segunda-feira, 18 de março de 2013
O PAPA FRANCISCO E A COMUNICAÇÃO SOCIAL
O Papa Francisco fez de mim uma pessoa quase que frustrada!
Habituada a extrair o mais importante dos discursos para
minha meditação pessoal e para partilhar a minha meditação com os amigos e
amigas… o que com toda a certeza vou continuar a fazer… no referente ao que
proclama o Papa Francisco… não há vírgula que se mude nem palavra que se
coloque ou retire! Que Deus seja louvado!
Dada a suma importância das palavras que dirigiu à
Comunicação Social no passado sábado, dia 16, às 11 horas da manhã na sala
Paulo VI, que merecem a maior divulgação possível para poderem ser conhecidas e
mastigadas de modo a alimentarem-nos os procedimentos de cada momento da vida,
decidi transcrever o discurso na íntegra, retirado da Zenit!
“Queridos amigos,
É para mim uma
alegria poder, no início do meu ministério na Sé de Pedro, encontrar-vos, a vós
que estivestes empenhados aqui em Roma num período tão intenso como este que
teve início com o inesperado anúncio do meu venerado Predecessor Bento XVI, no
dia 11 de Fevereiro passado. Saúdo cordialmente a cada um de vós.
Ao longo dos
últimos tempos, não tem cessado de crescer o papel dos mass media, a ponto de se
tornarem indispensáveis para narrar ao mundo os acontecimentos da história
contemporânea. Por isso, vos dirijo um agradecimento especial a todos pelo
vosso qualificado serviço – trabalhastes… e muito! – nos dias passados, quando
os olhos do mundo católico e não só se voltaram para a Cidade Eterna,
nomeadamente para este território que tem como «centro de gravidade» o túmulo
de São Pedro. Nestas semanas, tivestes ocasião de falar da Santa Sé, da Igreja,
dos seus ritos e tradições, da sua fé e, de modo particular, do papel do Papa e
do seu ministério.
Um agradecimento
particularmente sentido dirijo a quantos souberam olhar e apresentar estes
acontecimentos da história da Igreja, tendo em conta a perspectiva mais justa
em que devem ser lidos: a perspectiva da fé. Quase sempre os acontecimentos da
história reclamam uma leitura complexa, podendo eventualmente incluir também a
dimensão da fé. Certamente os acontecimentos eclesiais não são mais complicados
do que os da política ou da economia; mas possuem uma característica
fundamental própria: seguem uma lógica que não obedece primariamente a categorias
por assim dizer mundanas e, por isso mesmo, não é fácil interpretá-los e
comunicá-los a um público amplo e variado. Realmente a Igreja, apesar de ser
indubitavelmente uma instituição também humana e histórica, com tudo o que isso
implica, não é de natureza política, mas essencialmente espiritual: é o Povo de
Deus, o Povo santo de Deus, que caminha rumo ao encontro com Jesus Cristo.
Somente colocando-se nesta perspectiva é que se pode justificar plenamente
aquilo que a Igreja Católica realiza.
Cristo é o Pastor
da Igreja, mas a sua presença na história passa através da liberdade dos
homens: um deles é escolhido para servir como seu Vigário, Sucessor do Apóstolo
Pedro, mas Cristo é o centro. Não o Sucessor de Pedro, mas Cristo. Cristo é o
centro. Cristo é o ponto fundamental de referimento, o coração da Igreja. Sem
Ele, Pedro e a Igreja não existiriam, nem teriam razão de ser. Como
repetidamente disse Bento XVI, Cristo está presente e guia a sua Igreja. O
protagonista de tudo o que aconteceu foi, em última análise, o Espírito Santo.
Ele inspirou a decisão tomada por Bento XVI para bem da Igreja; Ele dirigiu na
oração e na eleição os Cardeais.
É importante,
queridos amigos, ter em devida conta este horizonte interpretativo, esta
hermenêutica, para identificar o coração dos acontecimentos destes dias.
Destas
considerações nasce, antes de mais nada, um renovado e sincero agradecimento
pelas canseiras destes dias particularmente árduos, mas também um convite para
procurardes conhecer cada vez mais a verdadeira natureza da Igreja e também o
seu caminho no mundo, com as suas virtudes e os seus pecados, e conhecer as
motivações espirituais que a norteiam e que são as mais verdadeiras para
entendê-la. Podeis estar certos de que a Igreja, por sua vez, presta grande
atenção ao vosso precioso trabalho; é que vós tendes a capacidade de
identificar e exprimir as expectativas e as exigências do nosso tempo, de
oferecer os elementos necessários para uma leitura da realidade. O vosso
trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas
outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a
beleza; e isto torna-nos particularmente vizinhos, já que
a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza
«em pessoa». Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a
comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a
bondade e a beleza.
Alguns não sabiam
por que o Bispo de Roma se quis chamar Francisco. Alguns pensaram em Francisco
Xavier, em Francisco de Sales, e também em Francisco de Assis. Deixai que vos
conte como se passaram as coisas. Na eleição, tinha ao meu lado o Cardeal Cláudio
Hummes, o arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da
Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo! Quando o caso
começava a tornar-se um pouco «perigoso», ele animava-me. E quando os votos
atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o Papa. Ele
abraçou-me, beijou-me e disse-me: «Não te esqueças dos pobres!» E aquela
palavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando
com os pobres, pensei em Francisco de Assis. Em seguida pensei nas guerras,
enquanto continuava o escrutínio até contar todos os votos. E Francisco é o
homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para
mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a
criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa,
pois não? [Francisco] é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem
pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres! Depois não
faltaram algumas brincadeiras... «Mas, tu deverias chamar-te Adriano, porque
Adriano VI foi o reformador; e é preciso reformar...». Outro disse-me: «Não! O
teu nome deveria ser Clemente». «Mas porquê?». «Clemente XV! Assim vingavas-te
de Clemente XIV que suprimiu a Companhia de Jesus!». São brincadeiras...
Amo-vos imensamente! Agradeço-vos por tudo o que fizestes. E, pensando no vosso
trabalho, faço votos de que possais trabalhar serena e frutuosamente, conhecer
cada vez melhor o Evangelho de Jesus Cristo e a realidade da Igreja. Confio-vos
à intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Estrela da Evangelização. Desejo
o melhor para vós e vossas famílias, para cada uma das vossas famílias. E de
coração a todos concedo a minha bênção. Obrigado.
Disse que de
coração vos daria a minha bênção. Uma vez que muitos de vós não pertencem à
Igreja Católica e outros não são crentes, de coração concedo esta bênção, em
silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um, mas sabendo
que cada um de vós é filho de Deus. Que Deus vos abençoe!”
Sim…
que o bom Deus nos abençoe!
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