quarta-feira, 16 de setembro de 2015

“SE NÃO VOS FIZERDES COMO CRIANÇAS!"



Esta frase de Jesus tem estado sempre presente ao longo de toda a minha vida, em que, aos pouquinhos, fui descobrindo, interiorizando e vivenciando o que me quereria dizer. E estou cada vez mais certa de que esta frase é para mim inesgotável. Todas as vezes que tento aprofundá-la um pouco mais, é mais um passo em frente no meu ser pessoa humana e cristã.
A Palavra de Deus é um alimento de todos os dias. Já há várias formas de ler e meditar as leituras referentes às Eucaristias diárias, mas há que preparar o melhor possível a Eucaristia Dominical, conhecendo e meditando as Leituras atempadamente como forma de descobrirmos cada vez melhor o que Deus quer de nós e levarmos Deus para a nossa vida, para o nosso metro quadrado.
No tempo e terra de Jesus as crianças não tinham nenhum valor. Mas é como crianças que Jesus nos quer, é a ideia principal da Liturgia da Palavra do próximo domingo.
Neste contexto, quero partilhar parte do que encontrei num desses textos de preparação escrito pelo Padre António Riviero:
Jesus nos convida hoje à reconquista da infância espiritual. Deixo-lhes aqui uns parágrafos do meu livro sobre Jesus Cristo: “a infância que Jesus propõe não é o infantilismo, que é sinônimo de imaturidade, egoísmo, capricho. É, pelo contrário, a reconquista da inocência, da limpeza interior, do olhar limpo das coisas e das pessoas, desse sorriso sincero e cristalino, desse compartilhar generosamente as minhas coisas e o meu tempo. Infância significa simplicidade espiritual, esse não me complicar, não ser retorcido, não buscar segundas intenções. Infância espiritual significa confiança ilimitada em Deus, o meu Pai, fé serena e amor sem limites. Infância espiritual é não deixar envelhecer o coração, conservá-lo sempre jovem, terno, doce e amável. Infância espiritual é não pedir contas nem garantias a Deus. Agora bem, a infância espiritual não significa ignorância das coisas, mas o saber essas coisas, olhá-las, pensá-las, julgá-las como Deus faria. A tergiversação das coisas, a manipulação das coisas, os preconceitos e as reservas, já traz consigo a malícia de quem se acha inteligente e esperto. E esta malícia dá morte à infância espiritual. A infância espiritual não significa viver sem cruz, de costas para a cruz; não significa escolher o lado doce da vida, nem sequer nos esconder e vendar os nossos próprios olhos para não vermos o mal que pulula no nosso mundo. Não. A infância espiritual, compreendida muito bem por Santa Teresinha do Menino Jesus, supõe ver muito mais profundo os males e tratar de solucioná-los com a oração e o sacrifício. E diante da cruz, colocar um rosto sereno, confiante e inclusive sorridente. Quase ninguém das suas irmãs do Carmelo se dava conta do muito que sofria Santa Teresinha. Ela vivia abandonada nas mãos do seu Pai Deus. E isso era suficiente”.
Grande tarefa: tornar-nos crianças. Requer muita dose de humildade, de simplicidade. Deus nos diz que devemos passar pela porta estreita, se quisermos entrar no céu. No Reino de Deus só terá crianças, crianças de corpo e de alma, porém crianças, unicamente crianças. Deus, quando se fez homem, começou por fazer-se o melhor dos homens: uma criança como todos. Podia, naturalmente, ter se encarnado sendo já um adulto, não ter “perdido o tempo” sendo só um menino... Porém quis começar sendo um bebê. A melhor coisa deste mundo - e Deus já sabia disso - são as crianças. Elas são o nosso tesouro, a pérola que ainda pode nos salvar, o sal que faz com que o universo resulte suportável. Por isso diz Martin Descalzo que se Deus tivesse feito a humanidade somente de adultos, faz séculos que a humanidade estaria apodrecida. Por isso Deus vai renovando a humanidade com ondas enormes de crianças, gerações de infantes que fazem que ainda pareça fresca e recém-feita. As crianças ainda têm um cheirinho das mãos de Deus criador. Por isso têm cheiro de pureza, de limpeza, de esperança, de alegria. Não manietemos essa criança que levamos dentro com as nossas importâncias, não o envenenemos com as nossas ambições! Através da pequena porta da infância se chega até o mesmo coração do grande Deus.
Senhor, fazei-me como uma criança. Só assim poderei entrar no vosso Reino.”
O texto é, de facto, elucidativo! E mais palavras para quê!...
Quanto precisaremos ainda de lutar para conseguir a transparência, verdade, ternura e simplicidade das crianças!... Vamos preparar-nos para nos tornar cada vez mais crianças, mas crianças como Jesus quer!
Que o Espírito Santo nos ajude!

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