quarta-feira, 22 de julho de 2015

VER COM O OLHAR DE JESUS!...



Ser cristão é querer ser e viver ao jeito de Jesus Cristo, amor como o Pai e o Espírito Santo!
Se Jesus é Deus não só ama como Ele próprio é o amor em pessoa humana.
Custa-nos muito interiorizar, compreender e aceitar estas verdades urgentes e necessárias em qualquer vida.
Fala-se muito em prestar mais atenção às pessoas desfavorecidas, mas só o poderemos fazer se vivermos ao jeito de Jesus. A esta parte o Papa Francisco diz: 
...ver e ter compaixão, estão sempre associados ao comportamento de Jesus: de fato, o seu olhar não é o olhar de um sociólogo ou um fotojornalista, porque ele sempre olha com "os olhos do coração". Estes dois verbos, ver e ter compaixão, configuram Jesus como o Bom Pastor. Também sua compaixão, não é apenas um sentimento humano, mas é a comoção do Messias em que se fez carne a ternura de Deus. E desta compaixão nasce o desejo de Jesus de nutrir a multidão com o pão da sua Palavra, isto é, de ensinar a Palavra de Deus ao povo. Jesus vê, Jesus tem compaixão, Jesus nos ensina. E isto é belo!
Ver com o olhar de Jesus ajuda-nos a compreender e a aprender a viver  no amor e respeito mútuo entre todas as pessoas. Vejamos o que diz o Papa Francisco:
“Num coração desesperado, é muito fácil ganhar espaço a lógica que pretende impor-se no mundo, em todo o mundo, nos nossos dias. Uma lógica que procura transformar tudo em objecto de troca, tudo em objecto de consumo: vê tudo negociável. Uma lógica que pretende deixar espaço para muito poucos, descartando todos aqueles que não «produzem», que não são considerados aptos ou dignos porque, aparentemente, «os números não batem certo». E Jesus retoma a palavra para nos dizer: «Não, não é necessário excluí-los, não é necessário irem embora; dai-lhes vós mesmos de comer».
É um convite que hoje ressoa fortemente para nós: «Não é necessário excluir a ninguém. Não é necessário mandar ninguém embora, basta de descartes; dai-lhes vós mesmos de comer». O olhar de Jesus não aceita uma lógica, uma perspectiva que sempre «corta o fio» pelo ponto mais frágil, mais necessitado. Tomando «o pedaço», Ele mesmo nos dá o exemplo, nos mostra o caminho. Uma atitude em três palavras: toma um pouco de pão e alguns peixes, bendiz a Deus por eles, divide-os e entrega para que os discípulos os partilhem com os outros. E este é o caminho do milagre. Por certo, não é magia nem idolatria. Por meio destas três acções, Jesus consegue transformar a lógica do descarte numa lógica de comunhão, numa lógica de comunidade. Gostaria de destacar brevemente cada uma destas acções.
Toma. O ponto de partida é tomar muito a sério a vida dos seus. Fixa-os nos olhos e, nestes, conhece a sua vida, os seus sentimentos. Vê, naquele olhar, o que pulsa e o que deixou de pulsar na memória e no coração do seu povo. Considera-o e valoriza-o. Valoriza todo o bem que possam oferecer, todo o bem a partir do qual se possa construir. Mas não fala dos objectos, dos bens culturais ou das ideias; fala das pessoas. A riqueza maior duma sociedade mede-se na vida do seu povo, mede-se nos seus idosos que conseguem transmitir aos mais novos a sua sabedoria e a memória do seu povo. Jesus nunca ignora a dignidade de pessoa alguma, por maior que seja a aparência de não ter nada para oferecer ou partilhar. Tomo tudo assim como lhe chega.
Bendiz. Jesus toma em suas mãos o dom, e bendiz o Pai que está nos céus. Sabe que estes dons são um presente de Deus. Por isso, não os trata como «uma coisa qualquer», dado que toda a vida, toda esta vida é fruto do amor misericordioso. Ele reconhece-o. Vai além da simples aparência e, neste gesto de bendizer e louvar, pede a seu Pai o dom do Espírito Santo. Aquele acto de bendizer tem esta dupla perspectiva: por um lado, agradecer e, por outro, transformar. É reconhecer que a vida é sempre um dom, um presente que, colocado nas mãos de Deus, adquire uma força de multiplicação. O nosso Pai não nos tira nada, multiplica tudo.
Entrega. Em Jesus, não existe um tomar que não seja bênção, nem uma bênção que não seja uma entrega. A bênção é sempre missão, tem um destino: repartir, partilhar o que se recebeu, uma vez que só na entrega, no com-partilhar é que as pessoas encontram a fonte da alegria e a experiência de salvação. Uma entrega que quer reconstruir a memória de povo santo, de povo convidado a ser e a levar a alegria da salvação. As mãos, que Jesus ergue para bendizer o Deus do céu, são as mesmas que distribuem o pão à multidão que tem fome. E podemos imaginar agora como os pães e os peixes iam passando de mão em mão até chegar aos mais afastados. Jesus consegue gerar uma corrente entre os seus: todos estavam compartilhando o seu, transformando-o em dom para os outros, e foi assim que comeram até ficarem saciados. E, incrivelmente, sobrou: recolheram sete cestos de sobras. Uma memória tomada, uma memória abençoada, uma memória entregue sempre sacia o povo.
A Eucaristia é o «Pão repartido para a vida do mundo», como diz o lema do V Congresso Eucarístico que hoje inauguramos e vai realizar-se em Tarija. É sacramento de comunhão, que nos faz sair do individualismo para vivermos juntos o seguimento de Jesus e nos dá a certeza de que aquilo que temos e somos, se tomado, abençoado e entregue, pelo poder de Deus, pelo poder do seu amor, transforma-se em pão de vida para os outros.
E a Igreja celebra a Eucaristia, celebra a memória do Senhor, o sacrifício do Senhor. Porque a Igreja é uma comunidade memoriosa. Por isso, fiel ao mandato do Senhor, repete incansavelmente: «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22, 19). Geração após geração actualiza, torna real, nos distintos cantos da nossa terra, o mistério do Pão da Vida. No-lo faz presente e entrega. Jesus quer que participemos desta sua vida e, por nosso intermédio, se vá multiplicando na nossa sociedade. Não somos pessoas isoladas, separadas, mas somos o Povo da memória actualizada e sempre entregue.
Uma vida memoriosa precisa dos outros, do intercâmbio, do encontro, duma solidariedade real que seja capaz de entrar na lógica do tomar, bendizer e entregar; na lógica do amor.
Maria, igual a muitas de vós, carregou sobre si a memória do seu povo, a vida do seu Filho, e experimentou em Si própria a grandeza de Deus, proclamando com alegria que Ele «encheu de bens os famintos» ( Lc 1, 53), que Ela seja hoje o nosso exemplo para confiarmos na bondade do Senhor, que faz obras grandes com pouca coisa, com a humildade dos seus servos. Que assim seja.”
Divino Espírito Santo, ajuda-nos a ver sempre com os olhos do coração, bem ao jeito de Jesus!

Sem comentários: