É muito difícil de compreender esta frase… ‘os últimos são os primeiros’!
Neste final de semana,
além da preparação para a Eucaristia Dominical, das três homilias escutadas com
todo o empenho em delas tirar o máximo que pudesse, ainda me surgiu este texto através
de Evangelizo:
«»
São João Crisóstomo
(c. 345-407)
presbítero de
Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o
evangelho de Mateus, n.º 64, 4
«Ide vós também para a
minha vinha»
Esta parábola trata da
conversão dos homens a Deus, alguns desde tenra idade, outros um pouco mais
tarde e alguns somente na velhice. Cristo reprime o orgulho dos primeiros e
impede-os de censurar os da décima primeira hora, mostrando-lhes que todos têm
a mesma recompensa. Ao mesmo tempo, estimula o zelo dos últimos, mostrando-lhes
que podem merecer o mesmo salário que os primeiros. O Salvador tinha acabado de
falar da renúncia às riquezas e do desprezo por todos os bens, virtudes que
exigem coragem e um coração grande. Precisava, por isso, de estimular o ardor
de uma alma cheia de juventude; para tal, o Senhor reacende nos seus ouvintes a
chama da caridade e fortalece-lhes a coragem, mostrando-lhes que mesmo os que
chegaram por último recebem o salário do dia todo. […]
Para falar com mais
clareza, poderia haver quem abusasse desta circunstância, caindo na indiferença
e no desmazelo. Mas os discípulos perceberão claramente que essa generosidade é
um efeito da misericórdia de Deus, que só ela os ajudará a merecer tão magnífica
recompensa. […] Todas as parábolas de Jesus – a das virgens, a da rede, a dos
espinhos, a da figueira estéril – nos convidam a mostrar a nossa virtude com
atos. […] Ele exorta-nos a levar uma vida pura e santa. Ora, uma vida santa
custa mais ao nosso coração que a simples pureza da fé, pois é uma luta
contínua, um labor infatigável.
«»
Esta explicação, assim
como todas as que ouvi, estão muito bem, são a pura realidade. Eu compreendo-as…
Se compreendo!
Mas… passei a noite e
o domingo a pensar na minha infância e na infância das pessoas da minha idade,
e da imensa maioria da infância dos nossos tempos, e fez-me pensar em muitos
cuidados que teremos de ter… ou de muitas mudanças de comportamento para que
esta parábola seja, de facto, percebida e bem vivida.
Lembro que, ao longo
da minha vida até agora, a maior parte dos pais e avós se empenha para que as crianças
frequentem a Catequese com tudo quanto esse procedimento implica: receber o
Sacramento do Batismo, e depois a acompanhar os encontros de catequese a
frequentar as Eucaristias Dominicais, a fazer a Primeira Comunhão e normalmente
ir até ao Sacramento do Crisma… sendo que, a maior parte, depois de tudo
isto, pensa ter feito tudo pelas crianças e jovens em causa, mas não!
Isto pode muito bem
não passar de um pequeno princípio, pois as pessoas vão crescendo a pensar que
tudo está bem sem trabalharem a vinha, que é o seu próprio crescimento como
pessoas e como cristãos. Fazer tudo isto para se dizer cristãos, e depois não continuar
a transformação necessária para ser cristão de verdade, são chamados na
primeira hora, mas pode não ser sequer o suficiente!
Há pessoas que recebem
o Sacramento do Batismo mais tarde, quando chegam à idade de casar, querem o
casamento católico e, consequentemente, têm de preparar-se para o Batismo e restantes Sacramentos de Iniciação Cristã. Se o
fazem com plena consciência do que estão a fazer, e continuam a ter Deus como o
maior Amor da sua vida e a dar à vida o que Deus lhe vai pedindo, poderão
continuar a trabalhar na vinha de uma forma mais séria!
Depois… temos os que,
mesmo Batizados em criança, deixam de frequentar a igreja e, assim sendo, será
de todo impossível o trabalho sério na vinha do Senhor! Então pode acontecer a
entrada num qualquer movimento de Leigos e conseguirem um encontro profundo com
o Senhor e começarem a interessar-se por viver do Seu jeito.
Há ainda aqueles que
vão vivendo como entendem, frequentando ou não os sacramentos, com sentimentos
uns mais outros menos misericordiosos e bons, ou até menos bons, e a vida vai
decorrendo. A certa altura, vem uma doença ou um problema grave, e a pessoa
acaba por se lembrar que Deus é Pai Misericordioso e bom ou pelo que vêm fazer
os amigos, ou pelas palavras e gestos que lhes vão chegando, por livros que vão
lendo, por conclusões que vão tirando, vão pensando e vivendo Deus do jeito que
entendem melhor. E andam assim… a vida toda!
Será que o Deus Misericordioso
e bom, Pai como nenhum mais existe, que só quer o bem dos Seus filhos, ainda
que na última hora, a da morte, não lhe vai deitar a mão e puxá-los para a Eternidade feliz na Sua companhia?
Todos nós somos
chamados a ser trabalhadores da Vinha do Senhor, ou seja, pessoas que amam os
irmãos e fazem tudo por eles como Deus quer que façamos.
Nós não conhecemos o
íntimo das pessoas, temos que acreditar que todas, sem exceção, são filhas de
Deus, trabalhadoras da Sua vinha, cada qual do jeito que sabe ou pode.
Então, respeitemos toda a gente, amemos toda a gente, oiçamos toda a gente, compreendamos toda a gente… quer sejam convidados logo na primeira hora, quando bebezinhos, ou quando estão prestes a deixar este mundo, os da última hora! O pagamento é igual para todos, uma vida eterna bem feliz na Sua companhia, como... ninguém sabe, só quando chegarmos a essa hora que deve ser de muita alegria e não de tristeza. Saudade dos que ficam, sim, receio do que virá, não, nunca, jamais!
Deus não nos falha! Que sempre seja louvado!
Um bom final de noite
e uma boa segunda feira!
Hermínia Nadais
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