Aquele cuja vontade está em harmonia com a do Senhor, porque «a medita dia e noite», torna-se «uma árvore plantada à beira de um riacho, que dá fruto na estação própria, e cuja folha não morre» (Sl 1,1-3). É por isso que a videira do Esposo, que criou raízes no solo fértil de Engadi, isto é, no fundo da alma que é regada e enriquecida pelos ensinamentos divinos, produz este cacho rico e cheio, no qual pode contemplar o seu próprio jardineiro e o seu enólogo. Bem-aventurada esta terra cultivada, cuja flor reproduz a beleza do Esposo! Uma vez que este é a luz verdadeira, a vida verdadeira e a verdadeira justiça […], e também muitas outras virtudes, se alguém, por suas obras, se assemelha ao Esposo, quando olha para o cacho da sua própria consciência, vê o próprio Esposo, porque reflecte a luz da verdade numa vida luminosa e imaculada. Foi por isso que esta videira fecunda disse: «A minha vinha floresce, os botões estão a abrir» (cf Ct 7,13). O Esposo, que é esta verdadeira vinha em pessoa, aparece amarrado ao lenho, e o seu sangue tornou-se bebida de salvação para os que exultam na sua redenção.”
sexta-feira, 6 de março de 2015
O PROPRIETÁRIO DA VINHA!
Sempre que me surge a
Parábola dos Vinhateiros homicidas, dou comigo a pensar em quantos
comportamentos na minha vida também serão menos correctos. Há sempre tanto a
reparar! É por isso que temos de ser eternas crianças, sempre ávidas de saber o
que fazer para crescer um pouco mais, ainda que os cabelos brancos, as rugas e
as articulações digam que vieram para ficar.
Nunca imaginei o que a
vida era, tendo a encantar o que poderíamos apelidar de tortura e sacrifício, a
alegria de viver numa doação permanente, a beleza, a ternura, a felicidade
imensa de um crescimento interior constante onde o amar sem peso nem medida
ocupa sempre o primeiro lugar.
Mas... nada disto poderia
acontecer sem uma ajuda especial do Espírito Santo de Deus a encaminhar-nos os
gestos de modo a que na nossa miséria e fraqueza humana possamos viver o mais
possível ao jeito de Jesus, o bem amado do nosso coração.
Voltando nos vinhateiros
e à vinha, Evangelho de hoje, vejamos o maravilhoso comentário de São Gregário
de Nissa:
“«O meu amado é um cacho de uvas de Chipre entre as vinhas de
Engadi» (Ct 1,14). […] Este cacho divino cobre-se de flores antes da Paixão e
derrama o seu vinho na Paixão. […] Na videira, o cacho não tem sempre a mesma
forma, muda com o tempo: floresce, incha e, depois de estar perfeitamente
maduro, vai-se transformar em vinho. A videira promete, pois, pelo seu fruto:
ainda não está maduro e no ponto para dar vinho, mas espera a plenitude dos
tempos. No entanto, não é absolutamente incapaz de nos alegrar. Com efeito, já
antes do sabor, encanta o olfacto na espera de bens futuros, e seduz os
sentidos da alma pelos aromas da esperança. Porque a garantia da graça esperada
torna-se já alegria para os que esperam com constância. Assim é a uva de Chipre
que promete o vinho antes de o ser: pela sua flor – a sua flor é a esperança –,
dá-nos a garantia da graça futura. […]
Aquele cuja vontade está em harmonia com a do Senhor, porque «a medita dia e noite», torna-se «uma árvore plantada à beira de um riacho, que dá fruto na estação própria, e cuja folha não morre» (Sl 1,1-3). É por isso que a videira do Esposo, que criou raízes no solo fértil de Engadi, isto é, no fundo da alma que é regada e enriquecida pelos ensinamentos divinos, produz este cacho rico e cheio, no qual pode contemplar o seu próprio jardineiro e o seu enólogo. Bem-aventurada esta terra cultivada, cuja flor reproduz a beleza do Esposo! Uma vez que este é a luz verdadeira, a vida verdadeira e a verdadeira justiça […], e também muitas outras virtudes, se alguém, por suas obras, se assemelha ao Esposo, quando olha para o cacho da sua própria consciência, vê o próprio Esposo, porque reflecte a luz da verdade numa vida luminosa e imaculada. Foi por isso que esta videira fecunda disse: «A minha vinha floresce, os botões estão a abrir» (cf Ct 7,13). O Esposo, que é esta verdadeira vinha em pessoa, aparece amarrado ao lenho, e o seu sangue tornou-se bebida de salvação para os que exultam na sua redenção.”
Aquele cuja vontade está em harmonia com a do Senhor, porque «a medita dia e noite», torna-se «uma árvore plantada à beira de um riacho, que dá fruto na estação própria, e cuja folha não morre» (Sl 1,1-3). É por isso que a videira do Esposo, que criou raízes no solo fértil de Engadi, isto é, no fundo da alma que é regada e enriquecida pelos ensinamentos divinos, produz este cacho rico e cheio, no qual pode contemplar o seu próprio jardineiro e o seu enólogo. Bem-aventurada esta terra cultivada, cuja flor reproduz a beleza do Esposo! Uma vez que este é a luz verdadeira, a vida verdadeira e a verdadeira justiça […], e também muitas outras virtudes, se alguém, por suas obras, se assemelha ao Esposo, quando olha para o cacho da sua própria consciência, vê o próprio Esposo, porque reflecte a luz da verdade numa vida luminosa e imaculada. Foi por isso que esta videira fecunda disse: «A minha vinha floresce, os botões estão a abrir» (cf Ct 7,13). O Esposo, que é esta verdadeira vinha em pessoa, aparece amarrado ao lenho, e o seu sangue tornou-se bebida de salvação para os que exultam na sua redenção.”
Este texto, inspirado no
Cântico dos Cânticos, é poético e de uma beleza e interioridade sem par! Eu não
podia deixar de o partilhar!
Jesus, não permitas que
nos separemos de Ti, Filho do Dono da Vinha que viestes ensinar-nos o amor que
é o verdadeiro caminho da vida!
Jesus, não permitas que
nos separemos de Ti, a Verdadeira Vide de que somos os ramos!
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