Sim! Porquê!?
Porque
Deus assim quis. Criou os Anjos livres… e alguns revoltaram-se contra Ele e tornaram-se
em demónios… demónios que agora lutam para que os homens façam como eles, não
façam a vontade de Deus e odeiem os irmãos!
O
ódio e a revolta têm a ver com o mal, o demónio! O amor, a delicadeza, a
aceitação, a ternura, a entrega, a preocupação com o outros têm a ver com Deus,
com a Sua vontade, com o que Jesus nos veio ensinar tornando-se num Homem entre
os homens, sem deixar de ser Deus. Às vezes… dou comigo a pensar no enormíssimo
Amor e dedicação que tem por nós para proceder dum jeito destes, deixar o Pai e
vir ao mundo e voltar para o Pai depois de tanta amargura e sofrimento… sem
nunca ninguém Lhe ter ouvido uma palavra de desânimo!
Ai,
Senhor Jesus querido, tanto que temos de aprender contigo! Até quando, Senhor?
Até sempre… e acabamos por partir sem ter aprendido. Valer-nos-á, a Tua enormíssima
Misericórdia e infinito Amor!
A
Tua imensa amargura e sofrimento, foi para ensinar aos homens o caminho do céu,
para os chamar para Ti! Deixastes a Igreja, Tua Igreja Católica, de que somos
parte integrante pelo Batismo, e por que deveríamos ser verdadeiros apóstolos
para chamar todas as gentes para Ti! Mas… muitas vezes, em vez de sermos
exemplo a seguir, damos mau exemplo, mesmo pertencendo à Tua Santa Igreja!
As
escrituras completam-se e são maravilhosas, mas… aprender a retirar delas o que
nos podem oferecer, é tão complicado que acabamos por ir descobrindo aos
pouquinhos se formos, de facto, dedicados à Igreja, pois, de contrário, nunca as
perceberemos como convém. E mesmo bem ligados à Igreja e inseridos nos seus
maravilhosos movimentos, não tenho vergonha de dizer que tenho aprendido muito
nos meus setenta e quatro setenta e cinco anos, a tal ponto, que se pudesse
estar o tempo todo a estudar, meditar, rezar, interiorizar, o faria.
“”Santo
Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208) bispo, teólogo, mártir
Contra
as heresias, IV, 37
«Quem
acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho não
verá a vida»
Deus
fez o homem livre […] para que ele pudesse responder aos seus apelos
voluntariamente e sem constrangimentos. De facto, em Deus não há violência, mas
Ele convida-nos constantemente ao bem. Ele deu ao homem o poder de escolher,
como havia feito com os anjos. […] E não é só no âmbito da sua atividade, mas
também no campo da fé que o Senhor salvaguarda a liberdade […] do homem. Com efeito,
Ele diz: «Faça-se segundo a tua fé» (Mt 9,29), mostrando assim que a fé é
característica do homem, porque depende da sua decisão pessoal. Diz ainda:
«Tudo é possível a quem crê» (Mc 9,23) e, noutra passagem, «Vai, que tudo se
faça segundo a tua fé» (Mt 8,13). Todos estes textos mostram que o homem
orienta o seu próprio destino conforme escolhe acreditar ou não. Por isso,
«quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho
não verá a vida» […].
Dir-se-á
então que teria sido melhor Deus não ter criado os anjos com a possibilidade de
desobedecerem à sua Lei. Também não devia ter criado os homens, que tão
depressa se tornariam ingratos para com Ele: na verdade, esse era o risco
associado à sua natureza racional, capaz de examinar e julgar; devia tê-los
feito semelhantes aos seres desprovidos de razão e de princípio de vida
própria. […] Mas, nesse caso, o bem não teria nenhuma atração para os homens, a
comunhão com Deus nenhum valor a seus olhos. O bem não despertaria neles o menor
desejo, uma vez que seria adquirido sem terem de o procurar […]; o bem seria
inato neles. […] Se o homem fosse bom por natureza e não por vontade […], não
compreenderia que o bem é apetecível, não poderia apreciá-lo. Que gozo do bem
teriam aqueles que o desconhecessem? Que glória, aqueles que não tivessem feito
qualquer esforço para o alcançar? Que coroa, aqueles que não tivessem lutado
para o obter? […] Pelo contrário, quanto mais a nossa recompensa resultar de um
combate, mais valor terá; quanto maior for o seu preço, mais a desejaremos.””
Este
texto é encantador, verdadeiro, entusiasmante, que nos leva a procurar, de
fato, ser o que Deus quer de nós. SE Deus nos deu tanta liberdade, devemos
aproveitá-la para O conhecer e dar a conhecer cada vez mais, sem olhar a dificuldades,
críticas, sofrimentos! Sem olhar às nossas inúmeras fraquezas que nos fazem
tropeçar a cada instante e, não raras vezes apanhar grandes quedas. O nosso ser
humanos leva-nos a isso.
Temos
muito cuidado com os cabelos, as unhas, a roupa e o calçado que usamos, as
carteirinhas que caem das nossas mãos ou braços, a casa onde vivemos, mas
esquecemos muitas vezes das dores dos irmãos que vivem ao nosso lado e tanto
precisam de uma palavra ou gesto amigo!
Que
a Páscoa que estamos a viver nos ajude a descobrir o que nos falta para sermos
pessoas como o mundo necessita e Deus quer que sejamos.
Hermínia
Nadais
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