terça-feira, 24 de março de 2015

«TAMBÉM EU NÃO TE CONDENO.»


O Evangelho de ontem mostrou-nos a forma sábia como Jesus misericordioso defendeu da morte a mulher adúltera, e como amorosamente lhe disse: Também Eu não te condeno!

Jesus não castiga ninguém, pois enquanto os homens procuram castigar culpados, Jesus não condena culpados, mas as suas culpas nas transgressões.
E são estas palavras que o Senhor nos vai repetindo também a nós a cada instante, independentemente do que tivermos feito!
Ele conhece as nossas misérias e fraquezas! Ele sabe que, mesmo cheios de vontade de sermos bons e praticarmos o bem, caímos com facilidade em coisas que nunca quisemos nem imaginamos! E muitas vezes são essas quedas que nos levam bem ao fundo do poço que, na nossa aflição, com a ajuda do Senhor Jesus e do Seu Espírito Santo, nos fazem abrir os olhos à realidade, encontrar o verdadeiro caminho, ganhar coragem e seguir em frente, com avanços e recuos, mas sempre na busca da vontade de Deus.
Mas para isso temos de ter perfeita consciência das nossas falhas, como aconteceu com aqueles homens prontos para apedrejar a mulher. Quando Jesus lhes disse o que de vós não tiver pecado atire a primeira pedrae, escrevendo no chão, silenciosamente, de certo que os foi alertando para as asneiras que eles próprios faziam, foram saindo um a um, porque também eles se sentirão culpados talvez mais do que a mulher.
Gostei muito do comentário tirado de Santo Agostinho:
“«Foram saindo um a um.» Ficaram apenas dois, a miserável e a Misericórdia. Mas o Senhor, depois de os ter atingido com o traço da justiça, não quis assistir à sua queda; desviou deles o olhar e, «inclinando-Se para o chão, pôs-Se a escrever com o dedo na terra».
Tendo a mulher ficado sozinha, depois de todos terem partido Ele ergueu os olhos para ela. Ouvimos a voz da justiça, ouçamos também a da bondade. […] A mulher esperava ser punida por Aquele em quem não se podia encontrar pecado. Mas Ele, que havia afastado os seus inimigos com a voz da justiça, erguendo para ela os olhos da misericórdia, interrogou-a: «Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Ele disse-lhe: «Também Eu não te condenarei. Temeste ser condenada por Mim porque não encontraste pecado em Mim; mas Eu também não te condenarei.»
Como, Senhor? Então Tu favoreces os pecados? Não, é justamente o contrário. Repara no que se segue: «Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» O Senhor condenou, portanto, mas foi o pecado que Ele condenou, não o pecador. […] Tenham pois atenção os que amam a bondade do Senhor, e temam a sua verdade. […] O Senhor é bom, o Senhor é lento na ira, o Senhor é misericordioso, mas o Senhor também é justo e o Senhor é cheio de verdade (Sl 85,15). Ele concede-te tempo para que te corrijas, mas tu preferes gozar esse adiamento a reformar-te. Pois bem, se ontem foste mau, sê bom hoje; se passaste este dia no mal, ao menos amanhã muda a tua conduta.
É portanto este o sentido destas palavras que Ele dirige a esta mulher: «Também Eu não te condenarei, mas, estando assegurada para o passado, tem cautela no futuro. Também Eu não te condenarei, apaguei o mal que cometeste; tu, observa o que prescrevi para obteres o que prometi.»”

Jesus sabe que, mesmo decididos a não errar, facilmente caímos no erro! Mas ainda assim nos diz constantemente como disse àquela mulher: Não voltes a pecar!
Para que sejamos capazes de nos ir corrigindo, temos o Sacramento da Confissão, Reconciliação ou Penitência, onde Jesus, pela pessoa do Sacerdote, não só nos perdoa os pecados como também nos dá a Graça da força e coragem necessárias para resistirmos melhor às nossas más inclinações!
Que o Senhor esteja connosco e nos ajude a viver na busca incessante da felicidade do Amor de Deus como a todos convém!

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