terça-feira, 18 de agosto de 2020

O QUE SERÁ DEIXAR TUDO???

 

Costumamos dizer que tudo… é tudo…

Mas tudo o quê? O que é tudo???

Pode ser tudo o que temos? Mas se deixamos tudo o que temos… como vivemos?

Claro que nada é nosso, tudo é dádiva de Deus, e se temos algo a mais devemos partilhar com quem tem menos! Devemos… partilhar, de modo a podermos viver na maior fraternidade possível!

Isto de deixar tudo, tem muito que se lhe diga. Há pessoas que partem e repartem e nunca se dão de verdade!

Deixar tudo, tem que nos lembrar que… ‘eu’… sou o meu ‘tudo’!

Dar, o que está fora de nós, é dar, mas não tudo! Dar tudo é dar-se a si mesmo… assim como Jesus fez connosco!

Dar o que possuímos, o que sabemos e vamos aprendendo, o que pensamos e vamos melhorando a cada instante, dar o nosso tempo a quem dele necessitar, à oração, ao estudo da Palavra de Deus, à participação na Eucaristia e outros sacramentos, a visitar pobres, doentes e velhinhos, a fazer parte de movimentos laicais que tanto desenvolvem a humanidade, dar a nossa preocupação com o bem de tudo e de todos… tanto que temos para dar… certos de que Jesus aceita como feito a Si tudo quanto fazemos e nos entregamos a bem dos irmãos.

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Santo António de Lisboa (c. 1195-1231)
franciscano, doutor da Igreja
Sermão para a festa da Conversão de São Paulo

«Nós deixámos tudo para Te seguir»

«Nós deixámos tudo para Te seguir»; o que se entende por «tudo»? As coisas exteriores e as coisas interiores; aquilo que possuíamos e a própria vontade de possuir; deste modo, não nos resta absolutamente nada. [...] Foi por Ti que deixámos tudo e nos tornámos pobres. Mas, como Tu és rico, nós seguimos-Te para que também nós enriqueçamos. Seguimos-Te a Ti! Nós, criaturas, seguimos-Te, a Ti, que és o Criador; nós, filhos, seguimos o pai; nós, crianças, seguimos a mãe; nós, famintos, seguimos o pão; nós, sedentos, fomos à fonte; nós, doentes, recorremos ao médico; nós, cansados, procurámos a força; nós, exilados, visámos o paraíso. Nós seguimos-Te. [...]

«Que recompensa teremos?». Apóstolos, vós que encontrastes o vosso tesouro, vós que já o possuís, que procurais ainda? [...] Conservai aquilo que encontrastes, porque é o que procuráveis. Aí se encontra, diz Baruc, a sabedoria, a prudência, a força, a inteligência, a longevidade e o alimento, a luz dos olhos e a paz (cf Ba 3,12-14). Aí está a sabedoria que tudo criou; a prudência que governa as coisas criadas; a força que domina o demónio; a inteligência que tudo penetra; a longevidade que torna eternos os que são salvos; o alimento que sacia; a luz que ilumina; a paz que conforta e sossega. [...]

O Senhor não responde: «Vós, que deixastes tudo», mas: «Vós que Me seguistes», pois é isso que é próprio dos apóstolos e de quantos buscam a perfeição. Há muitos que deixam tudo, mas não é para seguir a Cristo; são aqueles que, por assim dizer, não se deixam a si próprios. Se queres seguir este fim e alcançá-lo, tens de te deixar a tu próprio. Quem segue alguém por um caminho não olha para si, mas para aquele que escolheu como guia para o seu percurso.

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‘Seguir o que escolheu para guia do seu caminho’.

Este texto que partilho, é para eu continuar a meditar, pois acho-o magnífico, maravilhoso mesmo, um autêntico tesouro.

Resta-nos, querer a sério reforçar a nossa força de vontade, pedir ao Divino Espírito Santo que nos dê o Dom da Fortaleza, da Sabedoria, do Entendimento… e louvar ao Senhor com tudo o que fazemos, porque, viver ao jeito de Jesus, é fazer de toda a vida uma oração. Mas cuidado, pois a vida nunca poderá ser uma oração se não dermos espaço de oração à vida!

Que o Senhor nos proteja!

Boa noite!

Hermínia Nadais

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