A BONDADE DE DEUS ULTRAPASSA TUDO!


 Quando era novinha, acreditava em tudo, tinha medo de tudo, horrorizavam-me certas coisas que fazia e ficava muito triste. Isto acontecia porque desde bem cedo os meus pais e avós incutiram na minha vida um grande respeito e amor por Deus, Jesus, Maria, José. O Espírito Santo, falava-se d’Ele quando se rezava a Glória, mas quase não passava daí. Sabia-se que em Deus havia três pessoas, mas o Pai castigava o mal, era o mais falado e o que metia mais medo. Era medo, não era temor! Temor tenho agora. Que, referente a Deus, é muito diferente de medo!
Aos poucos fui-me inserindo na Catequese, como catequista, pelo que tinha de fazer formação que muito me ajudou. Depois o Prior formou um grupo de Ação Católica na Paróquia que também, exigiu formação e uma atuação especial, pois fui colocada na frente do Grupo.
Ajudou-me muito.
Tudo me chegava muito ao Senhor porque, realmente, eu tinha vontade de ser Freira, mas entretanto, numa viagem a Fátima, encontrei o Herculano e foi, na verdade, amor à primeira vista. Nunca mais deixei de gostar dele e de o amar demais da conta.

Entretanto comecei a estudar como autodidata aos 22 anos, e a dar aulas ao que agora se chama de 1º Ciclo, mas na serra, longe de casa.
Foi difícil, pois não tinha tempo livre para o Francês e Inglês que necessitava de explicações.
Tinha feito o então chamado 2º Ano do Liceu, agora, 6º ano, quando casamos e ficamos a viver em casa dos pais dele, o que, de facto, nunca foi do meu agrado, mas, enfim!
A vida não foi fácil, com muitos baixos e poucos altos, mas Deus esteve sempre presente ao longo de todos os meus dias.
Depois de dois anos na extinta Escola do Magistério Primário do Porto completei o curso e comecei de novo a lecionar, agora na cidade de Vale de Cambra, que na altura era Vila.
Nunca deixei de dar aula de Religião e Moral, e no último ano que lecionei foi o meu trabalho com todas as 13 turmas da escola onde trabalhava, onde ensinava também a iniciação à informática, que sempre me sensibilizou.
Quando entrei na aposentação ou reforma, reformei mesmo.
Entreguei-me de corpo e alma às coisas de Deus, foi quando fiz o Cursilho de Cristandade e por aí além. Cada vez me prendia mais com a Palavra de Deus que comecei a perceber aos pouquinhos e a amar a Deus em espírito e verdade! Aos poucos fui perdendo o medo dos castigos de Deus e a temer magoá-l’O, que é o que sinto agora no mais fundo de mim mesma. E agradam-me por demais escritos como este:
«»
Juliana de Norwich (1342-depois de 1416)
mística inglesa
«Revelações do Amor Divino», cap. 32
O nosso bom Senhor disse-me certa vez: «Todas as coisas vão acabar em bem»; e doutra vez disse-me: «Verás que tudo acabará em bem». Com estas palavras, a minha alma percebeu […] que Ele quer que saibamos que dá atenção, não somente às coisas nobres e grandes, mas também às que são humildes, pequenas, pouco elevadas, simples. É isto que Ele quer dizer quando declara: «Tudo, seja o que for, terminará em bem».
Ele quer fazer-nos entender que nem a menor coisa será esquecida. E quer que compreendamos que muitas ações são tão más a nossos olhos e nos causam tanta dor que parece impossível que possam ter um fim bom; e assim, afligimo-nos e lamentamo-nos, de tal modo que deixamos de ser capazes de encontrar a paz na contemplação bem-aventurada de Deus, como devíamos. Porque neste mundo raciocinamos de forma tão cega, tão baixa, tão simplista que nos é impossível conhecer a sabedoria elevada e maravilhosa, o poder e a bondade da Santíssima Trindade. […] É como se Deus nos dissesse: «Na nossa vida Tende o cuidado de acreditar e confiar em Mim, e no final vereis tudo na verdade, e portanto na plenitude da alegria». […]
Vejo que há uma obra que a Santíssima Trindade realizará no último dia. Quando e como será feita esta obra, nenhuma criatura abaixo de Cristo o sabe e ninguém o saberá até ao seu cumprimento. […] Se Deus quer que saibamos que Ele fará esta obra, é para que estejamos mais à vontade, mais pacificados no amor, e deixemos de fixar o olhar nas tempestades que nos impedem de verdadeiramente nos alegrarmos nele. Esta é a grande obra ordenada por Nosso Senhor desde toda a eternidade, um tesouro escondido no seu seio bendito, e só dele conhecido. Por esta obra, Ele vai garantir que tudo acabe em bem, porque, tal como a Santíssima Trindade criou todas as coisas do nada, assim vai tornar boas todas as coisas que o não são.
«»
Perante tudo o que Deus tem feito de mim e comigo, acredito profundamente que com Deus a amparar-nos a vida tudo acaba bem! E por uma razão muito simples.
Sou uma pobre criatura pecadora, cheia de defeitos, que amo a Deus e aos irmãos do jeito que fui aprendendo ao longo da vida com Deus e com tudo quanto me foi acontecendo, e passo a vida a rezar pelo bem e o sucesso (mais espiritual que corporal) de toda a gente… e
não sou capaz de fazer nem desejar mal a ninguém.
Então, perante isto, questiono-me como será Deus? Como será Jesus? Como será a Santíssima Trindade? Como será Nossa Senhora… e os santos! Um dia… o saberei!
A bondade de Deus ultrapassa tudo, não tenho a menor dúvida!
Hermínia Nadais

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