segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ainda… DA MESMA EUCARISTIA!




Continuando… o Evangelho deste domingo é a parábola dos talentos, moeda antiga de muito valor (Mt 25, 14-30), e conta a história de um homem que antes de partir para uma viagem convocou os servos e deu-lhes, respectivamente, cinco, dois e um talento de acordo com as capacidades que cada um possuía para que os pudessem fazer render. O primeiro e o segundo servos dobraram o capital recebido ao que o terceiro, com medo de o perder, o enterrou num buraco. No retorno do patrão, os dois primeiros receberam o louvor e a recompensa, enquanto o terceiro, foi repreendido e punido.

Sem sombra de dúvida que o homem da parábola representa Jesus, os servos somos todos nós, e os talentos são o património que o Senhor Deus/Jesus, nos confia: a Sua Palavra expressa na doutrina do Evangelho, matéria de fé no Pai celeste, donde sobressai o Perdão e a Eucaristia e tantos outros bens preciosos para a nossa felicidade particular e comunitária.

Dado que toda a vida é ou deverá ser uma luta constante pela aprendizagem de bem viver, há ainda quem identifique os cinco talentos com os cinco sentidos, os dois talentos com a inteligência da fé e das obras, e um talento com a razão que nos distingue das demais criaturas, ou seja, com o mais básico do Ser Humano.

A mesma fonte diz que, no caso dos cinco talentos, aos sentidos físicos e materiais que recebeu o servo juntou o conhecimento das coisas celestes, lutando para que a sua inteligência se elevasse das criaturas ao Criador, do corpóreo ao incorpóreo, do visível ao invisível, do passageiro ao eterno. Quanto ao que recebeu dois talentos diz que, de acordo com as suas forças, duplicou, na escola do Evangelho, o que tinha aprendido na escola da Lei, ou seja, compreendeu que a inteligência da fé e as obras da vida presente levam à felicidade futura. E quanto ao que recebeu apenas um talento se manteve apanhado pelas obras terrenas e pelos prazeres do mundo  negligenciando os mandamentos de Deus e levando, indefinidamente, uma vida de preguiça e prazer.
De qualquer forma, o
s talentos representam para nós os bens que o Senhor nos confia para que os façamos dar frutos, e o buraco onde foi guardado o talento do “servo mau e preguiçoso” representa o medo de arriscar a fazer seja o que for, bloqueando a criatividade e a fecundidade do amor de Deus em nós.

O Papa Francisco diz que “Jesus não nos quer bloqueados nem nos pede para conservarmos a sua graça num cofre”, mas quer que a usemos em benefício dos outros. Todos os bens que nós recebemos são para dá-los aos outros, e assim crescermos nós e crescerem eles.
E o Santo Padre diz ainda acerca destas dádivas de Deus: ‘É como se nos dissesse: “Aqui está a minha misericórdia, a minha ternura, o meu perdão: peguem-no e façam largo uso”. E nós, o que fazemos?  Quem ‘contagiamos’ com a nossa fé? Quantas pessoas encorajamos com a nossa esperança? Quanto amor partilhamos com o nosso próximo? São perguntas que nos farão bem. Qualquer ambiente, mesmo o mais distante e impraticável, pode se tornar lugar onde fazer frutificar os talentos. Não há situações ou lugares incompatíveis com a presença e o testemunho cristão. O testemunho que Jesus nos pede não é fechado, é aberto, depende de nós.
Esta parábola nos exorta a não esconder a nossa fé e a nossa pertença a Cristo, a não enterrar a Palavra do Evangelho, mas a fazê-la circular na nossa vida, nas relações, nas situações concretas, como força que coloca em crise, que purifica, que renova. Assim também o perdão, que o Senhor nos dá especialmente no Sacramento da Reconciliação: não o tenhamos fechado em nós mesmos, mas deixemos que desencadeie a sua força, que faça cair muros que o nosso egoísmo levantou, que nos faça dar o primeiro passo nas relações bloqueadas, retomar o diálogo onde não há mais comunicação… E por aí vai. Fazer com que estes talentos, estes presentes, estes dons que o Senhor nos deu sejam para os outros, cresçam, deem frutos, com o nosso testemunho.
Será que os talentos, as riquezas, tudo aquilo que Deus me deu de espiritual, de bondade, a Palavra de Deus, têm sido aproveitados por mim para fazer crescer os outros ou guardo-os como num cofre?
O Senhor não dá a todos as mesmas coisas e do mesmo modo, pois conhece-nos a cada um ou uma pessoalmente e confia-nos o que é certo para nós; mas em todos há a mesma e imensa confiança. Deus confia em nós, tem esperança em nós todos! Não o desiludamos deixando-nos enganar pelo medo, mas retribuamos todas as Suas graças com muita confiança e determinação! A Virgem Maria encarna esta atitude no modo mais belo e mais pleno, pois recebeu e acolheu o dom mais sublime, Jesus em pessoa, e ofereceu-O à humanidade com coração generoso. Peçamos-Lhe para nos ajudar a sermos “servos bons e fiéis” para participarmos “da alegria do nosso Senhor”.’
Agora… a semana começou! É hora de meter na vida estes tão maravilhosos ensinamentos, ou seja, é hora de por a render todos os talentos que Deus nos deu!

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