quinta-feira, 5 de novembro de 2020

RENUNCIAR A TODOS OS SEUS BENS

 

Quando pensamos em bens normalmente não olhamos para nós mas para aquilo que possuímos fora de nós: Uma casa, jardim, quintal, roupas, camas, livros, carro, campos, matos, dinheiro… e nós… que somos a coisa mais valiosa nem sequer nos passa pela cabeça.

Pois para Deus não é assim! Nós, cada um ou uma de nós é o mais importante de tudo, o resto, é o necessário para a caminhada da vida que começou no nascimento e acabará na morte.

 Dois choros diferentes. No nascimento, chora o bebé porque saiu da sua querida casinha e não sabe para onde vai, na morte porque deixamos tudo o que temos inclusive a habitação no enorme mundo e também não sabemos o que vamos encontrar.

Jesus fartou-se e farta-se de nos dizer e nós acreditamos pela fé, mas nesse nosso segundo nascimento que é a morte é que podemos ter a visão clara.

Onde eu queria chegar é que, para renunciarmos a tudo, temos de renunciar a nós mesmos, ou seja, propor-nos a fazer o que Deus quer que façamos:

“Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897) carmelita, doutora da Igreja

Carta 197 de 1896/09/17

«Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo»

Minha querida irmã, porque me pergunta se poderá amar a Deus como eu O amo? […] Os meus desejos de martírio nada são, não são eles que me dão a confiança ilimitada que sinto no coração. Na verdade, as riquezas espirituais tornam-nos injustos, quando nos apoiamos nelas com complacência julgando que são grandes. […] Eu sinto que […] o que agrada a Deus na minha alma é Ele ver que amo a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que tenho na sua misericórdia. Esse é o meu único tesouro. […]

Minha querida irmã […], perceba que, para amar Jesus, […] quanto mais fracos somos, sem desejos nem virtudes, mais preparados estamos para as operações deste Amor consumidor e transformador. Basta o simples desejo de ser vítima, mas é preciso querer ser pobre e desvalido, e isso é difícil porque «onde encontrarei o verdadeiro pobre em espírito? Terei de o procurar bem longe», diz o salmista; não diz que tem de o procurar entre as almas grandes, mas «bem longe», quer dizer, na baixeza, no nada.

Permaneçamos, pois, longe de tudo o que brilha, amemos a nossa pequenez, amemos não sentir nada, e seremos pobres em espírito e Jesus virá procurar-nos; por mais longe que estejamos, Ele nos transformará em labaredas de amor. Como gostaria de poder fazer-lhe entender o que sinto! Será a confiança, e só a confiança, a levar-nos ao Amor. [...] Tendo visto o caminho, percorramo-lo juntas. Sim, eu sinto que Jesus quer dar-nos as mesmas graças, quer dar-nos gratuitamente o seu Céu.”

Claro que Jesus quer dar a todos o céu. E nós, se amamos verdadeiramente Jesus, também queremos que todos vão para o céu. Agora… o que fazemos por isso? Não podemos esquecer que, enquanto habitarmos este corpo que nos liga à terra, somos Apóstolos de Jesus pelo Batismo! Que temos feito por isso? Que estamos dispostos a fazer?

Espírito Santo de Deus, dá-nos a Sabedoria, a Força, a vontade de se entregar e de bem servir!

Que sempre sejas louvado!

Hermínia Nadais

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