quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
O PAI... FAZ MUITA FALTA AOS FILHOS!
Fala-se muito na mãe,
muitas vezes em desabono dos pais, quando os pais fazem imensa falta aos
filhos!
Vem mesmo a propósito a
catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 28 de Janeiro que, dada a sua
suprema importância, passo a partilhar:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Retomamos o caminho das catequeses sobre
família. Hoje nos deixamos guiar pela palavra “pai”. Uma palavra mais que
qualquer outra querida a nós cristãos, porque é o nome com o qual Jesus nos
ensinou a chamar Deus: pai. Hoje o sentido deste nome recebeu uma nova
profundidade justamente a partir do modo em que Jesus o usava para se dirigir a
Deus e manifestar a sua especial relação com Ele. O mistério abençoado da
intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus, é o coração da
nossa fé cristã.
“Pai” é uma palavra conhecida por todos,
uma palavra universal. Essa indica uma relação fundamental cuja realidade é tão
antiga quanto a história do homem. Hoje, todavia, chegou-se a afirmar que a
nossa seria uma “sociedade sem pais”. Em outros termos, em particular na
cultura ocidental, a figura do pai seria simbolicamente ausente, dissipada,
removida. Em um primeiro momento, a coisa foi percebida como uma libertação:
libertação do pai-patrão, do pai como representante da lei que se impõe de
fora, do pai como censor da felicidade dos filhos e obstáculo da emancipação e
da autonomia dos jovens. Às vezes, em algumas casas, reinava no passado o
autoritarismo, em certos casos até mesmo a opressão: pais que tratavam os
filhos como servos, não respeitando as exigências pessoais do crescimento
deles; pais que não os ajudavam a empreender o seu caminho com liberdade – mas não
é fácil educar um filho em liberdade – ; pais que não os ajudavam a assumir as
próprias responsabilidades para construir o seu futuro e o da sociedade.
Isto, certamente, é uma atitude não boa;
porém, como acontece muitas vezes, se passa de um extremo a outro. O problema
dos nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais quanto a
sua ausência, a sua falta de ação. Os pais estão, por vezes, tão concentrados
em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações individuais
a ponto de esquecer a família. E deixam sozinhos os pequenos e os jovens. Já
como bispo de Buenos Aires senti o sentido de orfandade que vivem os jovens;
muitas vezes eu perguntava aos pais se brincavam com os seus filhos, se tinham
a coragem e o amor de perder tempo com os filhos. E a resposta era ruim, na
maioria dos casos: “Mas, não posso, porque tenho tanto trabalho…” E o pai era
ausente daquele filho que crescia, não brincava com ele, não, não perdia tempo
com ele.
Ora, neste caminho comum de reflexão sobre
família, gostaria de dizer a todas as comunidades cristãs que devemos ser mais
atentos: a ausência da figura paterna na vida dos pequenos e dos jovens produz
lacunas e feridas que podem ser também muito graves. E, de fato, os desvios de
crianças e de adolescentes podem, em boa parte, ser atribuídos a esta falta, à
carência de exemplos e de guias autoritárias em suas vidas de cada dia, à
carência de proximidade, à carência de amor por parte dos pais. O sentido de
orfandade que tantos jovens vivem é mais profundo que aquilo que pensamos.
São órfãos na família, porque os pais
muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da casa, mas sobretudo porque,
quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam com os seus filhos,
não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com o seu exemplo
acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de
vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade educativa da presença
paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a
estar distante de casa. Às vezes parece que os pais não sabem bem qual posto
ocupar na família e como educar os filhos. E, então, na dúvida, se abstém, se
retiram e negligenciam suas responsabilidades, talvez refugiando-se em uma
improvável relação “em pé de igualdade” com os filhos. É verdade que você deve
ser “companheiro” do teu filho, mas sem esquecer que você é o pai! Se você se
comporta somente como um companheiro em pé de igualdade com o filho, isto não
fará bem ao menino.
E vemos este problema também na comunidade
civil. A comunidade civil, com as suas instituições, tem uma certa
responsabilidade – podemos dizer paterna – com os jovens, uma responsabilidade
que às vezes negligencia ou exerce mal. Também essa muitas vezes os deixa
órfãos e não propõe a eles uma verdade de perspectiva. Os jovens permanecem,
assim, órfãos de caminho seguros a percorrer, órfãos de mestres em quem
confiar, órfãos de ideais que aquecem o coração, órfãos de valores e de
esperanças que os apoiam cotidianamente. São preenchidos, talvez, por ídolos,
mas se rouba o coração deles; são impelidos a sonhar com diversão e prazer, mas
não se dá a eles o trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, e se nega a eles
as verdadeiras riquezas.
E então fará bem a todos, aos pais e aos
filhos, escutar novamente a promessa que Jesus fez aos seus discípulos: “Não
vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18). É Ele, de fato, o Caminho a percorrer, o
Mestre a escutar, a Esperança de que o mundo pode mudar, que o amor vence o
ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para todos. Alguém de
vocês poderá me dizer: “Mas, padre, hoje o senhor foi muito negativo. Falou
somente da ausência dos pais, o que acontece quando os pais não são próximos
aos filhos…” É verdade, quis destacar isso, porque na quarta-feira que vem
prosseguirei esta catequese colocando o foco na beleza da paternidade. Por isso
escolhi começar pelo escuro para chegar à luz. Que o Senhor nos ajude a
entender bem estas coisas. Obrigado.”
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário