sexta-feira, 20 de março de 2015
SER... COMO CRIANÇAS!
Porque não...
procurarmos a todo o custo ser como crianças?
Não, crianças porque não
desenvolvem as suas próprias capacidades, mas crianças na simplicidade e pureza
de coração e intenções!
A esta parte, e porque me
tocou demais e acho muitíssimo importante para toda a gente de todas as idades
ou condições, não resisto a partilhar a Catequese do Papa Francisco na última
quarta-feira, 18 de Março, que me chegou através de Zenit. É longa, mas vale a
pena:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Depois de ter revisado as diversas figuras
da vida familiar – mãe, pai, filhos, irmãos, avós – gostaria de concluir este
primeiro grupo de catequeses sobre família falando das crianças. Farei isso em
dois momentos: hoje me concentrarei no grande dom que as crianças são para a
humanidade – é verdade, são um grande dom para a humanidade, mas também são as
grandes excluídas porque muitas vezes nem as deixam nascer – e depois me
concentrarei em algumas feridas que infelizmente fazem mal à infância. A mim
vem em mente as tantas crianças que encontrei durante a minha última viagem à
Ásia: cheias de vida, de entusiasmo e, por outro lado, vejo que no mundo muitas
delas vivem em condições indignas… De fato, do modo como são tratadas as
crianças se pode julgar a sociedade, mas não somente moralmente, também
sociologicamente, se é uma sociedade livre ou uma sociedade escrava de
interesses internacionais.
Em primeiro lugar, as crianças nos recordam
que todos, nos primeiros anos da vida, fomos totalmente dependentes dos
cuidados e da benevolência dos outros. E o Filho de Deus não poupou esta etapa.
É o mistério que contemplamos a cada ano, no Natal. O Presépio é o ícone que
nos comunica esta realidade no mundo de forma mais simples e direta. Mas é
curioso: Deus não tem dificuldade em se fazer entender pelas crianças, e as
crianças não têm problemas em entender Deus. Não por acaso, no Evangelho há
algumas palavras muito belas e fortes de Jesus sobre os “pequenos”. Este termo
“pequenos” indica todas as pessoas que dependem da ajuda dos outros e, em
particular, as crianças. Por exemplo, Jesus diz: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do
céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as
revelaste aos pequenos” (Mt 11, 25). E ainda: “Guardai-vos de menosprezar um só
destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar
a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18, 10).
Então, as crianças são em si mesmas uma
riqueza para a humanidade e também para a Igreja, porque nos chamam de volta
constantemente à condição necessária para entrar no Reino de Deus: aquela de
não nos considerarmos auto-suficientes, mas necessitados de ajuda, de amor, de
perdão. E todos precisamos de ajuda, de amor e de perdão!
As crianças nos recordam uma outra coisa
bela; recordam-nos que somos sempre filhos: mesmo se a pessoa se torna adulta,
ou idosa, mesmo se se torna pai, se ocupa um lugar de responsabilidade, abaixo
de tudo isso permanece a identidade de filho. Todos somos filhos. E isso nos
reporta sempre ao fato de que a vida não fomos nós que a demos, mas a
recebemos. O grande dom da vida é o primeiro presente que recebemos. Às vezes
arriscamos viver esquecendo-nos disso, como se fôssemos nós os patrões da nossa
existência, e em vez disso somos radicalmente dependentes. Na realidade, é
motivo de grande alegria sentir que em cada idade da vida, em cada situação, em
cada condição social, somos e permanecemos filhos. Esta é a principal mensagem
que as crianças nos dão, com sua própria presença: somente com a presença nos
recordam que todos nós e cada um de nós somos filhos.
Mas há tantos dons, tantas riquezas que as
crianças levam à humanidade. Recordo apenas algumas. Levam seu modo de ver a
realidade, com um olhar confiante e puro. A criança tem uma confiança
espontânea no pai e na mãe; e tem uma espontânea confiança em Deus, em Jesus,
em Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, o seu olhar interior é puro, ainda não
poluído pela malícia, pela duplicidade, pelas “incrustações” da vida que
endurecem o coração. Sabemos que também as crianças têm o pecado original, que
têm seus egoísmos, mas conservam uma pureza e uma simplicidade interior. Mas as
crianças não são diplomatas: dizem aquilo que sentem, dizem aquilo que veem,
diretamente. E tantas vezes colocam os pais em dificuldade, dizendo diante de
outras pessoas: “Eu não gosto disso porque é ruim”. Mas as crianças dizem
aquilo que veem, não são pessoas duplas, ainda não aprenderam aquela ciência da
duplicidade que nós adultos, infelizmente, aprendemos.
Além disso, as crianças – em sua
simplicidade interior – levam consigo a capacidade de receber e dar ternura.
Ternura é ter um coração “de carne” e não “de pedra”, como diz a Bíblia (cfr Ez
36, 26). A ternura é também poesia: é “sentir” as coisas e os acontecimentos,
não tratá-los como meros objetos, somente para usá-los, porque servem…
As crianças têm a capacidade de sorrir e de
chorar: algumas, quando as pego para abraçá-las, sorriem; outras me veem
vestido de branco e acreditam que eu sou um médico e que vim para vaciná-las, e
choram… mas espontaneamente! As crianças são assim: sorriem e choram, duas
coisas que em nós grandes muitas vezes “são bloqueadas”, não somos mais
capazes… Tantas vezes o nosso sorriso se torna um sorriso de papelão, uma coisa
sem vida, um sorriso que não é vivo, um sorriso artificial, de palhaço. As
crianças sorriem espontaneamente e choram espontaneamente. Depende sempre do
coração e muitas vezes o nosso coração se bloqueia e perde essa capacidade de
sorrir, de chorar. E então as crianças podem nos ensinar de novo a sorrir. Mas,
nós mesmos, devemos nos perguntar: eu sorrio espontaneamente, com frescor, com
amor ou o meu sorriso é artificial? Eu ainda choro ou perdi a capacidade de
chorar? Duas perguntas muito humanas que as crianças nos ensinam.
Por todos esses motivos, Jesus convida os
seus discípulos a “se tornarem como crianças”, porque “quem é como elas
pertence ao Reino de Deus” (cfr Mt 18, 3; Mc 10, 14).
Queridos irmãos e irmãs, as crianças levam
vida, alegria, esperança, também problemas. Mas a vida é assim. Certamente
também trazem preocupações e às vezes tantos problemas; mas é melhor uma
sociedade com estas preocupações e estes problemas que uma sociedade triste e
cinza porque ficou sem crianças! E quando vemos que o nível de nascimento de uma
sociedade chega apenas a um por centro, podemos dizer que esta sociedade é
triste, é cinza, ficou sem as crianças.”
Que o Senhor nos ajude a viver, realmente, com a pureza, inocência
e vontade de crescer das crianças!
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