A
relação Deus/homem é a mais linda e maravilhosa história de Amor! Uma história
que só se poderá compreender minimamente na vivência do Amor em Deus e com
Deus, pois foi para isso que fomos criados, para viver com Deus e em Deus!
Que
me perdoe o Padre Rui Santiago, mas não resisto ao que publicou do Padre
Calmeiro Matias em 1 de Fevereiro de 2015 que passo a descrever! É longo... mas
de tão profundo e elucidativo vale bem a pena! Eu não me canso de meditar este
texto!
“Evangelizar é contar uma
história de amor cheia de sentido para a vida humana. Esta história é fecunda,
pois assenta na verdade de Deus e do Homem. Por outras palavras, a acção
evangelizadora tem uma enorme força libertadora por ser a narração da verdade
de Deus e do Homem: Podemos dizer que Jesus Cristo é o ponto de encontro da
verdade de Deus com a verdade do Homem. É esta a razão pela qual Jesus disse
aos discípulos que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).
Ao ressuscitar, Jesus
enviou-nos o Espírito Santo o qual, como diz Jesus no evangelho de São João,
nos conduz de modo gradual e progressivo para a verdade total (Jo 16, 13).
Através das suas palavras e do seu jeito de actuar, Jesus foi o grande narrador
da história do amor incondicional de Deus por nós. Depois, ao ressuscitar,
comunicou-nos a força e a sabedoria do Espírito Santo, a fim de nos capacitar
para evangelizarmos o nosso mundo. Segundo o evangelho de São João, Jesus vivia
de tal modo unido ao Pai que um dia afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).
O evangelho de São Lucas diz que o conhecimento de Jesus sobre a verdade de
Deus e do Homem era perfeito.
Um dia, Jesus exultou de
alegria pela força do Espírito Santo, pois deu-se conta de que alguns dos seus
ouvintes estavam a acolher a verdade de Deus no seu coração. Este relato de São
Lucas é um excelente exemplo da alegria que invade o coração do evangelizador,
ao verificar que a sua palavra está a ser acolhida.
Eis as palavras de Jesus no
evangelho de São Lucas: “Naquele momento, Jesus estremeceu de alegria sob a
acção do Espírito Santo e disse: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra,
porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes
aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por
meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, como ninguém conhece
quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Depois, voltando-se para os
discípulos, disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que vêem o que estais a
ver. Porque eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e o
não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21.24).
Jesus ensinou-nos que Deus
Pai, nos ama de modo incondicional. Na verdade, Deus não esteve à espera de que
fôssemos bons para gostar de nós. Na parábola do Filho Pródigo, Jesus
ensina-nos que Deus Pai tem um coração cheio de bondade para connosco. Todas as
tardes dizia Jesus, o Pai vinha ao alto da colina, a fim de ver se o filho que
tinha fugido estava de regresso. Num dia de sol, mesmo à tardinha, o Pai avista
ao longe o filho que regressa. Com os braços abertos corre ao encontro do
filho. Cheio de ternura beija-o e leva-o para casa, vestindo-lhe o fato da
festa (cf. Lc 15, 25-32).
Com esta parábola, Jesus
quis ensinar-nos que o Pai nos ama sempre, apesar de sermos pecadores. O
Espírito Santo, no nosso íntimo, ajuda-nos a fazer a experiência deste teu amor
por nós. É também o Espírito Santo que nos dá a sabedoria necessária para
anunciarmos aos nossos irmãos este teu amor infinito por todas as pessoas.
Na verdade, evangelizar é
anunciar aos homens uma história de amor incondicional que diz respeito a todos
os homens. Com efeito, a Palavra Deus projecta uma luz sobre os acontecimentos,
ao ponto de mesmo alguns acontecimentos que parecem tirar sentido à vida acabam
por ter sentido quando olhados à luz da Vossa Palavra.
Podemos dizer que a Palavra
potencia o sentido daquilo que já o tem e confere sentido àquilo que, à simples
luz da razão, parece não o ter. É a revelação que faz emergir no coração e na
mente dos crentes a vida teologal, distinguindo-o dos demais crentes pelo modo
novo de ver e ajuizar acerca dos acontecimentos. À medida em que o crente vai
cresce nesta vida teologal, torna-se sal, luz e fermento no mundo.
A vida teologal é a
sabedoria que emerge no coração dos crentes à medida em que o Espírito Santo
nos vai confidenciando os mistérios de Deus. Pouco a pouco, a revelação de Deus
vai respondendo a questões deste tipo: Quem somos? Qual o nosso lugar no plano
salvador de Deus? Como é o Deus que nos está criando e salvando em Cristo?
