sábado, 11 de abril de 2020

SEXTA FEIRA SANTA


Não podemos sair de casa! Nestes dias em que nos encaminhávamos para os templos por causa da Paixão de Jesus, não podemos sair de casa! Mas entraram-nos em casa celebrações nunca vistas, com um sentimento tal que não dá para explicar!
Tenho muita saudade de ir à igreja, de visitar o Sacrário, de receber a Eucaristia, de estar ali, naquele lugar, naquele momento em que o pão e vinho se fazem Corpo e Sangue de Jesus, em que, sem que vejamos, o Céu e a Terra estão presentes.
Mas o Céu e a Terra estão presentes onde Jesus está, connosco, pois nunca nos deixa sós.
Sinto-O nos momentos da Comunhão. Sinto-o em tudo. Os templos não estão vazios! Estão vazios de corpos, mas recheados de almas e corações!
E nós, fechadinhos em casa, estamos lá também! Está lá o nosso querer, o nosso sentir, o nosso desejo, o melhor de nós, aquilo que a terra não comerá nunca!
Hoje, no Evangelizo, vinha esta meditação: «»
Santo Amadeu de Lausana (1108-1159)
monge cisterciense, bispo
Homilia Mariana V, SC 72
«Tu és verdadeiramente um Deus escondido!» (Is 45,15) Porquê escondido? Porque não Lhe restava brilho nem beleza alguma e, contudo, Ele tinha o poder nas mãos. Era aí que se escondia a sua força.
Ele era um Deus escondido quando estendia as mãos aos brutos e as suas palmas recebiam os cravos. Os buracos dos cravos abriam-se-lhe nas mãos e o seu flanco inocente oferecia-se à lança. Prenderam-Lhe os pés à trave, os ferros atravessaram-Lhe as plantas dos pés, e os seus pés foram fixados ao madeiro. Tais são os ferimentos que, em sua própria casa e pela mão dos seus, Deus sofreu por nós. Oh! Que nobres são as chagas que curaram as chagas do mundo! Que vitoriosas são estas chagas, pelas quais Ele matou a morte e mordeu o inferno! [...] Tu, ó Igreja, tu, ó pomba, tens ninhos de rocha e buracos de muralha onde te abrigar. [...]
E que farás [...] quando Ele vier sobre as nuvens, com todo o seu poder e majestade? Ele descerá sobre os céus e a Terra em chamas, e os elementos dissolver-se-ão ao terror do seu advento. Quando Ele vier, aparecerá no Céu o sinal da cruz, e o Bem-Amado mostrará as cicatrizes dos ferimentos e o lugar dos pregos com os quais tu o pregaste em sua própria casa.
«»
Este texto é de um tempo de igrejas abertas e recheadas de fiéis, o que não sabemos quando irá de novo acontecer!
Agora… é tempo de pensar… de tirar conclusões… de aprender algo diferente… de amar toda a gente vá à igreja ou não!
Jesus mandou-nos amar a toda a gente, não olhando a raça, credo ou cor!
Não sei o que a nossa Igreja que tanto me tem dado e a que tanto respeito amor e tempo tenho dedicado, aprenderá com a passagem deste vírus!
Talvez, quem sabe, tenha estado muito fechada sobre si mesma. E as pessoas que frequentam os seus templos, as igrejas casas de pedra onde nos reunimos, o façam, não por Dedicação e Amor, mas pelo medo do castigo dos seus pecados ou para parecerem bonzinhos aos olhos de quem os vê.
Não! Às igrejas de pedra onde nos reunimos não podemos ir por medo, mas por Amor ao Senhor Jesus, Palavra e Gestos de Deus, que nos ama e não hesitou em morrer por nós para podermos deixar a vida de pecado e aprendermos a ser cada vez melhores, mais humildes, mais solidários, mais fraternos, mais confiantes, mais… mais… mais…
As cerimónias de Sexta-Feira Santa que hoje tive a graça de participar na minha ‘igreja doméstica’ disseram-me coisas nunca ouvidas, fizeram-me ver coisas nunca vistas e sentir o que nunca até hoje tinha sentido!
Liberta do aconchego do calor humano, pude prender-me mais ao Divino! O calor humano tem que nos levar até ao divino, foi o que Jesus nos ensinou quando nos disse para vivermos como filhos de Deus e irmãos uns dos outros!
Não tenho palavras! O que sinto no coração não o posso exprimir por palavras!
Espero o dia de amanhã, Sábado Santo, a que vou dar a maior atenção possível!
Deus Pai Misericordioso e Bom nos ajude a descobrir a melhor forma de viver, pois só quer o nosso bem!
Que sempre seja louvado!
Hermínia Nadais

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