sábado, 14 de dezembro de 2013
“MORRER EM CRISTO”.
Extraídas de Zénit, palavras do Papa
Francisco na catequese de uma qualquer quarta-feira… palavras que não podem
passar despercebidas:
“1. Entre nós, comumente, há um modo errado
de olhar para a morte. A morte diz respeito a todos, e nos interroga de modo profundo,
especialmente quando nos toca de modo próximo, ou quando atinge os pequenos, os
indefesos de maneira que nos resulta “escandalosa”. A mim sempre veio a
pergunta: por que sofrem as crianças? Por que morrem as crianças? Se entendida
como o fim de tudo, a morte assusta, aterroriza, transforma-se em ameaça que
infringe todo sonho, toda perspectiva, que rompe toda relação e interrompe todo
caminho. Isso acontece quando consideramos a nossa vida como um tempo fechado
entre dois pólos: o nascimento e a morte; quando não acreditamos em um
horizonte que vai além daquele da vida presente; quando se vive como se Deus
não existisse. Esta concepção da morte é típica do pensamento ateu, que
interpreta a existência como um encontrar-se casualmente no mundo e um caminhar
para o nada. Mas existe também um ateísmo prático, que é um viver somente para
os próprios interesses e viver somente para as coisas terrenas. Se nos deixamos
levar por esta visão errada da morte, não temos outra escolha se não ocultar a
morte, negá-la ou banalizá-la, para que não nos cause medo.
2. Mas a essa falsa solução se rebela o
“coração” do homem, o desejo que todos nós temos de infinito, a nostalgia que
todos temos do eterno. E então qual é o sentido cristão da morte? Se olhamos
para os momentos mais dolorosos da nossa vida, quando perdemos uma pessoa
querida – os pais, um irmão, uma irmã, um cônjuge, um filho, um amigo – nos
damos conta de que, mesmo no drama da perda, mesmo dilacerados pela separação,
sai do coração a convicção de que não pode estar tudo acabado, que o bem dado e
recebido não foi inútil. Há um instinto poderoso dentro de nós que nos diz que
a nossa vida não termina com a morte.
Esta sede de vida encontrou a sua resposta
real e confiável na ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus não
dá somente a certeza da vida além da morte, mas ilumina também o próprio
mistério da morte de cada um de nós. Se vivemos unidos a Jesus, fiéis a Ele,
seremos capazes de enfrentar com sabedoria e serenidade mesmo a passagem da morte.
A Igreja, de fato, prega: “Se nos entristece a certeza de dever morrer,
consola-nos a promessa da imortalidade futura”. Uma bela oração esta da Igreja!
Uma pessoa tende a morrer como viveu. Se a minha vida foi um caminho com o
Senhor, um caminho de confiança na sua imensa misericórdia, estarei preparado
para aceitar o último momento da minha existência terrena como o definitivo
abandono confiante em suas mãos acolhedoras, à espera de contemplar face-a-face
o seu rosto. Essa é a coisa mais bela que pode nos acontecer: contemplar
face-a-face aquele rosto maravilhoso do Senhor, vê-Lo como Ele é, belo, cheio
de luz, cheio de amor, cheio de ternura. Nós caminhamos para este ponto: ver o
Senhor.
3. Neste horizonte se compreende o convite
de Jesus a estar sempre prontos, vigilantes, sabendo que a vida neste mundo nos
foi dada também para preparar a outra vida, aquela com o Pai Celeste. E para
isto há um caminho seguro: preparar-se bem para a morte, estando próximo a
Jesus. Esta é a segurança: o meu preparo para a morte estando próximo a Jesus.
E como se fica próximo a Jesus? Com a oração, nos Sacramentos e também na
prática da caridade. Recordemos que Ele está presente nos mais frágeis e
necessitados. Ele mesmo identificou-se com eles, na famosa parábola do juízo final,
quando disse: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber,
era peregrino e me acolhestes, nu e me vestistes, enfermo e me visitastes;
estava na prisão e viestes a mim…Tudo aquilo que fizestes a um destes meus
irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 35-36. 40).
Portanto, um caminho seguro é recuperar o sentido da caridade cristã e da
partilha fraterna, cuidar das feridas corporais e espirituais do nosso próximo.
A solidariedade no partilhar a dor e infundir esperança é premissa e condição
para receber por herança aquele Reino preparado para nós. Quem pratica a
misericórdia não teme a morte. Pensem bem nisto: quem pratica a misericórdia
não teme a morte! Vocês estão de acordo? Digamos juntos para não esquecê-lo?
Quem pratica a misericórdia não teme a morte. E por que não teme a morte?
Porque a olha em face das feridas dos irmãos e a supera com o amor de Jesus
Cristo.
Se abrirmos a porta da nossa vida e do
nosso coração aos irmãos mais pequeninos, então também a nossa morte se tornará
uma porta que nos introduzirá no céu, na pátria bem aventurada, para a qual
estamos caminhando, desejando habitar para sempre com o nosso Pai, Deus, com
Jesus, com Nossa Senhora e com os santos.”
Perante o atrás
descrito… mais palavras para quê?
O Senhor abençoe todo
o mundo e dê muita força, sabedoria e determinação ao Papa Francisco!
Que neste Advento e
sempre… Deus seja louvado!
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