Quando
era pequena não havia padarias como agora e o pão era cozinhado em casa nos
fornos de lenha que era os que havia na altura. Lembro do fermento que se
retirava da massa e guardava cuidadosamente para posteriormente fermentar a
massa para a nova cozedura.
No
pão de boroa, além do cheiro característico da levedura, não se notava grande
crescimento, mas no pão de centeio o crescimento da massa era enorme.
Quando
os Evangelhos nos lembram a comparação que Jesus fez entre a fermentação e o crescimento
do grão de mostarda ao reino de Deus, faz-nos pensar muito em como actuamos no
meio do mundo como cristãos que somos, seguidores de Jesus Cristo, que nos
disse para sermos como fermento e como o grão de mostarda. Será que somos, de
facto, evangelizadores como devemos?
O
Papa Francisco diz-nos na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”que
“«O Reino do Céu é
semelhante ao fermento»
Todo o povo de Deus
anuncia o evangelho. A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da
evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é,
antes de tudo, um povo que peregrina para Deus. […]
A salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é para todos, e
Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de todos os
tempos. Escolheu convocá-los como povo, e não como seres isolados (Lumen
Gentium 9). Ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem
pelas suas próprias forças. Deus atrai-nos, no respeito pela complexa trama de
relações interpessoais que a vida numa comunidade humana pressupõe. Este povo,
que Deus escolheu para Si e convocou, é a Igreja. Jesus não diz aos Apóstolos
para formarem um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois,
fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28,19); e São Paulo afirma que no povo
de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego […], porque todos sois um só em
Cristo Jesus» (Gal 3,28). Gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus
e da Igreja, aos que têm medo e aos indiferentes: o Senhor também te chama para
seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!
Ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projecto de amor
do Pai. Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer
anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se
sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, que dêem esperança e
novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita,
onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viver
segundo a vida boa do Evangelho.”
Temos de ser ao mesmo
tempo evangelizadores e evangelizados, pois enquanto desejamos fazer os outros
crescer na fé em Jesus Cristo temos de ir crescendo também. A vivência da Fé é
uma caminhada que nunca saberemos onde esse caminho nos poderá levar, se assim
o desejarmos e nos esforçarmos por isso, uma vez que é o que Deus quer e que para
o conseguirmos nunca nos desampara.
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