segunda-feira, 9 de novembro de 2015

TANTO… TANTO A APRENDER…

Gostei demais do que nos diz Tomás de Celano, biógrafo de São Francisco de Assis e de sua prima Santa Clara de Assis:
Francisco, pobrezinho e pai dos pobres, queria viver em tudo como pobre; sofria quando encontrava alguém mais pobre que ele, não por vaidade mas por causa da terna compaixão que os pobres suscitavam nele. Só queria ter uma túnica de tecido grosseiro e muito comum; e ainda assim, acontecia-lhe bastas vezes partilhá-la com algum infeliz. No entanto, era um pobre muito rico pois, movido pela sua grande caridade a socorrer os pobres sempre que podia, quando estava muito frio, ia ter com os ricos deste mundo e pedia-lhes que lhe emprestassem um sobretudo ou um casaco. Traziam-lhos mais depressa do que a pressa que ele se tinha dado em fazer o pedido. Ele então dizia: «Aceito com a condição de não esperarem que vo-los devolva.» E, com o coração em festa, Francisco oferecia o que acabava de receber ao primeiro pobre que encontrava.
Nada lhe causava mais pena do que ver insultar um pobre ou que dissessem mal de qualquer criatura. Um dia, um irmão deixou escapar umas palavras que magoaram um pobre que pedia esmola: «Não serás por acaso um rico a fingir de pobre?» Estas palavras caíram muito mal a Francisco, o pai dos pobres, que infligiu ao delinquente uma terrível reprimenda e lhe ordenou que se despojasse das suas vestes na presença do pobre e lhe beijasse os pés, pedindo-lhe perdão. «Quem fala mal a um pobre», dizia, «injuria a Cristo, de quem o pobre é o mais nobre símbolo neste mundo, uma vez que Cristo por nós Se fez pobre neste mundo (cf 2Cor 8,9).»
Falar mal a um pobre... julgando-se rico ou importante... não... nas saber muito bem qual será, de facto, a verdadeira riqueza que não é ser mais ou menos importante, mas fazer o que se deve na altura própria!
Umas palavras do monge cisterciense São Bernardo:
Se soubéssemos claramente em que lugar Deus coloca cada um de nós, aceitaríamos tal decisão sem nunca nos colocarmos nem acima nem abaixo desse lugar. Mas, no nosso estado presente, os decretos de Deus estão envoltos em trevas e a sua vontade está-nos oculta. Por isso, o mais seguro, de acordo com o conselho da própria Verdade, é escolhermos o último lugar, de onde nos tirarão depois com honra, para nos darem um melhor. Ao passarmos debaixo de uma porta muito baixa, podemos baixar-nos tanto quanto quisermos sem nada temer; mas, se nos levantarmos um dedo que seja acima da altura da porta, bateremos com a cabeça. É por isso que não devemos recear nenhuma humilhação, mas antes temer e reprimir o menor movimento de auto-suficiência. 
Não vos compareis, nem com os que são maiores que vós, nem com os vossos inferiores, nem com quaisquer outros, nem sequer com um só. Que sabeis sobre eles? Imaginemos um homem que parece o mais vil e desprezível de todos, cuja vida infame nos horroriza. Pensais que o podeis desprezar, não só por comparação convosco mesmos, que aparentemente viveis em sobriedade, justiça e piedade, mas até por comparação com outros malfeitores, dizendo que ele é o pior de todos. Mas sabeis se ele não será um dia melhor que vós e se o não é já aos olhos do Senhor? Por isso é que Deus não quis que ocupássemos um lugar intermédio, nem o penúltimo, nem sequer um dos últimos, mas disse: «Toma o último lugar», a fim de ficarmos verdadeiramente sós na última fila. Desse modo não pensareis, já não digo em preferir-vos, mas simplesmente em comparar-vos com quem quer que seja.
Conclusão:
Um pobre... pobre... não é uma pessoa sem nada material, mas que está disposto a repartir do que tem se houver alguém a necessitar de ajuda!
Rico... rico... não é uma pessoa que tem inúmeras riquezas materiais sempre ávida de conseguir mais riquezas, mas aquela que é capaz de ver, admirar e exaltar as qualidades morais, espirituais e humanas das pessoas que a rodeiam, e reconhecendo as suas próprias fraquezas, não se julga maior nem melhor do que ninguém, mas igual a si mesma, única e irrepetível, e com desejos de se tornar cada vez melhor!
Essa, sim, é uma pessoa grande aos olhos de Deus... e mais cedo ou mais tarde, acabará por ser também considerada grande aos olhos do mundo, senão antes, quando partir para junto de Deus!
Tanto... tanto a aprender!

Que Deus nos ajude!

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