Não me tenho cansado de
pensar na imensa beleza das folhas de Outono!
Longe vai o tempo em que
detestava as folhas das árvores e arbustos quando começavam a ficar
acastanhadas!…
Do colorido das folhas
de Outono, sempre gostei! Folhas de muitas cores… das mais variadas cores… dos
mais variados tons!
E, aos poucos… como por
encanto… comecei a olhar com mais atenção as folhas que vão envelhecendo nas
árvores… e a ver nelas as marcas indeléveis do tempo, o que me leva a ter por
elas um enorme carinho e ternura, pois me fazem lembrar as vidas dos homens e
mulheres a quem o Outono da vida vai enrugando as faces e branqueando os
cabelos, e ao mesmo tempo que as pernas e braços se vão tornando menos fortes,
parece que o amor, a experiência e sabedoria de vida vão aumentando
gradualmente de modo a torná-las lindas… cheias de viço e cor… mais belas do
que nunca!
Talvez… o facto de
reconhecerem mais exactamente as suas dificuldades e fragilidades aumente a
simplicidade e desapego de modo a
poderem observar os acontecimentos com muito mais realidade do que nunca, e o Evangelho e outras escrituras sejam
melhor compreendidas, aceites e integradas na vida, as torne tão… tão… amáveis
e compreensivas!...
Como compreenderia, quando
mais jovem, estas palavras de São João Cassiano?
“«Deixa a tua terra, a
tua família e a casa de teu pai» (Gn 12,1).
«Deixa a tua terra» – isto é, as riquezas da terra! «Deixa a tua família», isto
é, os hábitos e os vícios passados que, agregando-se a nós desde o dia em que
nascemos, estão estreitamente unidos a nós por uma espécie de parentesco.
«Deixa a casa de teu pai», quer dizer, todas as ligações a este mundo que se
apresentam aos nossos olhos. […]
Contemplemos, como diz o Apóstolo Paulo, «não as coisas visíveis, mas as
invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são
eternas» (2Cor 4,18) […]; «nós, porém, somos cidadãos do céu» (Fil 3,20). […]
Sairemos, pois, da casa do nosso antigo pai, daquele que era nosso pai segundo
o homem velho desde o dia em que nascemos, desde que «éramos por natureza
filhos da ira, como os demais» (Ef 2,3), e transferiremos toda a nossa atenção,
todo o nosso espírito, para as coisas celestes. […] Então, a nossa alma
elevar-se-á até ao mundo invisível, pela meditação constante das coisas de Deus
e pela contemplação espiritual. ”
Nada melhor do que o
tempo para nos ensinar a olhar para dentro de nós, a aceitar-nos como somos, a viver,
a amar, a compreender, a escutar, a falar com o silêncio… a ser!…
Nunca imaginei a vida
assim! Sempre receei cabelos brancos e pele enrugada! Hoje, não! Sinto-me uma
folha que aos poucos vai passando de verde a acastanhado… e não sei a que cores
mais terei de chegar! Deus o sabe!
Hoje… não olho os idosos
com pena, mas com orgulho do que foram e são, dignos de acolhimento, de muita atenção,
de cuidados… e também de aprendermos deles tudo quanto a vida lhes foi
ensinando ao longo dos dias e nos ajudará a crescer cada vez mais como pessoas
cidadãs do mundo e como cristãos!
Mas… nunca conseguiria
pensar assim sem o apoio de um grupo de amigos e amigas que frequentam formação
constante e que quando nos encontramos, em nome do Senhor, Ele está, de facto,
no meio de nós e nos ajuda a ver cada vez mais e melhor as verdadeiras belezas
da vida!
De colores!
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