segunda-feira, 21 de setembro de 2020

OS ÚLTIMOS… SÃO OS PRIMEIROS

 

É muito difícil de compreender esta frase… ‘os últimos são os primeiros’!

Neste final de semana, além da preparação para a Eucaristia Dominical, das três homilias escutadas com todo o empenho em delas tirar o máximo que pudesse, ainda me surgiu este texto através de Evangelizo:

«»

São João Crisóstomo (c. 345-407)

presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre o evangelho de Mateus, n.º 64, 4

«Ide vós também para a minha vinha»

Esta parábola trata da conversão dos homens a Deus, alguns desde tenra idade, outros um pouco mais tarde e alguns somente na velhice. Cristo reprime o orgulho dos primeiros e impede-os de censurar os da décima primeira hora, mostrando-lhes que todos têm a mesma recompensa. Ao mesmo tempo, estimula o zelo dos últimos, mostrando-lhes que podem merecer o mesmo salário que os primeiros. O Salvador tinha acabado de falar da renúncia às riquezas e do desprezo por todos os bens, virtudes que exigem coragem e um coração grande. Precisava, por isso, de estimular o ardor de uma alma cheia de juventude; para tal, o Senhor reacende nos seus ouvintes a chama da caridade e fortalece-lhes a coragem, mostrando-lhes que mesmo os que chegaram por último recebem o salário do dia todo. […]

Para falar com mais clareza, poderia haver quem abusasse desta circunstância, caindo na indiferença e no desmazelo. Mas os discípulos perceberão claramente que essa generosidade é um efeito da misericórdia de Deus, que só ela os ajudará a merecer tão magnífica recompensa. […] Todas as parábolas de Jesus – a das virgens, a da rede, a dos espinhos, a da figueira estéril – nos convidam a mostrar a nossa virtude com atos. […] Ele exorta-nos a levar uma vida pura e santa. Ora, uma vida santa custa mais ao nosso coração que a simples pureza da fé, pois é uma luta contínua, um labor infatigável.

«»

Esta explicação, assim como todas as que ouvi, estão muito bem, são a pura realidade. Eu compreendo-as… Se compreendo!

Mas… passei a noite e o domingo a pensar na minha infância e na infância das pessoas da minha idade, e da imensa maioria da infância dos nossos tempos, e fez-me pensar em muitos cuidados que teremos de ter… ou de muitas mudanças de comportamento para que esta parábola seja, de facto, percebida e bem vivida.

Lembro que, ao longo da minha vida até agora, a maior parte dos pais e avós se empenha para que as crianças frequentem a Catequese com tudo quanto esse procedimento implica: receber o Sacramento do Batismo, e depois a acompanhar os encontros de catequese a frequentar as Eucaristias Dominicais, a fazer a Primeira Comunhão e normalmente ir até ao Sacramento do Crisma… sendo que, a maior parte, depois de tudo isto, pensa ter feito tudo pelas crianças e jovens em causa, mas não!

Isto pode muito bem não passar de um pequeno princípio, pois as pessoas vão crescendo a pensar que tudo está bem sem trabalharem a vinha, que é o seu próprio crescimento como pessoas e como cristãos. Fazer tudo isto para se dizer cristãos, e depois não continuar a transformação necessária para ser cristão de verdade, são chamados na primeira hora, mas pode não ser sequer o suficiente!

Há pessoas que recebem o Sacramento do Batismo mais tarde, quando chegam à idade de casar, querem o casamento católico e, consequentemente, têm de preparar-se para o Batismo e restantes Sacramentos de Iniciação Cristã. Se o fazem com plena consciência do que estão a fazer, e continuam a ter Deus como o maior Amor da sua vida e a dar à vida o que Deus lhe vai pedindo, poderão continuar a trabalhar na vinha de uma forma mais séria!

Depois… temos os que, mesmo Batizados em criança, deixam de frequentar a igreja e, assim sendo, será de todo impossível o trabalho sério na vinha do Senhor! Então pode acontecer a entrada num qualquer movimento de Leigos e conseguirem um encontro profundo com o Senhor e começarem a interessar-se por viver do Seu jeito.

Há ainda aqueles que vão vivendo como entendem, frequentando ou não os sacramentos, com sentimentos uns mais outros menos misericordiosos e bons, ou até menos bons, e a vida vai decorrendo. A certa altura, vem uma doença ou um problema grave, e a pessoa acaba por se lembrar que Deus é Pai Misericordioso e bom ou pelo que vêm fazer os amigos, ou pelas palavras e gestos que lhes vão chegando, por livros que vão lendo, por conclusões que vão tirando, vão pensando e vivendo Deus do jeito que entendem melhor. E andam assim… a vida toda!

Será que o Deus Misericordioso e bom, Pai como nenhum mais existe, que só quer o bem dos Seus filhos, ainda que na última hora, a da morte, não lhe vai deitar a mão e puxá-los para a Eternidade feliz na Sua companhia?

Todos nós somos chamados a ser trabalhadores da Vinha do Senhor, ou seja, pessoas que amam os irmãos e fazem tudo por eles como Deus quer que façamos.

Nós não conhecemos o íntimo das pessoas, temos que acreditar que todas, sem exceção, são filhas de Deus, trabalhadoras da Sua vinha, cada qual do jeito que sabe ou pode.

Então, respeitemos toda a gente, amemos toda a gente, oiçamos toda a gente, compreendamos toda a gente… quer sejam convidados logo na primeira hora, quando bebezinhos, ou quando estão prestes a deixar este mundo, os da última hora! O pagamento é igual para todos, uma vida eterna bem feliz na Sua companhia, como... ninguém sabe, só quando chegarmos a essa hora que deve ser de muita alegria e não de tristeza. Saudade dos que ficam, sim, receio do que virá, não, nunca, jamais! 

Deus não nos falha! Que sempre seja louvado!

Um bom final de noite e uma boa segunda feira!

Hermínia Nadais

Sem comentários: