Uma outra meditação que,
impreterivelmente, tenho de partilhar, provinda da mesma fonte, o Evangelho
Quotidiano, mas agora escrita por São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da
Igreja. Para uma melhor compreensão, o Evangelho por que foi transcrita esta
meditação foi o Evangelho segundo S.
Mateus 24,37-44, que termina precisamente com o título da meditação:
«O Filho do homem virá na hora em que
não pensais»
“É justo, irmãos,
celebrar a vinda do Senhor com a máxima devoção possível, tanto o seu conforto
nos deleita […] e tanto o seu amor nos abrasa. Mas não penseis apenas na sua
primeira vinda, quando Ele veio para «buscar e salvar o que estava perdido» (Lc
19,10); pensai também neste outro advento, quando Ele vier para nos levar
consigo. Quereria ver-vos constantemente ocupados a meditar nesses dois
adventos […] repousando entre estes dois abrigos, porque estes são os dois braços
do Esposo nos quais repousava a Esposa do Cântico dos Cânticos: «a sua mão
esquerda descansa sobre a minha cabeça, e a sua direita abraça-me» (2,6). […]
Mas há uma terceira vinda entre as duas que mencionei, e os que a conhecem
podem descansar para seu deleite. As outras duas são visíveis; esta não o é. Na
primeira, o Senhor «apareceu sobre a terra, onde permanece entre os homens»
(Bar 3,38) […]; na última, «toda a criatura verá a salvação de Deus» (Lc 3,6;
Is 40,5). […] A do meio é secreta; é aquela em que só os eleitos vêem o
Salvador dentro de si próprios, e em que a sua alma é salva.
Na sua primeira vinda, Cristo veio na nossa carne e na nossa fraqueza; na sua
vinda intermédia, vem em Espírito e poder; na sua última vinda, virá na sua
glória e majestade. Mas é pela força das virtudes que chegamos à glória, como
está escrito: «O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da glória» (Sl 23,10); e no
mesmo livro: «Para ver o Vosso poder e a Vossa glória» (62,3). Portanto, a
segunda vinda é como o caminho que leva da primeiro à última. Na primeira,
Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na sua vinda
intermédia, é nosso repouso e nossa consolação.”
Encontram-se muitas
meditações a falar sobre a primeira e última vinda de Jesus, mas sobre a vinda
intermédia, foi o primeiro texto que encontrei e achei real e belíssimo.
Espero que agrade aos
leitores do blogue como agradou a mim!
Que Deus seja louvado!
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