terça-feira, 9 de outubro de 2018
A FELICIDADE QUE NÃO EXISTE!
A FELICIDADE QUE NÃO EXISTE... foi o
título de um texto que encontrei na net e já conseguiu dar-me voltas à cabeça!
E vai continuar a dar! Muitas... muitas voltas!
Nem sempre
nos dá para pensar nas coisas deste jeito. Mas é necessário!
Olhando bem
para mim mesma, nas modificações que consegui realizar no meu comportamento... evidentes
à minha volta... e como... perante situações inesperadas e que não se sabe
muito bem aonde nos vão levar... tento ser forte, mas me sinto desajeitada, confusa,
desconfortável, desanimada, desfeita por
dentro e por fora!
Não tenho
vontade de fazer nada, de sair do buraco onde me encontro metida, de rezar,
conversar, conviver...
E palavras
que tanto detesto... que tanto lutei para as não pronunciar, saem-me agora da
boca com uma facilidade tal que me arrepia.
Olho para
mim... e não me reconheço!
Desejo
felicidade a toda a gente, e sei de fonte segura que dar felicidade, ou tentar
dar felicidade nos faz felizes!
E dou comigo
a questionar o que é, de fato, isso de ‘felicidade’... que... bem vistas as
coisas, não passará mesmo de uma utopia!
Estar alegre
ou triste, sim! Existe! É uma sensação que se vai sentindo ao longo dos
segundos e muda muitas vezes mais rápido que o vento! É inacreditável! E inexplicável!
Mas... é assim!
A felicidade...
para ser felicidade... e verdadeira... não pode ter momentos, tem que nos
habitar, por dentro, porque é de dentro de cada pessoa que a felicidade sai...
ou se não sai felicidade de dentro de uma pessoa... é porque a felicidade não
existe lá dentro!
Os sorrisos...
as palavras doces, meigas, consoladoras, saem do coração... que muitas vezes,
de tão atribulado, não sabe mito bem o que dizer!
Chama-se
pelo Pai... que sabemos presente... mas raramente se pronuncia! O Filhos faz o
mesmo, a Mãe segura, mas verdades absolutas são do Pai que as não conta a
ninguém!
Então... cá
para mim... a ‘felicidade’ é saber-se amado pelo Pai, poder caminhar pela mão
do Filho, reconhecer a presença do Espírito Santo e confiar na Mãe Maria!
É saber que
o Pai é Misericordioso e bom, capaz de compreender os nossos deslizes ainda que
nós mesmos os não compreendamos nem aceitemos! É saber que o Filho é o Caminho
de Paz, Verdade e Vida, ainda que por momentos nos sintamos desviados desse
caminhar! É saber que o Espírito Santo é Amor, Luz, Sabedoria, Entendimento,
Conselho, Fortaleza, Ciência, Temor... receio de magoar Deus!
Por hoje,
por aqui me fico!
E com
desejos de muito boa noite deixo, carinhosamente, o maravilhoso texto que
começou a chamar-me à atenção para muitas coisas que eu precisava... e sei que
posso vir tirar daqui!
Que por
tantas ajudas maravilhosas que nos vão chegando... Deus seja louvado!
HN
CRÓNICAS 29 setembro 2018 •
Tempo de Leitura: 4 min
Por irónico que possa parecer, a ideologia da felicidade — que
hoje contamina todos os planos da vida e da sua representação — tem disseminado
de modo maciço a frustração, a tristeza e a infelicidade. Tornamo-nos mais
infelizes a partir do momento em que erguemos a felicidade como idealização que
absorve o nosso imaginário e ainda não percebemos até que ponto esse conceito
abstrato se tornou uma armadilha que nos aprisiona no seu inverso. Numa
sociedade que faz da apologia da felicidade a todo o custo o seu credo, todos
nos sentimos culpados ou defraudados, incapazes de perceber que estado seja
esse e como realmente se obtém. Basta olhar para as definições de felicidade:
as únicas com sentido são as que escapam sabiamente a todo o esquematismo. Como
aquela onde se pergunta: “Como explicarias a felicidade a um miúdo?” E se ouve
como resposta: “Eu jamais explicaria. Passava-lhe, antes, uma bola para os
pés.” Em vez de felicidade deveríamos falar mais de alegria. A alegria tem
raízes no quotidiano; mesmo quando nos surpreende, emerge de um itinerário
existencial que podemos reconstruir; sabemos o que seja e como se alcança.
Deveríamos falar mais de leveza, essa qualidade dos que permitem à vida manter
um élan, uma espécie de transparência e gratidão, ligados não ao que a vida foi
ou ao que poderia ter sido, mas ao indizível milagre que ela, a cada instante,
é. Deveríamos falar de simplicidade, essa capacidade de partir continuamente do
essencial, fazendo disso uma escolha, uma prática e um estilo. E falar daquelas
pequenas esperanças, disso que recebemos e damos estabelecendo desse modo o
movimento circular da vida, e que depois se torna o guia e o espelho das nossas
aspirações maiores. Falar de coisas finalmente concretas, ao alcance da mão,
coisas talvez triviais, mas que vêm sem mais brincar aos nossos pés. O que nos
faz felizes tem de ser uma experiência infinitamente mais humilde do que o
standard fantasioso requerido pela ideologia da felicidade.
Hoje ouve-se muitos pais dizerem acerca dos filhos e do seu
futuro: “Não quero influenciar o rumo que o meu filho vai seguir; a escolha
está completamente nas suas mãos; desejo apenas que ele seja feliz.” E ao dizer
isto, os pais não se dão conta do problema que estão a criar para os filhos. O
amor, na verdade, não é desejar que alguém seja feliz, e ainda menos que seja
apenas feliz. Como ensina Santo Agostinho, o amor é antes um volo ut sis,
“quero que tu sejas”. Mais do que os estados que se atravessa e do que as
estações que experimentamos está o que somos. A arte de ser deve prevalecer
para lá das horas solares ou noturnas, dos processos de florescimento ou de
impasse, da dança descendente da penumbra ou do desenho aéreo do júbilo. Não
podemos desejar que alguém seja apenas feliz. Isso equivale a coartar a vida e
a fantasiá-la perigosamente. Cabe-nos estimular os que amamos à corajosa
aceitação da vida, no que ela tem de plenitude, mas também de vazio e até de deceção.
Pois a quanta sabedoria só acedemos por essa ponte de corda que nos aparece
suspensa sobre o abismo e pela qual caminhamos de olhos vendados e trémulos.
Lembro-me muitas vezes de uma passagem de um poema de Giuseppe Ungaretti que
diz: “Jamais, jamais sabereis quanto me ilumina/ a sombra que vem, tímida,
colocar-se a meu lado/ quando desisto de esperar.” Nem sempre a sombra é o
contrário da luz, como a árdua fadiga de viver não é o contrário da felicidade.
São etapas do mesmo rio que corre. Há lágrimas que nos consolam tanto ou mais
do que muitos sorrisos. E há dores que nos introduzem numa experiência de
gestação e de comunhão, que não julgaríamos possível.
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