A educação para o Matrimónio… é como a educação para a vida… começa com a educação para o Matrimónio dos pais. Nada para convencer e vencer como o conhecimento adquirido nas vivências do dia a dia, ou seja, nada melhor para convencer do que a experiência que desemboca em testemunho.
Na minha profissão, que exerci com o maior empenho e dedicação, quando falaram em incluir nos currículos a Educação Sexual… fiquei muito preocupada, pois logo imaginei onde tudo iria parar - à procura de sexo protegido como prevenção de doenças e gravidez prematura e indesejada. Ora, não podemos excluir esta parte, pois é de todo necessária… mas não tem nada a ver com o conhecimento da sexualidade masculina e feminina que é o comportamento de cada pessoa só e especificamente por ser homem ou por ser mulher!
Vou descrever o que, em palestras a professores, encarregados de educação e responsáveis por associações que velem por jovens, a Dr.ª Sofia Mendonça disse: “nenhum aluno ficará infeliz se algum professor se enganar no nome da capital de um país, mas, se um professor induzir em erro ou desinformar um aluno em relação às propostas de projecto de vida ou de exercício da sua sexualidade, isso sim já poderá vir a ser motivo de infelicidade para o jovem.” E criticou “também a abordagem que é actualmente feita na escola por considerar altamente redutor cingir esta temática unicamente ao campo fisiológico. Considerou que, por detrás do exercício da sexualidade, deve estar, primeiramente, a ideia de um projecto de vida e que, se hoje em dia, até mesmo nas disciplinas comuns do currículo, os jovens demonstram falta de motivação e desinteresse, isso resulta precisamente da ausência de um projecto de vida mais abrangente. Por isso, concluíu, o programa “Protege o Teu Coração” acaba por ser essencial, numa perspectiva de formação cívica, e não complementar, precisamente porque, através de interrogações feitas aos jovens, pretende despertar neles a ideia de um projecto de vida com consequências mais a médio e longo prazo e não apenas a curto prazo, de gozar a vida e aproveitar, de forma, por vezes, irresponsável, ao máximo, as energias da juventude.”
O programa é aliciante. “Começa por propor a cada jovem que seja uma estrela, uma estrela que brilhe e ilumine, com a sua luz, toda a sociedade: ser feliz e ajudar os outros a serem felizes, ajudar cada jovem a construir um carácter forte e autónomo. E essa estrela, diz, só poderá brilhar na sua plenitude se tiver as suas 5 pontas que são as 5 dimensões da vida e, naturalmente, também da própria sexualidade: a dimensão física, social, racional, emotiva e transcendente, que nunca se podem dissociar entre si.
Neste âmbito, o programa é composto por 25 módulos, aplicados desde o 5.º ao 12.º anos onde se abordam temas como a auto-estima, a assertividade, a amizade e o namoro, a influência da pornografia, a consciência da fertilidade, entre outros.
Como um dos principais problemas da adolescência é a vulneralibilidade perante as fortíssimas pressões dos grupos, dos meios de comunicação social e da internet e a imaturidade na tomada de decisões, um dos principais objetivos deste programa reside, desde logo, em ajudar os jovens a reconhecer essa sua situação de vulnerabilidade, através do recurso a exemplos concretos, vídeos, cartunes, jogos lúdicos (por exemplo, o jogo da corda), que lhes permita reconhecer as pressões de que são alvo e quais os modos mais práticos de lidar com elas. Numa das dinâmicas com jovens, a formadora utiliza um balão que vai enchendo e que, quer porque se continua a encher sem parar, quer porque alguém o pica, acaba por rebentar e ficar para sempre inutilizado. O balão representa cada um de nós quando não sabe lidar com as pressões negativas, e a sua destruição pode representar o alcóol, a gravidez indesejada, as doenças sexualmente transmissíveis, a dependência da internet e dos vídeo-jogos, etc.. Noutra dinâmica, propõe-se a criação de uma peça de teatro composta por dois grupos que tentam influenciar o comportamento do outro, trabalhando-se depois quais as estratégias para evitar e superar as pressões de cada um.”
E “defendeu que os jovens devem reservar o exercício da sua sexualidade ao âmbito de um projecto de vida e que não devem desperdiçar a sua capacidade de amar com aquilo a que intitulou de “sucedâneos”, isto é, meras experiências com efeitos colaterais nefastos para o equilíbrio da sua personalidade, ainda em formação, referindo mesmo estudos que associam o início precoce da vida sexual ao insucesso escolar.
Por isso, criticou algumas sessões com jovens onde se defende a inocuidade do início da vida sexual precoce desde que se usem os métodos contracetivos. Por um lado, porque a pílula e o preservativo não garantem uma protecção a 100%, sobretudo quando usado por jovens inexperientes e, por outro, porque estes métodos contracetivos não protegem a dimensão emocional e racional da sexualidade.
De acordo com a sua experiência em sessões com jovens, resulta evidente para a Dr.ª Sofia Mendonça que muitos deles não têm qualquer noção da responsabilidade e das consequências da relação sexual, em termos de D.S.T. e gravidez indesejada. Além disso, o início da vida sexual, para um número significativo de adolescentes representa o agravamento de um estado de instabilidade e insegurança emocional – já de per si naturalmente instável – no âmbito de namoros pouco consolidados, se não mesmo de aventuras meramente esporádicas.
Para esta especialista, o adolescente precisa sempre de orientação ainda que nunca o admita, mas, muitas vezes, os pais e os professores falham na forma e na linguagem usada para os educar, ao tentar incutir “deveres” e “obrigações” externas, causando um efeito precisamente contrário ao desejado. Como diz a filósofa Jutta Burggraf, o segredo está naquilo a que, em psicologia, se denomina “a intenção roubada”, ou o Papa João Paulo II, na sua encíclica “O esplendor da verdade” chama de “heteronomia participada”, isto é, ajudá-los a que eles próprios reconheçam a sua vulnerabilidade e consigam ter a autonomia e a força de vontade suficientes para serem os autores do seu próprio destino, sem cedências a pressões dos grupos, dos media ou da internet.
Verifica-se que, por vezes, os jovens dão mais ouvidos a quem vem de fora do que aos seus professores habituais e nisso consiste também uma parte da eficácia que este programa tem vindo a manifestar nas várias escolas onde tem vindo a ser implementada.”
Que o Senhor nos proteja e ajude a proteger!
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