Esta é a
Sexta-Feira Santa ou a Sexta-Feira Maior… porque, Senhor, é a celebração do
aniversário da Tua última sexta-feira de vida terrena, daquele dia terrível em
que, depois de um Teu discípulo, amado como qualquer dos outros, com um beijo
Te traiu entregando-Te àqueles que Te queriam destruir!
Talvez,
Senhor, ele pensasse que fugirias como de tantas outras vezes… e assim
aumentasse a Tua fama terrena, mas não!
Porque os
Teus quereres, a Tua glória, os Teus momentos, Senhor, não são como os nossos!
O Teu Amor
também não é como o nosso, Senhor, é puro e verdadeiro!
O Teu
Coração é como uma enorme casa onde cada componente da Humanidade tem o seu
cantinho!
Rasgado
pela lança do soldado o Teu coração está permanentemente aberto e pronto para
acolher, seja quem for!
Pena que
tantas pessoas não consigam compreender esta verdade e continuem, pelos seus
comportamentos, tão desviadas de Ti!
Que se
acabem os medos de todos os homens e mulheres, idosos ou crianças, porque Tu,
Senhor, és o refúgio de todos, indefinidamente!
Tu,
Senhor, és uma fonte inesgotável onde sempre poderemos beber
toda a
coragem para as intempéries da vida:
- a
sabedoria de escolher o caminho que leva a Ti;
- a
humildade de vermos no companheiro ou companheira do lado o Teu rosto alegre ou
sofredor;
- a
solidariedade de repartirmos com quem necessita os nossos haveres materiais ou
um carinho de uma palavra de conforto força e consolação…
E tudo
isto… e muito mais… deverá ser uma pequenina participação assumida de um pouco
do Teu verdadeiro Amor, daquele amor que não tem peso nem medida, que ama a
todos por igual, que não escolhe ricos nem pobres, brancos nem pretos, homens
ou mulheres, os que governam ou os que são governados, os que sofrem ou os que
fazem sofrer, os bonitos ou feios, os cristãos ou os muçulmanos, os budistas ou
outra crença qualquer, porque, Tu, Senhor, só sabes amar, só consegues amar, és
o Criador e Redentor de todos, o Pai e irmão de todos e a todos queres ver
felizes e realizados!
Ah,
Senhor! Perante a minha ignorância e insensatez, fraqueza e debilidade, faltas
de coerência e desejos de compreensão e aceitação… quanta dificuldade tenho em
entender a nobreza dos Teus comportamentos, a fortaleza das Tuas atitudes e as
Tuas corretas decisões!
Esta
noite, Senhor, tive perante mim as doçuras da Tua bondade que se fizeram Pão de
Vida para mim e todos os homens e mulheres, mas também as torturas por Ti
sofridas até ao momento da Tua entrega final consumada no Alto do Calvário
entre dois ladrões!
Hoje,
Senhor, quero olhar a Tua Cruz que é força de todas as cruzes!
Hoje quero
olhar-Te, solitário e com aquele Simão de Cirene que à última hora foi
convidado a ajudar-Te a transportar a Cruz perante as ignomínias da multidão e
as fraquezas e fugas dos Teus amigos!
Hoje quero
pensar nas vezes que caíste vergado ao peso da Cruz, mas sem nunca desistir, na
ânsia desmesurada de cumprir a vontade do Pai que é também a Tua própria
vontade, pois És Deus tal como o Pai e o Espírito Santo!
Hoje quero
pensar nas minhas fugas às verdades da cruz e nos meus queixumes quando a minha
pequena e frágil cruz se torna um pouco mais pesada!
Hoje quero
pensar nas vezes inumeráveis que me esquivo a ajudar a levar a cruz dos irmãos
que comigo se cruzam nos caminhos da vida e necessitam de mim para
encontrar-Te!
Hoje,
Senhor, que eu veja mais claramente a minha pequenez e o quanto necessito da
força da oração e do estudo e reflexão para me darem a coragem de seguir os
Teus passos e de ser junto dos meus irmãos um pequenino reflexo da Tua terna e
doce luz… para ir caminhando, bem devagarinho, com a minha pequenina cruz às
costas… mas sempre e sem desfalecer!
Ajuda-me(nos)
Senhor!
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