No coração da revelação
está, pois, o mistério da Encarnação e o sentido que ele tem para a salvação da
Humanidade. Pela revelação nós compreendemos que o divino se enxertou no humano
para que este seja divinizado. Se assim não fosse, a Encarnação seria apenas
uma visita que Deus nos fez através da segunda pessoa da Santíssima Trindade.
À luz da fé, a nossa meta é
incorporação na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos
em relação a Deus Filho. O sentido máximo da vida humana é, naturalmente, Jesus
de Nazaré, um homem em tudo igual a nós excepto no pecado. Se é homem perfeito
quer dizer que faz um todo orgânico connosco. Um homem só é perfeito na medida
em que está interligado com toda a Humanidade. Se além de ser um homem
perfeito, Jesus é ainda o ponto de união do humano com o divino, então a
Humanidade está organicamente unida à Divindade.
A plenitude do humano,
portanto, é a divinização mediante a assunção e incorporação orgânica na
comunhão familiar da Santíssima Trindade. É este o sentido profundo que a
revelação confere à vida humana. No entanto, não devemos pensar que Deus nos
substitui, fazendo aquilo que nos compete a nós fazer.
Na verdade, Deus apenas
diviniza aquilo que o homem humaniza. A humanização é uma tarefa que compete a
cada ser humano e que ninguém pode realizar por nós. É verdade que começámos
por ser aquilo que os outros fizeram de nós. Dos outros recebemos as
possibilidades de humanização ou os talentos. Mas o mais importante não são os
talentos que recebemos, mas a maneira como os fazemos render. A lei da
humanização é: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para
a Comunhão Universal.
A pessoa é, portanto, um
ser em construção. Quanto mais emerge em densidade espiritual e
capacidade de interagir amorosamente com os outros, mais converge para o todo
orgânico que é a Humanidade. Esta constitui-se como um entretecido orgânico
universal onde a riqueza de cada pessoa circula pela totalidade humana.
Entramos de modo activo na
Comunhão Universal na medida em que emergimos mediante atitudes, escolhas e
opções de amor. Quem não teve oportunidade de fazer tais opções faz parte desta
orgânica mas de modo passivo, isto é, atingindo a sua plenitude humano-divina
recebendo mais que dando. Jesus ensinou aos seus discípulos que é melhor dar
que receber (Act 20, 35). Estas pessoas encontram-se plenamente realizadas na
plenitude da comunhão humano-divina, mas recebendo mais do que dando.
A grande tarefa da pessoa,
portanto, é a sua humanização, respondendo fielmente aos apelos do Amor. O
poder de Deus é, afinal, o poder do Amor. Se Deus é Amor, então os atributos
divinos são apenas os atributos do Amor. Deus é só Amor porque é plenitude de
pessoas em comunhão.
A Humanidade, apesar de não
ser ainda uma comunhão perfeita, está em processo de amorização. Ainda não é
uma plenitude amorosa, mas está a caminhar para lá. Eis a razão pela qual o
Amor é a dinâmica que está a fazer avançar o processo da humanização. As
pessoas vão emergindo como seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de
comunhão amorosa.
É por este motivo que podes
dizer que a plenitude da pessoa é a comunhão universal do Reino de Deus. Nesta
comunhão universal ninguém está a mais, pois cada pessoa emerge de modo único,
original, e irrepetível. Quanto mais emergirmos como pessoas na História, mais
capazes seremos de participar na plenitude da Comunhão Universal, cujo coração
é a Santíssima Trindade. Com efeito, será eternamente mais divino quem mais se
humanizar agora.
Eis a grande síntese da
história de amor que o evangelizador tem para contar. Trata-se de uma história
que confere sentido pleno à vida do Homem. Trata-se de umas história que temos
de contar, a fim de ajudar os seres humanos a encontrar razão para viver,
gastando a vida pelas causas do amor. À medida em que o cristão evangeliza está
a possibilitar aos seres humanos o conhecimento e a experiência da ternura de
Deus por eles.
Ao contar às pessoas esta
história do amor de Deus, o evangelizador procura motivar as pessoas a acolher
a salvação, permitindo ao Espírito Santo que as conduza para a Comunhão da
Família Divina. Mas devemos saber que a salvação é um dom que a pessoa pode
aceitar ou não. O evangelizador deve motivar as pessoas no sentido de as levar
a aceitar com alegria e gratidão a salvação que Deus nos oferece em Cristo.”
NO PRIMEIRO DIA DA SEMANA
Em Comunhão Convosco,
Calmeiro Matias
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