O Evangelho de ontem
mostrou-nos a forma sábia como Jesus misericordioso defendeu da morte a mulher
adúltera, e como amorosamente lhe disse: “Também
Eu não te condeno!”
Jesus não castiga
ninguém, pois enquanto os homens procuram castigar culpados, Jesus não condena
culpados, mas as suas culpas nas transgressões.
E são estas palavras que
o Senhor nos vai repetindo também a nós a cada instante, independentemente do
que tivermos feito!
Ele conhece as nossas
misérias e fraquezas! Ele sabe que, mesmo cheios de vontade de sermos bons e
praticarmos o bem, caímos com facilidade em coisas que nunca quisemos nem imaginamos!
E muitas vezes são essas quedas que nos levam bem ao fundo do poço que, na
nossa aflição, com a ajuda do Senhor Jesus e do Seu Espírito Santo, nos fazem abrir
os olhos à realidade, encontrar o verdadeiro caminho, ganhar coragem e seguir
em frente, com avanços e recuos, mas sempre na busca da vontade de Deus.
Mas para isso temos de
ter perfeita consciência das nossas falhas, como aconteceu com aqueles homens
prontos para apedrejar a mulher. Quando Jesus lhes disse “o que de vós não tiver pecado atire a primeira
pedra”e, escrevendo no chão, silenciosamente,
de certo que os foi alertando para as asneiras que eles próprios faziam, foram
saindo um a um, porque também eles se sentirão culpados talvez mais do que a
mulher.
Gostei muito do comentário
tirado de Santo Agostinho:
“«Foram saindo um a um.»
Ficaram apenas dois, a miserável e a Misericórdia. Mas o Senhor, depois de os
ter atingido com o traço da justiça, não quis assistir à sua queda; desviou
deles o olhar e, «inclinando-Se para o chão, pôs-Se a escrever com o dedo na
terra».
Tendo a mulher ficado sozinha, depois de todos terem partido Ele ergueu os
olhos para ela. Ouvimos a voz da justiça, ouçamos também a da bondade. […] A
mulher esperava ser punida por Aquele em quem não se podia encontrar pecado.
Mas Ele, que havia afastado os seus inimigos com a voz da justiça, erguendo
para ela os olhos da misericórdia, interrogou-a: «Ninguém te condenou?» Ela
respondeu: «Ninguém, Senhor.» Ele disse-lhe: «Também Eu não te condenarei.
Temeste ser condenada por Mim porque não encontraste pecado em Mim; mas Eu
também não te condenarei.»
Como, Senhor? Então Tu favoreces os pecados? Não, é justamente o contrário.
Repara no que se segue: «Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» O Senhor
condenou, portanto, mas foi o pecado que Ele condenou, não o pecador. […]
Tenham pois atenção os que amam a bondade do Senhor, e temam a sua verdade. […]
O Senhor é bom, o Senhor é lento na ira, o Senhor é misericordioso, mas o
Senhor também é justo e o Senhor é cheio de verdade (Sl 85,15). Ele concede-te
tempo para que te corrijas, mas tu preferes gozar esse adiamento a reformar-te.
Pois bem, se ontem foste mau, sê bom hoje; se passaste este dia no mal, ao
menos amanhã muda a tua conduta.
É portanto este o sentido destas palavras que Ele dirige a esta mulher: «Também
Eu não te condenarei, mas, estando assegurada para o passado, tem cautela no
futuro. Também Eu não te condenarei, apaguei o mal que cometeste; tu, observa o
que prescrevi para obteres o que prometi.»”
Jesus sabe que, mesmo
decididos a não errar, facilmente caímos no erro! Mas ainda assim nos diz constantemente
como disse àquela mulher: “Não
voltes a pecar!”
Para que sejamos capazes
de nos ir corrigindo, temos o Sacramento da Confissão, Reconciliação ou
Penitência, onde Jesus, pela pessoa do Sacerdote, não só nos perdoa os pecados
como também nos dá a Graça da força e coragem necessárias para resistirmos melhor
às nossas más inclinações!
Que o Senhor esteja
connosco e nos ajude a viver na busca incessante da felicidade do Amor de Deus como
a todos convém!
Sem comentários:
Enviar um comentário