segunda-feira, 9 de março de 2015

O CHICOTE DE JESUS!



Por mais que se medite sobre esta passagem, ela não se esgota em aprendizagem. Aliás, nenhuma passagem do Evangelho se esgota, razão porque o Evangelho é chamado a Boa Nova de Jesus Cristo, pois as novidades nunca se esgotam. Quanto mais meditamos e nos interessamos por interpelar o que nos quer dizer, mais coisas descobrimos, e tantas, que nem dá para imaginar.
Agora, o Evangelho de Domingo!
Quando se fala do comportamento de Jesus com os vendilhões do templo e do fazer um chicote para desbaratar tudo o que ali se fazia, poderemos imaginá-Lo zangado com toda aquela gente. Mas Jesus, amor e misericórdia como o Pai, o que quis foi ensinar-nos a viver com o maior cuidado com o nosso corpo que, em unidade intrínseca com espírito, nos apresenta a nós mesmos e a toda a gente.
O corpo de Jesus é o verdadeiro templo de Deus. Mas nós também somos templos de Deus. O nosso corpo é templo de Deus! E tal como o templo de Jerusalém estava infestado de comportamentos maus e de desobediência à lei do amor de Deus, no meio das nossas misérias e fraquezas nós também temos muitas fugas à vontade de Deus a nosso respeito, comportamentos que nos fazem necessitar do chicote de Deus.
O chicote de Deus é o amor com que nos busca e acolhe e a misericórdia que tem para connosco.
A esta parte quero partilhar as palavras do Santo Padre no Ângelus deste domingo:
“Jesus “fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas”.
Cristo vem, portanto, fazer uma "limpeza" no templo. Nesta passagem, temos "o primeiro anúncio da morte e ressurreição de Cristo: seu corpo, destruído na cruz pela violência do pecado, se transformará na Ressurreição no lugar de encontro universal entre Deus e os homens".
Mas "o verdadeiro templo" mencionou o Messias é sua "humanidade", o lugar "onde Deus se revela, fala, se faz encontro". Por isso, "os verdadeiros adoradores de Deus não são os guardiões do templo material, os detentores do poder e do saber religioso", mas aqueles que adoram a Deus “em espírito e em verdade."
E todos os cristãos, neste tempo quaresmal de preparação para a Páscoa, são chamados a adorar a Deus "em espírito e em verdade". "Caminhamos no mundo como Jesus e fazemos de toda a nossa existência um sinal do seu amor pelos nossos irmãos, especialmente os mais fracos e os mais pobres”.
Desta forma, "construiremos um templo para Deus nas nossas vidas" e tornaremos Cristo "acessível" para muitas pessoas que encontramos no nosso caminho. "Se nós somos testemunhas de Cristo vivo, muitas pessoas encontrarão Jesus em nós, em nosso testemunho".
Antes de levá-lo aos outros, é bom “organizar” um pouco por dentro. Ou seja, perguntar-se realmente se permitimos que Jesus faça essa “limpeza” de todo o comportamento contra Deus, contra os outros e contra nós mesmos. "Cada um responda para si, em silêncio, em seu coração".
"Eu permito que Jesus faça um pouco de 'limpeza' no meu coração? Oh padre, eu tenho medo de que me ‘batam’... “. Mas “Jesus nunca bate... Jesus vai limpar com ternura, com misericórdia, com amor. A misericórdia é a sua maneira de limpar".
Agora, sem nenhum medo "deixemos que o Senhor entre com a sua misericórdia - não com o chicote! Com a sua misericórdia para limpar os nossos corações. O chicote de Jesus para connosco é a sua misericórdia. Vamos abrir a porta para que Ele faça uma "limpeza".
"Jesus sabe o que está em cada um de nós, e conhece bem o nosso maior desejo: ser habitados por Ele". E cada “Eucaristia que celebramos com fé nos faz crescer como templo vivo do Senhor, graças à comunhão com o seu Corpo, crucificado e ressuscitado".
O convite é para deixar Cristo entrar "em nossas vidas, em nossas famílias, em nossos corações". Ao lado de Maria "morada privilegiada do Filho de Deus": a Virgem  "nos acompanhe e sustente no itinerário quaresmal, para que possamos redescobrir a beleza do encontro com Cristo, que nos liberta e nos salva".”
Deixemo-nos limpar, nesta Quaresma e sempre,  pelo chicote de Jesus, ternura, aconchego, carinho, amor e misericórdia infinita!

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